Mestres brasileiros da gravura

O Brasil se destacou na produção de gravuras nos anos 60 e 70, com vários artistas premiados

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  • Cesar Romero

Publicado em 1 de outubro de 2017 às 16:55

- Atualizado há um ano

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A gravura de forma tradicional se inicia sobre uma matriz de madeira, metal ou pedra. A gravura tem três estágios na confecção, cria-se sobre a matriz com instrumentos e técnicas caracterizantes, depois se entinta a matriz e, posteriormente, vem a impressão, numa prensa ou de forma manual. Gravuras são originais múltiplos, as imagens saídas de uma matriz única podem ser reproduzidas em varias impressões, quantas o artista queira, e cada reprodução numerada é uma obra de arte. A grande vantagem da gravura é ser um múltiplo que tem preço bem acessível, podendo ser consumida por muitos apreciadores ou colecionadores. O material da matriz artesanal pode variar muito e classifica o tipo de gravura. Gravura de Iswaldo Goeldi (1895-1961), um dos nome de destaques da gravura no Brasil (Foto:divulgação)  A gravação da imagem é um processo de incisão, podendo ser em horizonte quando o sulco recebe a tinta que aparece como positivo no produto final e ainda em relevo quando a superfície em alto relevo recebe a tinta, e o sulco aparece em negativo, sem a presença da tinta. A transferência da imagem para um tipo de suporte como papel ou tecido é de cuidadoso fazer, que qualifica ou não a artesania do artista.

O Brasil foi um dos países que mais se destacaram em gravura nos anos 60 e 70 e teve representantes premiados em certames internacionais de grande prestígio. Eram essencialmente gravadores Oswaldo Goeldi (1895– 1961), nosso maior gravador (foto), Lívio Abramo (1903-1992), Marcelo Grassmann (1925- 2013), Evandro Carlos Jardim , Carlos Oswald (1882-1971), Lasar Segal (1891-1957). Destacaram-se no Brasil instituições especializadas na técnica: Clube de Gravura de Porto Alegre, dirigido por Carlos Scliar (1920–2001) e se exercitava com temáticas sociais e políticas. Ainda o Ateliê Coletivo, criado e dirigido por Aberlado da Hora (1924-2014) em Recife, que produzia, sobretudo, xilogravuras, inspiradas na cultura popular nordestina.

Em termos históricos, a gravura era executada com objetivos documentais, comerciais e artísticos. Documentais, se prestava a registrar a realidade, um papel desempenhado hoje pela fotografia.

Comerciais usadas para rótulos, impressões para propagandas. Artísticos quando o indivíduo buscava resultados estéticos. A origem da gravura surge com as origens da impressão. A primeira xilogravura com datação é de 1.423, uma imagem de São Cristóvão guardada com grande cuidado em Manchester, Inglaterra.

A gravura não só consolidou um enorme mercado no século XV, divulgando imagens religiosas, cartas de baralhos, selos, rótulo de produtos, jornais e livros, como até hoje nos surpreende com a alta qualidade de artistas gravadores.