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Flavia Azevedo
Publicado em 7 de junho de 2019 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
Trago boas notícias: a cena HQ tem cada vez mulheres. Estudando, roteirizado, desenhando, ensinando e consumindo. Inclusive na Bahia. (Foto: Divulgação) Sara Ribeiro (formada em Letras pela Universidade do Estado da Bahia) "Há três anos, me tornei professora de cursos criados por mim sobre histórias em quadrinhos (Quadrinistas em Ação e Quadrinhos em Rede) no Centro Juvenil de Ciência e Cultura, na cidade de Vitória da Conquista, para estudantes da rede Estadual de Educação. É muito gratificante eu passar do patamar de consumidora de HQS para produtora. Melhor ainda, passar esse conhecimento a dezenas de meninas que, assim como, eu adoram histórias em quadrinhos e desejam muito produzir sua própria HQ. (...) Tanto em escritoras de literatura tradicional quanto de outros gêneros como Histórias em Quadrinhos, é perceptível o trato que elas tem com a linguagem, como elas conseguem levar trama e suavidade para as narrativas. Por muito tempo me sentia pouco representada enquanto mulher nas HQs, sempre consumi quadrinhos produzidos por homens. As mulheres que mais sigo e leio, publicam de forma autoral, como é o caso das brasileiras. Com a internet fica mais fácil hoje ter acesso a esse material que tanto me representa, seja por conta das personagens, seja pela linguagem, pelos dilemas que elas vivem" (Foto: Divulgação) Laluña Gusmão (Graduada em História pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia escritora, editora, pesquisadora e especialista em Batman) "A cena dos quadrinhos para as mulheres é bem difícil, como na maioria dos cenários. De nós, é sempre mais cobrado um maior conhecimento sobre tudo que envolve o universo da nona arte. Parece que temos que provar o tempo todo que sabemos sim pesquisar, que sabemos sim desenhar, que sabemos sim escrever um bom roteiro... Contudo, alguns núcleos surgiram e surgem por conta desse tipo de situação, o Minas Nerds é um deles. É um "refúgio" para as mulheres que se interessam pela área, tanto para consumir nosso material, tanto para participar mais diretamente do que fazemos que é externar uma cultura pop com base teórica de mulheres para outras mulheres, mas também contamos com um público masculino cativo que aprecia nossa sobriedade em vários assuntos. É também pensando nessa carência de trabalhos que podem valorizar o que as mulheres fazem nos quadrinhos que eu e a pesquisadora Dani Marino estamos organizando o livro Mulheres & Quadrinhos que sairá pela Editora Script e conta com a participação de mais de 100 mulheres que são envolvidas de alguma forma com os gibis. O livro terá mais de 500 páginas e contará com roteiristas, quadrinistas, ilustradoras, editoras, letristas, pesquisadoras, revisoras... todas com algo em comum: as histórias em quadrinhos". (Foto: Divulgação) Leilane Sversuti (jornalista) "Quando conheci a possibilidade de aliar os quadrinhos com o jornalismo, que é o gênero JHQ (Jornalismo em Histórias em Quadrinhos) foi que, de fato, eu me encontrei dentro do jornalismo. (...) Existe um pouco de resistência por parte do público masculino, mas aos poucos estamos as driblando e mantendo o nosso espaço com muita garra e união. Existem muitas mulheres quadrinistas no Brasil reconhecidas e premiadas. Há um trabalho incrível feito pela página Mina de HQ que divulga justamente trabalhos feitos por mulheres e luta contra essa resistência, vale a pena conferir e conhecer os trabalhos incríveis de mulheres do mundo todo que não são divulgados. Tudo que é feito por mulheres têm um toque especial. No caso dos quadrinhos, utilizamos esse formato como meio de luta, de resistência e permanência, vai muito além do mero entretenimento. Afinal, se entreter é muito bom, mas se entreter e ao mesmo tempo se informar é melhor ainda, e as mulheres nos quadrinhos fazem isso com muita maestria!">
Outras quadrinistas Quer conhecer mais mulheres quadrinistas? Então, siga as dicas das entrevistadas:>
Pelo mundo: Babs Tarr (estaduni- dense), CLAMP (grupo de mangakás originário da região de Kansai, no Japão, formado atualmente por quatro mulheres: Ageha Ohkawa, Mokona, Tsubaki Nekoi e Satsuki Igarashi), Marjane Satrapi (primeira iraniana a escrever história em quadrinhos) e Sara Pichelli (italiana).>
No Brasil: Mary Cagnin, Rebeca Prado, Bianca Pi- nheiro, Manu Cu- nhas, Helô D'angelo e Lu Cafaggi >