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Carolina Cerqueira
Publicado em 5 de maio de 2021 às 05:30
- Atualizado há 2 anos
Na fila da vacinação contra a covid-19, todo mundo quer um lugar. Agora, são os médicos veterinários que pedem a vez. Em Salvador, são cerca de dois mil profissionais em atividade e, na Bahia, 5.175, de acordo com o Conselho Regional de Medicina Veterinária do estado (CRMV). Eles já estão incluídos no Plano Nacional de Vacinação (PNI), mas ainda não foram autorizados a serem imunizados no estado. Para chamar a atenção em prol da causa, um grupo de mobilizadores está realizando diversas ações em Salvador, inclusive solidárias. Nos próximos dias, uma comissão estará à frente da doação de mil litros de leite que foram disponibilizados pela empresa Betânia Lácteos. “Entendemos que é nosso dever apoiar aos médicos veterinários de Salvador, profissionais essenciais que escolheram o caminho da solidariedade para mobilizar a causa, ajudando as pessoas que mais precisam neste momento de instabilidade que o mundo está enfrentando”, diz Bruno Girão, CEO da Betânia Lácteos. Os alimentos serão destinados ao Hospital GAACC - Bahia (Grupo de Apoio à Criança com Câncer), que promove tratamento para crianças com câncer, e a Cidade da Luz, unidades de assistência social baianas que visam o resgate da cidadania no que se refere ao direito à saúde e ao bem-estar social. De acordo com o médico veterinário, diretor do Grupo Animais Distribuidora e membro da comissão mobilizadora, Maurício Nogueira, a sociedade desconhece a amplitude da classe. “As pessoas entendem que cuidamos apenas de animais, o que é uma visão ultrapassada. Vamos muito além. Somos profissionais de vanguarda, visando sempre o processo de construção da saúde coletiva, a prevenção de doenças, com uma atuação envolvendo três frentes: a saúde animal, humana e ambiental. No caso do leite, por exemplo, somos nós os responsáveis pela inspeção desse alimento, antes de chegar à mesa das pessoas”, ressalta. Enquanto a vacinação contra a covid-19 não é liberada a todos os médicos veterinários na capital baiana, ofícios reiterados do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) estão sendo enviados ao Ministério da Saúde. “Na Bahia, a categoria está oficiando constantemente o CIB e individualmente os seus membros, além dos secretários do Estado e do município. Inclusive, foi dessa forma que, recentemente, o município de Itaberaba já vacinou 100% dos veterinários”, conclui Maurício Nogueira. Após reunião realizada no Ministério da Saúde, na última semana, o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) encaminhou ofício ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, tratando sobre a questão. Apesar da inclusão dos médicos veterinários, seus respectivos técnicos e auxiliares entre os profissionais de saúde, não estariam contemplados aqueles que atuam nos estabelecimentos de saúde animal.>
Algumas secretarias de saúde têm se amparado nisto para negar aos médicos veterinários de alguns segmentos a aplicação da vacina contra a covid-19. “Isso sobrepõe o disposto no Plano Nacional de Imunização, que não distingue os profissionais da Medicina Veterinária pela área de atuação”, destaca a vice-presidente do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), Ana Elisa Almeida.>
O que diz a Sesab Procurada pelo CORREIO, a Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) afirmou que os médicos veterinários que atuam no serviço de saúde humana já estão sendo vacinados e que, conforme o Ministério da Saúde disponibilize mais doses da vacina, os profissionais que atuam em defesa animal também serão contemplados.>
“Diante da escassez de vacinas, é preciso tomar decisões. O Ministério da Saúde colocou todos os trabalhadores de saúde em um único grupo sem, no entanto, haver vacinas suficientes para todos. A antecipação ou alterações no calendário de vacinação são discutidas e pactuadas entre as prefeituras dos municípios baianos e o Estado, em deliberação da Comissão Intergestores Bipartite (CIB), de acordo com critérios regionais, como dados epidemiológicos e técnicos. Com a categoria de Médicos Veterinários, a vacinação foi iniciada com os profissionais que estão atuando no serviço de saúde e seguirá avançando para aqueles que atuam em defesa animal à medida que o Ministério da Saúde disponibilize as doses para tal. Deve-se lembrar que os grupos prioritários até 60 anos, pessoas com comorbidades, comunidades quilombolas, entre outros que apresentam risco maior de adoecer e evoluir para casos graves e óbitos, ainda estão sendo vacinados”, informa a nota.>
A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) também diz que o Plano Nacional de Imunização contempla os médicos veterinários na ativa que atuam em serviços de saúde humana e que esta categoria já foi vacinada em Salvador.>
O CORREIO procurou o Sindicato dos Médicos Veterinários da Bahia (Sindimev-Ba) para comentar o assunto, mas não obteve sucesso. Ato pede vacinação para trabalhadores de supermercados Outra categoria que está querendo entrar na fila da vacina é a de funcionários dos supermercados de Salvador. Nessa terça (4), às 14h, o Sindicato dos Trabalhadores em Supermercados de Salvador (SintraSuper) foi à Câmara Municipal para entregar uma carta aos vereadores de Salvador, solicitando apoio para que a categoria seja prioridade na vacinação contra a covid-19. Segundo a presidenta do SintraSuper, Rosa de Souza, o setor permaneceu aberto durante toda a pandemia, com os trabalhadores expostos, tanto no transporte público quanto nas lojas. Muitos foram afastados do trabalho por terem sido infectados. "No início, atuamos juntos aos supermercados para proteger a categoria. Garantimos máscaras, álcool em gel, acrílico nos caixas e outras medidas. Com o início da vacinação, realizamos a campanha 'Essencial é vacinar, trabalhadores de supermercados são prioridade' e encaminhamos ofício à Prefeitura para que os trabalhadores e as trabalhadoras do setor fossem incluídos nos grupos prioritários", pontua. De acordo com a dirigente, a categoria contribuiu para ajudar a economia de Salvador nesse momento difícil. "Garantimos as lojas abertas, junto com setores considerados essenciais. Estamos expostos à possibilidade de contágio, pois o setor segue com bom fluxo de pessoas nas lojas, e os funcionários seguem atendendo, de perto, muitos clientes, além de manusearem dinheiro e cartões", destaca. O CORREIO procurou a SMS para comentar o assunto e aguarda um posicionamento. >