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Aninha Franco
Publicado em 8 de agosto de 2020 às 05:30
- Atualizado há 2 anos
Os Humanos nascem nus, carecas, chorando. E precisam ser Humanizados por Humanos que já estão no Planeta há mais tempo e sabem das coisas. Alguns têm sorte, como eu, que fui humanizada pelo meu Pai. Com ele, aprendi a alimentar o Espírito e o Corpo. A Amar o Livro e a Gastronomia. E a combater a desigualdade que divide Humanos iguais em Fortes e Fracos.>
Se estivesse vivo, hoje, Aloysio José de Castro estaria com 124 anos e seria jovem e bem humorado. Amaria frequentar La Taperia, comigo, e perguntar ao Chef Jose Morchon - O que vamos comer hoje? Adoraria pirraçar o Chef Alessandro Narduzzi e depois comer, com prazer, qualquer coisa que ele fizesse. Vestiria as melhores roupas para jantar no Isola Dei Sapori de Marco e Sylvia, ou almoçar no Cremonini. Comeria, feliz, a Moqueca Sem Leite de Coco de Maria Flor, aprendiz de Manuel Querino, na República, com vermelho comprado em Neinho, Boca, Rasta e Courinho do Mercado do Peixe. Mas não rejeitaria a Moqueca com Leite de Coco de Tereza Paim. >
Tentaria entender o Tik Tok. Perguntaria se Felipe Neto é a Xuxa deste início de século. Lamentaria a saída de Jaime Sodré. E se recusaria a ouvir notícias sobre o coronavírus, o único vírus que consegue empatar em desumanidade com o vírus da corrupção, tanto no Líbano, onde administradores públicos guardam 2.750 toneladas de nitrato de amônio para explodir, matar e destruir. Quanto no Brasil, onde gestores corrompem tanto, tudo, que desviam até as verbas de combate ao vírus concorrente. >
Tentaria entender porque na lista dos livros mais lidos, no Brasil, hoje, estão A Revolução dos Bichos e 1984, de George Orwell, Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, e Fahrenheit 451, de Ray Bradubury, e leria de novo Eça de Queiroz, Alexandre Herculano e Castro Alves. Mas não se espantaria com as minhas recomendações contemporâneas.>
Se meu Pai estivesse comigo, amanhã, conversaríamos sobre lugares perfeitos como o Castelo de Banfi, em Montalcino, na Itália, como a Feira Guelaguetza, em Oaxaca, no México, como as Ramblas de Barcelona, na Espanha, como o Centro Histórico, na Baía. E quando eu lhe dissesse – Pai, o mundo está tão triste que até a Baía que tem os neurônios nos quadris entristeceu. Ele me responderia com aquele sorriso que saia do corpo inteiro – Minha filha, isso passa! Viver é sempre bom. >