Meu 2 de Julho memorável

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  • Victor Fonseca

Publicado em 30 de junho de 2020 às 13:00

- Atualizado há um ano

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O ano era 2007. Eu e mais alguns amigos havíamos criado um grupo na extinta rede social Orkut, cujo nome era Consciência Tricolor (2006). Fazíamos encontros quinzenais e discutíamos sobre a situação do nosso time, o Esporte Clube Bahia, que estava há anos em péssima situação e, naquele momento, estava no porão do futebol brasileiro, que era a terceira divisão.

Nesses encontros, tínhamos várias ideias de como o torcedor deveria ser o dono do clube, tendo como seus sócios os verdadeiros mandatários da instituição, e não aqueles que se apossaram e passaram mais de 30 anos escolhendo quem deveria sair e quem deveria ficar.

Foi numa dessas reuniões que decidimos ir ao desfile do 2 de Julho para que pudéssemos ser vistos pelos políticos que desfilavam no evento. Criamos então a passeata INDEPENDÊNCIA DO BAHIA. A ideia era criar uma metáfora com a libertação do clube dos déspotas assim como fora feito com o nosso estado quando da libertação da coroa portuguesa.

Não éramos muitos. Éramos cerca de 20 jovens de 14 a 28 anos, mas com muita vontade de colocar nossas ideias em prática. Fomos então à Lapinha com cartazes pretos e escritas em laranja. Palavras de ordem como: “Independência do Bahia”; “Fora corja”; “Diretas já”, entre outras que faltam à memória, foram algumas das ideias que já se ventilava nos anos de 2007.

Foi uma passeata emocionante. Apitaço! Panelas! Enfim, tudo que pudesse fazer barulho. Tivemos apoio da maior parte da torcida tricolor por onde passávamos. No entanto, rolaram alguns apupos também, afinal, estávamos no reduto eleitoral de muitos cardeais que na época imperavam no tricolor.

No fim das contas, terminamos aquele dia em um bar do Barbalho, tomando uma cerveja gelada e comendo um feijão, quando recebi uma ligação de um repórter de um jornal de Salvador que queria me entrevistar sobre aquele movimento e sobre o que queríamos com a passeata. Houve matérias sobre aquele dia, e conseguimos até alguma visibilidade.

O interessante é que esse movimento, embora pequeno e sem um plano concreto, ajudou a difundir um anseio que veio a se concretizar 6 anos mais tarde quando da intervenção no Bahia e da total reforma do Estatuto. Sentimos, então, que todos aqueles encontros e sobretudo aquele 2 de julho de 2007 de gritos, passeatas e muito sentimento de revolução do grupo Consciência Tricolor valeram e muito a pena.

P.S.: Do grupo Consciência Tricolor saíram algumas pessoas que de fato passaram a trabalhar com o futebol como o comentarista Cascio Cardoso, o repórter Ulisses Gama, e até o atual Vice-presidente do Esporte Clube Bahia, Vitor Ferraz. Todos eles faziam parte à época daquela pequena galera jovem que só queria que o maior clube do Nordeste pudesse ser comandado pela sua imensa e briosa torcida.

*Victtor Fonseca, 36 anos, é músico, advogado, e torcedor do Bahia desde 1993