Monge enviava 'beijo molhado' a vítima que denunciou assédio sexual em mosteiro

Religiosos estão sendo investigados pela polícia

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  • Da Redação

Publicado em 6 de dezembro de 2021 às 09:39

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução

O Mosteiro de São Bento, em São Paulo, é alvo de uma investigação que apura denúncias de assédio sexual de dois jovens contra religiosos. Uma das provas, que foi divulgada pelo Fantástico (TV Globo), é uma série de troca de mensagens entre um deles, que trabalhava como alfaiate do local, e um dos monges.

Nas mensagens, Rafael Bartoletti, o Irmão Hugo, envia fotos sem camisa e, entre outras declarações, manda um "beijão molhado" para a vítima.

O jovem conta que, nessa época, o monge era seu superior hierárquico e que, além de mandar mensagens desse tipo, ele também tinha o costume de abraçá-lo e descer as mãos até quase tocar em suas nádegas.

À polícia, o rapaz conta que chegou a recorrer a outro monge para pedir ajuda: Marcílio Miranda Proença, chamado de Dom Francisco. Mas, segundo o rapaz, em vez de tomar providências, ele também passou a assediá-lo, fazendo "brincadeiras estranhas", como correr atrás dele para chegar em suas costas e apertar sua barriga, insinuar que o rapaz era gay, e dizer que, quando o alfaiate chegasse à maioridade, iria contar um segredo: que queria manter relações sexuais com ele.

Outra vítima, que trabalhava na biblioteca, disse em entrevista ao programa dominical da TV Globo que também foi assediado por um superior hierárquico.

"Às vezes, a gente estava de costas organizando os livros, limpando, ele meio que encoxava a gente. Teve uma vez que eu estava hospedado lá, ele bateu na porta, entrou, e queria deitar. Ele falou que queria dormir comigo. Eles tentavam tocar na gente", relembra.

Após tentarem levar as denúncias aos superiores do mosteiro, sem resultado, a situação ainda foi piorando, até afetar a saúde das vítimas. Os dois afirmam ter tentado suicídio antes de resolverem deixar o local de vez e se juntarem para denunciar os casos.

"Eu entrava em pânico na rua. Dentro do mosteiro, às vezes eu, andando assim, começava a chorar muito e vinham pensamentos suicidas. Pelo fato que era a única forma de acabar com aquilo. Que era um vazio, uma dor. Era algo que eu não sabia o que que era, eu não controlava", afirma vítima.