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'O setor tem investido em diversas tecnologias e um novo momento começa a partir de agora', disse Flávio Penido, presidente do Ibram
Donaldson Gomes
Publicado em 9 de janeiro de 2020 às 04:27
- Atualizado há um ano
O Brasil tem 13 milhões de quilômetros quadrados de áreas para explorar e boa parte delas ainda tem o seu potencial geológico desconhecido. Para o presidente do Instituto Brasileiro da Mineração (Ibram), Flávio Penido, o desafio consiste em viabilizar o aproveitamento deste potencial de maneira sustentável. Ontem, ele apresentou para representantes da atividade uma carta compromisso que será lançada, estabelecendo parâmetros para o desenvolvimento da mineração no país.
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“Nós estamos trabalhando para que a mineração tenha uma boa reputação, a mineração está em um momento de aperfeiçoamento cada vez maior”, destacou. Entre as prioridades da atividade, lembrou, está o investimento em contínuas melhorias nas estruturas de segurança. “Nós buscamos a segurança operacional plena. O setor tem investido em diversas tecnologias e um novo momento começa a partir de agora”, disse.
Penido esteve em Salvador para participar do CBPM Convida, promovido pela Companhia Baiana de Pesquisa Mineral para debater o futuro da mineração no estado. Entre os projetos desenvolvidos pelo Ibram, ele apresentou a ideia da criação de uma bolsa para viabilizar investimentos em pesquisa geológica no país. “Estamos indo para o Canadá em março para tentar viabilizar parcerias que criem uma bolsa de investimento em pesquisa geológica no Brasil”.
“Precisamos investir nas pequenas empresas e fazer pesquisa mineral. Na Austrália e Canadá existem as bolsas de junior companys”, comparou. Segundo Penido, em março uma missão do Ibram deverá ir ao Canadá discutir um acordo com a bolsa de valores local.
Também presente ao evento, o diretor de relações institucionais do Ibram, Rinaldo Mancin, destacou a necessidade de ampliar a oferta de recursos para a etapa de pesquisas. “É notória a falta de recursos para a área de pesquisa mineral”, disse. Ele destacou a importância da criação de uma instituição, financiada pelo Ibram, para testar as reservas do Brasil. “Faz parte da estratégia acessar mercado financeiro. O Brasil não tem tradição de abertura de capitais. Tentamos com a Bovespa, não prosperou. Atualmente, a ideia mais promissora é uma aliança com Bolsa de Toronto”, destacou.
O presidente da CBPM, Antonio Carlos Tramm, defendeu a destinação da CFEM, os royalties da mineração, para financiar a pesquisa, juntamente com recursos das próprias mineradoras. “Não existe nenhum incentivo para pesquisa hoje”, disse. “Propomos a criação de um fundo. É forma de buscar recursos, senão ficaremos sempre sem recursos”, defendeu.
Tramm considera importante a presença do Ibram junto ao setor na Bahia. “É muito importante que o Ibram venha às bases para discutir a atividade. Isso é um fato novo, sair de Minas e de Brasília. É isso que vai fazer a diferença”, destacou Tramm.
A próxima edição do CBPM Convida ocorrerá no dia 05 de fevereiro, com apresentações do presidente da RHI Magnesita, Francisco Carrara, e o presidente da Fosnor, Ricardo Neves. A edição de ontem contou com a presença de representantes das principais empresas do setor na Bahia.
O presidente do Sindicato das Empresas de Mineração na Bahia (Sindimiba) e CEO da Largo Resources, Paulo Misk, comemorou o movimento de aproximação do Ibram e pediu um ambiente mais acolhedor para as pequenas e médias empresas de mineração. “Empresa de mineração grande é a minoria. A valorização de médias e pequenas é muito importante”, disse. Ele sugeriu a utilização de associações locais para promover a aproximação.
Presidente da Companhia Vale do Paramirim, o geólogo João Carlos Cavalcanti convidou os membros do Ibram a conhecer a província mineral na região Sudoeste do Estado, onde a empresa dele e a Bamin possuem reservas de minério de ferro. Para o desenvolvimento da mineração, ele sugeriu um trabalho de integração entre a iniciativa privada e o poder público, lembrando da importância de valorização dos prefeitos. “É muito importante agregar esforços do Ibram, governo federal, estadual e os municípios para melhorarmos a pesquisa mineral”, defendeu.
Em diversas intervenções, empresários do setor falaram sobre as dificuldades para o licenciamento no estado. Foram citados casos de processos que se arrastam há quase 10 anos, aguardando respostas de órgãos ambientais.