'Minha mãe não me deixou ir porque eu estava gripado', diz amigo de jovem morto em Jaguaribe

Juliana e Igor foram enterrados na tarde de hoje (6)

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  • Carolina Cerqueira

Publicado em 6 de janeiro de 2021 às 18:52

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

Um dia após o ataque a tiros na Praia de Jaguaribe, que deixou três mortos e dois feridos, foram enterrados nesta quarta-feira (6) Juliana Celina da Santana Silva Alcântara, de 20 anos, e de Igor Oliveira Lima Filho, de 16 anos. Ambos estavam na areia quando ocorreu o atentado que tinha como alvo a terceira vítima morta, o traficante Lucas Santos da Cruz, que tinha 27 anos.

Na despedida de Igor, às 14h, no Cemitério Jardim da Saudade, familiares estavam muito emocionados. Amigo do adolescente, Railton Pereira, também de 16 anos, contou que conheceu Igor em uma partida de futebol há cerca de cinco meses e que por pouco escapou do tiroteio.

“Antes do acidente a gente já tinha ido a Jaguaribe várias vezes juntos, mas nesse dia do atentado minha mãe não me deixou ir porque eu estava gripado”, disse.

O jovem disse ainda que ficou abalado com a notícia da morte do amigo, já que inicialmente amigos teriam dito que Igor tinha sobrevivido e estava bem. “Fiquei em choque, estou até agora sem acreditar”, completou.

O CORREIO esteve pela manhã no Capela H do Cemitério Jardim da Saudade, onde o corpo do adolescente era velado. Na sala, a mãe dele estava debruçada no encosto da cadeira, chorando bastante. Já do lado de fora, estava um grupo de cinco homens, entre eles o pai de Igor. Abalado, ele não quis falar com a reportagem

O enterro de Juliana foi às 16h30, no Cemitério Campo Santo. O cortejo também reuniu muitas pessoas, todas inconformadas com a morte brutal da jovem. A avó, muito emocionada, acompanhou o enterro da única neta com a ajuda de uma cadeira de rodas. Um homem e uma mulher, que seriam o pai e a mãe de Juliana, precisaram ser amparados por familiares e não quiseram dar entrevista. Foto: Carolina Cerqueira/CORREIO A prima da garota, Andreia Santana, 34, informou que Juliana era filha única e, no momento do atentado, estava na praia com a mãe e o primo, Caio, de 14 anos, que a considerava como irmã e também estava muito abalado durante o velório.

“Minha família por parte de pai frequenta essa praia há muito tempo. Ela era uma menina muito querida, foi um baque para todo mundo”, contou Andreia.

Relembre Segundo informações preliminares da investigação, reveladas pelo diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Lucas Bezerra, durante entrevista à TV Bahia nesta quarta-feira (6), dois homens em uma moto chegaram à praia por volta das 15h desta terça.

Eles localizaram Lucas sentado numa barraca ao lado de amigos e abriram fogo. Lucas, segundo a Polícia Civil, tinha envolvimento com o tráfico de drogas e era o alvo da ação criminosa.

Neste primeiro momento Lucas e dois amigos dele foram atingidos pelos disparos, que segundo as investigações foram efetuados por apenas um criminoso enquanto o outro ficava na retaguarda.

Como todos começaram a correr após os primeiros tiros, na perseguição o criminoso descarregou a arma na tentativa de executar Lucas. As balas perdidas atingiram Igor e Juliana.

A ação, ao todo, durou cerca de 60 segundos, e os suspeitos fugiram em uma moto. Nesta quarta, dois envolvidos foram presos.  

*Com orientação da subeditora Fernanda Varela