Medicina em tempos de pandemia

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  • Da Redação

Publicado em 18 de outubro de 2021 às 09:39

- Atualizado há um ano

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A pandemia do SARS-CoV-2 eviscerou a dura realidade do trabalho médico no Brasil. Na Bahia, e em muitos lugares do país, as condições precárias e inseguras a que muitos profissionais de saúde foram submetidos trouxe à tona o quanto desafiador é trabalhar como médico nestas plagas. Os médicos cumpriram desabridamente o seu trabalho de lutar contra a doença, de trazer a saúde de volta aos que padecem e se expuseram a uma nova doença com tanta coisa ainda por saber.

Ficou patente que faltou disposição, planejamento, coragem e competência a tantos que em cargos públicos demoraram a se dar conta da gravidade do problema e de que era fundamental e necessário cuidar também do cuidador. Os médicos foram à luta e esta lhes ceifou a própria vida. Vidas que se extinguiram na meritória batalha para resgatar outras, muitas vezes de pessoas desconhecidas. Solidários aos pacientes, no conhecimento instantâneo que se tornava íntimo numa enfermaria ou no leito de uma UTI, os médicos brasileiros souberam exercer a medicina e o fizeram de modo digno, altaneiro e compassivo.

Nesta hora, celebramos as vidas dos médicos baianos que têm atuado na linha de frente do combate à pandemia e aqueloutros que, acometidos pela doença, não sobreviveram. As suas vidas não foram sacrificadas em vão e o seu trabalho e a sua dedicação dizem alto e bom som que suas memórias honradas têm o nosso respeito e reconhecimento, porque exerceram a medicina com honra, cumpriram suas tarefas além e acima do dever e, nesta missão, perderam a vida, mas ganharam a eternidade e um lugar cativo nos nossos corações.

Por conta da névoa das incertezas e o acirramento de paixões políticas distantes do verdadeiro sentido das nossas vidas e da nossa profissão, têm nos feito perder a chance de fazer coro pela rápida vacinação da população – a maneira mais óbvia de sairmos desta pandemia voltando à vida normal e recuperando as nossas relações e a socialização características da nossa humanidade. Também estamos perdendo tempo precioso deixando de buscar modelos apropriados para gerenciar os danos ainda presentes e os que, nem bem sabemos quantos, ainda teremos como consequências desta doença terrível.

A medicina mantém sua trajetória ética, desde os tempos hipocráticos, no cuidado dos doentes, evoluindo através dos séculos com o pensamento lógico e científico na interpretação dos sintomas e na busca incessante da cura das doenças sem se deixar frustrar por uma aparente derrota, mas transmutando-se na figura do médico que, agindo compassivamente, assiste o seu paciente permitindo-lhe suportar e vencer a dor, manter a sua dignidade e garantir-lhe e aos seus familiares a certeza do cuidado. Não serão os arautos da insensatez que irão tirá-la deste desiderato.

FELIZ DIA DOS MÉDICOS! 

Otávio Marambaia é conselheiro e presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb)