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Marcha das Mulheres Negras no Poder toma as ruas do centro de Salvador

Centenas de mulheres caminharam da Praça da Piedade ao Terreiro de Jesus

  • D
  • Da Redação

Publicado em 25 de julho de 2022 às 20:32

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Foto: Marina Silva/ CORREIO

Por todas que chegaram antes e derrubaram os muros que as excluíam da sociedade no passado, em 2022, as mulheres negras seguem marchando para quebrar as paredes que ainda restam. Nesta segunda-feira, 25 de julho, data em que se comemora o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, centenas de soteropolitanas caminharam da Praça da Piedade ao Terreiro de Jesus, em Salvador, durante a Marcha das Mulheres Negras no Poder, construindo o Bem Viver, como parte da programação do Julho das Pretas, criado pelo Instituto da Mulher Negra - Odara. 

As mulheres que estavam na caminhada traziam em seus cartazes e manifestações a lembrança do movimento responsável por instituir a data que completa 30 anos: o primeiro encontro de mulheres negras da América Latina e do Caribe que denunciou o machismo e o racismo enfrentado por mulheres negras nas Américas. Já no Brasil, além do dia da mulher negra, também é o Dia Nacional de Tereza de Benguela que, assim como a data estabelecida em 1992, também destaca o papel da mulher negra na luta contra a opressão. 

É em celebração a ela e a tantas outras líderes da luta contra o racismo que a multiartista Luz Marques, 36, se junta à marcha todos os anos. “Quando a gente está aqui, não somos apenas nós que estamos, são todas as Claudias, Marias, Marieles, minha avó, minha bisavó e todas que não tiveram direito a se erguer enquanto mulher, a levantar sua voz, ter autonomia e falar sobre a sua identidade. Estamos aqui para lembrar que a nossa vida é importante, porque nós somos desumanizadas e esse processo de reumanização ainda está acontecendo, a sociedade ainda está trabalhando para nos ver como humanos”, destacou.  Luz Marques recita poema durante concentração da Marcha das Mulheres Negras no Poder, construindo Bem Viver (Foto: Marina Silva/ CORREIO) A preparação para a saída da marcha foi marcada por manifestações poéticas, musicais e discursos de força e resistência. Para a coordenadora executiva do Odara, Naiara Leite, as manifestações completam o momento de importância pelos 30 anos da data e pelos 10 anos de marcha. “Esse também é um ano em que as mulheres negras estão cada vez mais na rua para denunciar a forma como o racismo e o patriarcado têm prejudicado, interferido e demarcado suas experiências”, aponta a coordenadora.

Ainda de acordo com Naira, o tema deste ano - Construindo o Bem Viver - reflete o desejo de poder seguir uma realidade menos pautada nessas opressões. Foi com esse brado que as mulheres seguiram marchando para o Terreiro de Jesus. Já o que não era dito, elas traziam em seus cartazes com frases como “pela vida das mulheres negras”, “deixem o meu filho voltar para casa” e “disque 190 e denuncie a violência contra mulher”. 

A líder da Rede de Mulheres Quilombolas da Bahia (MQB), Lindinalva de Paula, 60, segurava um deles com orgulho. “Essa data para a gente não se configura apenas como celebração, é também um dia de luta, para a gente reverberar para a população todas as mazelas que atravessam os corpos das mulheres negras. Somos nós que acumulamos os maiores indicadores sociais provocados pelo racismo e pela violência doméstica, por isso vamos seguir reivindicando", deu o recado.

A prova dessa vontade veio ali mesmo, durante a marcha, quando todas as mulheres continuaram seguindo juntas debaixo de uma forte chuva, que as acompanhou até o final do percurso. Mas, diante de lutas maiores, como o racismo, um corpo encharcado se tornava insignificante, como disse a poeta Maíra Silva, 27.

“É a importância desse ato que nos move, não só hoje, mas em todos os anos, como eu digo na minha poesia, que são janeiros, marços e fevereiros de luta e resistência não só nas ruas, mas com a arte preta vinda de periferia. Nem a chuva nos para, porque sempre estamos na resistência. Eu trago essa força das mulheres da minha família, mas também é preciso entender que há muita sensibilidade em nós mulheres pretas”. 

Com essa força carregada de sensibilidade, ela e as outras mulheres que marchavam chegaram ao Terreiro de Jesus, no Pelourinho, e foram recebidas pela apresentação da cantora Josi Climaco, no Festival das Pretas, dando seguimento a programação do Julho das Pretas que vai até o dia 30 deste mês.

Programação Julho das Pretas (gratuito)

26 de julho

Ciclo negro de cultura, sociedade e política Horário: Integral Local: Ceep em Gestão Severino Vieira, Av. Joana Angélica, 253-263 -  Nazaré, Salvador - BA Mais informações: @cesvoficial2018

Roda de conversa: Meninas negras debatendo racismo religioso nos espaços educacionais Horário: Manhã Local: Colégio da Polícia Militar - Unidade l - Dendezeiros  Mais informações: @Ayomide_odara

O Edvaldo Brandão entra na Roda do Julho das Pretas ano II: Recital Poético Escrevivências Afrobaianas Horário: 10h e 15h Local: Colégio Estadual Edvaldo Brandão Correia, Quadra 3, Caminho  1, Rua Bela Vista Mais informações: @escrevivenciasafrobaianas

Casa da Mulher Negra da Bahia - Um ano de atividades Horário: 14h às 20h Local: Casa da Mulher Negra da Bahia, Rua do Bispo, 30, Pelourinho,  Salvador - BA Mais informações:  @rededemulheresnegras

Mulheres Negras Ecoando: Encontro Mestras da Sociedade Horário: 14h30 Local: Sede da SPD – Largo do Cruzeiro do São Francisco, 017,  Pelourinho

Oficina de Dança Afro: Conhecimento da nossa ancestralidade, através da nossa herança cultural valorizando nossa história Horário: 17h às 18h Local: Espaço Transformação - Rua João do Vinho 178, Santa Cruz  Mais informações: @mulhereskizomba

Confira a programação completa em @julhodaspretas

*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo