Mistério de Maragojipe: DPT exuma corpos de irmãs mortas

Crianças e mãe morreram em três segundas-feiras consecutivas; polícia cita suspeito

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  • Da Redação

Publicado em 5 de setembro de 2018 às 19:36

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução

Adriane com as filhas Ruteh e Greisse: morreram em três segundas-feiras consecutivas (Foto: Reprodução) Após pedido da Polícia Civil, e decisão favorável da Justiça, o Departamento de Polícia Técnica (DPT) realizou, na manhã desta quarta-feira (5), a exumação dos corpos de Greisse Santos da Conceição, 5 anos, e de sua irmã, a pequenina Ruteh Santos da Conceição, 2. 

As meninas e a mãe, a marisqueira Adriane Ribeiro Santos, 23, morreram em três segundas-feiras consecutivas - entre 30 de julho e 13 de agosto -, no povoado de Nagé, em Maragojipe, Recôncavo baiano. A Polícia Civil investiga se elas foram envenenadas. 

De acordo com o DPT, tanto Ruteh, que foi a segunda a morrer, quanto Adriane já haviam passado por necropsia. O corpo de Greisse, no entanto, não havia passado pelo processo – como foi a primeira a morrer, e os exames preliminares indicaram um alto teor de açúcar no sangue, a morte foi considerada como uma causa natural.

As mortes da menina mais nova e da mãe é que levantaram a suspeita do envenenamento, segundo a polícia. Os dois últimos laudos cadavéricos, no entanto, não haviam apontado a presença de substâncias tóxicas e, por isso, a Justiça decidiu autorizar, também, a exumação de Ruteh. Greisse (à esquerda) e Ruteh morreram antes da mãe (Foto: Reprodução) A assessoria do DPT informou que os peritos entenderam que deviam "aprofundar a perícia" no corpo de Ruteh, além de colher material de Greisse.

"A perícia foi acompanhada pela perita médica e as coletas foram realizadas no local para evitar o deslocamento dos corpos. Os materiais coletados foram encaminhados para realização dos exames toxicológicos no Laboratório Central, em Salvador", afirmou o órgão. 

Envenenamento e suspeito Responsável pelas investigações, o delegado Marcos Veloso afirmou, em entrevista à TV Bahia, que o mistério que cerca as mortes está perto de chegar ao fim."A investigação já está quase concluída. Mais de 20 pessoas foram ouvidas. A prova técnica ainda não chegou, mas até semana que vem já deve estar em minhas mãos. Acredito que daqui mais uns 15 dias eu concluo o inquérito", afirmou o titular da Delegacia de Maragojipe,Veloso disse ainda que existe um suspeito."Existe, sim, mas eu não vou falar sobre ele aqui", se limitou a dizer.A tese do envenenamento é compartilhada por parte da família das vítimas. A funcionária pública Ana Paula Bradão, 35, irmã do pai das meninas, o pescador Jeferson Eduardo Brandão, 29, reafirmou a possibilidade. "Só pode ter sido isso, não tem outra coisa. Nós temos quase certeza, porque até os médicos têm essa suspeita", disse a tia das crianças ao CORREIO, nesta quarta-feira (5).Ana, que acompanhou a exumação das sobrinhas, contou que o irmão Jeferson tem vivido à base de remédios e não foi para o cemitério participar da retirada dos corpos. 

"A gente espera que a justiça seja feita, e que um inocente não pague pelo verdadeiro culpado. Meu irmão está ansioso demais, apreensivo e pedindo que a justiça seja feita logo", completou Ana Paula, acrescentando que a exumação, que foi iniciada às 10h, terminou por volta de 13h.

Além dela, um tio de Adriane também acompanhou a retirada dos corpos das crianças.

Segundo o coordenador do DPT de Itaparica, Lino Oliveira, responsável pela exumação, a perícia realizada anteriormente no corpo de Adriane motivou o pedido da exumação das duas crianças.

"Foram feitos exames no corpo da mãe, e pelas observações técnicas da legista que fez o exame, houve a necessidade de requerer a exumação do corpo das duas filhas. O juiz entendeu a necessidade e deferiu a exumação das meninas", afirmou à TV Bahia.

Ainda conforme o DPT, a exumação aconteceu no Cemitério de Nossa Senhora do Livramento, em Nagé, onde as três vítimas foram enterradas. "A exumação foi realizada em atendimento à decisão judicial para esclarecimento das causas que levaram a óbito as irmãs e a mãe", concluiu a pasta, que acrescentou que os laudos têm prazo de até dez dias para ficarem prontos, com a possibilidade de prorrogação.