Moradores do Rio Vermelho pedem reforma da Igrejinha de Santana durante lavagem

'Telhado está para cair', diz presidente da associação de moradores do Rio Vermelho

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  • Laura Fernades

Publicado em 27 de julho de 2019 às 19:59

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Evandro Veiga/CORREIO

Banho de alfazema, chuva de milho branco e distribuição de fitinhas do Bonfim recepcionaram as pessoas que passaram pelo Rio Vermelho na tarde deste sábado (27), onde estava acontecendo a segunda edição da Lavagem da Igrejinha de Sant’Ana. O evento que ocupou o Largo de Sant’Ana, onde fica o famoso acarajé da Dinha, homenageou a padroeira Senhora Sant’Ana e chamou a atenção para o abandono do monumento que é símbolo da região.

“Essa igreja é patrimônio do Rio Vermelho”, destacou a empresária Maria José Góes, 62 anos, conselheira da Associação dos Moradores e Amigos do Rio Vermelho (Amarv). A entidade, responsável pelo evento que teve apoio institucional da Prefeitura de Salvador, chamou a atenção para a necessidade de reforma da igreja matriz que foi construída na primeira metade do século XIX e é o monumento arquitetônico mais antigo do Rio Vermelho.

“Ela ia ser demolida e não deixamos”, lembrou o presidente da Amarv, Lauro Motta, 69, sobre o risco que a igreja correu na década de 1980, quando os moradores fizeram uma campanha com apoio de personalidades como Jorge Amado, Carybé e Mario Cravo. Com capacidade para 72 pessoas sentadas, a igreja foi salva e tombada pelo Ipac do Largo de Sant’Ana, sendo que hoje não funciona mais como solo sagrado para culto religioso.

Outra sede foi construída ao lado da colônia de pescadores e a matriz, que é patrimônio da Arquidiocese de Salvador, hoje serve de espaço para pequenos eventos como cursos profissionalizantes.“Estamos em uma campanha para revitalizar a igrejinha, porque o telhado está para cair. O objetivo é usufruir em prol da comunidade”, garantiu o presidente da Amarv.Também presente no evento, o secretário municipal de Cultura e Turismo, Cláudio Tinoco, contou ao CORREIO que há a perspectiva de restauro da Igrejinha de Sant’Ana e de ser sem implantado nela, entre outras coisas, um receptivo turístico e uma galeria. “A gente, o município de Salvador, tem interesse em participar, porém depende do interesse e da disposição da Arquidiocese, da Igreja Católica”, afirmou.

“A partir da requalificação urbanística do bairro, a gente teve a possibilidade de fortalecer alguns desses símbolos do Rio Vermelho. Foi assim com a Colônia de Pescadores, a Casa de Iemanjá... Tinha uma perspectiva de recuperação desse patrimônio e é nesse sentido que a comunidade do Rio Vermelho acaba associando o calendário católico, que nesse momento celebra a Senhora Sant’Ana, para resgatar uma manifestação”, completou Tinoco.

Pároco da Paroquia de Sant’Ana, Padre Ângelo lamentou que o espaço esteja 100% parado. “Isso está um impasse danado. A gente deseja, mas a coisa não anda”, afirmou o padre que também é presidente do Centro Social e Cultural Monsenhor Amilcar Marques, que funcionava na igrejinha em comodato com a Arquidiocese.“A gente não tem feito nada em razão da necessidade de uma reforma. Se a gente encontrar um órgão que faça e deixe que a gente realize uma agenda cultural abrangente, que satisfaça a, b e c, tudo bem. A gente está aguardando”, disse Padre Ângelo, se colocando à disposição.Sem saber o que se passava no Largo de Sant’Ana, a fisioterapeuta Sheila Argôlo, 36, parou para tirar foto ao lado das estátuas de Jorge Amado e Zélia Gattai com a família. Ao descobrir a Lavagem, comemorou a iniciativa e disse que achou ótima, “porque faz parte da história do Rio Vermelho e a comunidade precisa entrar”. “Essa igreja é muito fofinha, mas vive fechada. Ela não passa despercebida, é um símbolo de um lugar onde tudo acontece, sagrado e profano”, resumiu.