Ministério alerta para perigo da volta da poliomielite no Brasil; Bahia tem maior risco

As redes sociais têm sido um espaço de disseminação de falsas informações, criando movimentos antivacinais

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  • Da Redação

Publicado em 30 de junho de 2018 às 11:00

- Atualizado há um ano

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O Ministério da Saúde admite existir alto risco de retorno da poliomielite em pelo menos 312 cidades brasileiras, segundo publicou o jornal O Estado de S. Paulo. A situação mais grave é na Bahia, onde 15% dos municípios imunizaram menos do que 50% das crianças, seguido do Maranhão, com 14,29%.

O alerta foi feito nesta quinta-feira (28) em uma reunião com secretários estaduais e municipais de saúde. “É uma situação gravíssima”, afirmou a coordenadora do Programa de Imunização, Carla Domingues. 

Estão na lista de maior risco para pólio municípios que não conseguiram atingir nem 50% da cobertura vacinal. “Uma cidade com esses indicadores tem todas as condições de voltar a transmitir a doença em nosso País. Será um desastre para a saúde como um todo”. 

O último caso registrado no Brasil foi em 1990. Quatro anos depois, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a doença erradicada das Américas.

A recomendação é de que a cobertura vacinal contra pólio seja superior a 95%. Em todo o País, apenas Rondônia, Espírito Santo e Distrito Federal não têm cidades sob risco elevado.

O quadro geral é muito preocupante. Pelos dados do Ministério da Saúde, no ano passado 22 unidades da federação não atingiram a cobertura considerada ideal. Também em 2017 pelo menos 800 mil crianças estavam sem o esquema completo de vacinação – que compreende três doses do imunizante.

“Acendemos a luz vermelha”, resumiu Carla. A preocupação ganha corpo sobretudo em um momento em que voltou a ser discutida a entrada do poliovírus derivado. Na Venezuela, autoridades sanitárias cogitaram a possibilidade de que uma menina teria sido contaminada por essa mutação do vírus.

Quando a vacina em gotas é dada para a criança, o vírus atenuado contido no imunizante pode ficar presente no ambiente por quatro a seis semanas, criando o que se chama de efeito rebanho. De quebra, a população que tem contato com o vírus atenuado também fica protegida contra a doença.

O problema é que nesse período, em raríssimas ocasiões, o poliovírus pode ter contato com outros vírus, como o rotavírus, sofrer uma mutação e, com isso, criar uma nova onda de infecções. Essa hipótese foi descartada no caso da criança venezuelana, mas a preocupação persiste. 

A presidente da Sociedade Brasileira de Imunização, Isabella Ballalai, observa que o risco aumenta nos casos em que a cobertura vacinal é menor. “Daí a necessidade de a imunização ser, sempre, mantida em 95%.”

Isabella classificou o indicador brasileiro como “inacreditável e inadmissível”. Carla observa que a queda mais expressiva ocorreu nos últimos dois anos. Para tentar reduzir o risco, o Ministério da Saúde deverá fazer entre os dias 6 e 31 de agosto uma campanha nacional de vacinação contra pólio.

Campanhas antivacinação As mídias sociais têm sido um espaço de disseminação de falsas informações sobre vacinas, criando movimentos antivacinais. A justificativa, em geral, é a de que a vacinação leva ao aparecimento de outras doenças. Não há embasamento científico para esse tipo de informação.

Recentemente, o site da SBIm e o Portal Família SBIm foram incluídos pela OMS na lista de páginas que oferecem informações confiáveis sobre vacinas, a Vaccine Safety Net (VSN). 

A vacinação é um direito da criança e do adolescente previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Os pais que não vacinam seus filhos podem sofrer processos do conselho tutelar e serem obrigados a fazer a imunização.

Vacinas disponíveis De acordo com o ministério, as vacinas disponíveis nesta campanha para crianças menores de 7 anos são: BCG – ID, hepatite B, penta (DTP/Hib/Hep B), VIP (Vacina Inativada Poliomielite), VOP (vacina oral contra pólio), VORH (Vacina Oral de Rotavírus Humano), vacina pneumocócica 10 valente, febre amarela, tríplice viral (sarampo, rubéola, caxumba), DTP (tríplice bacteriana), vacina meningocócica conjugada tipo C, tetraviral (sarampo, rubéola, caxumba e varicela) e hepatite A.

Já as doses disponíveis para crianças e adolescentes entre 7 e 15 anos são hepatite B, febre amarela, tríplice viral, dT (dupla tipo adulto), dTpa, vacina meningocócica conjugada tipo C e HPV.

Em 2017, o Ministério da Saúde fez alterações no esquema de vacinas e, por isso, orienta os pais a irem aos postos de saúde para checar a caderneta de vacinação. As informações sobre a Campanha Nacional de Multivacinação de 2017 estão disponíveis na página www.saude.gov.br/vacinareproteger.