Mudança de patamar no futebol brasileiro

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  • Miro Palma

Publicado em 9 de agosto de 2019 às 05:00

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Há muito pouco tempo, seria inimaginável que um jogador considerado o maior lateral-direito do mundo em atividade, titular da Seleção Brasileira e recém-eleito melhor jogador da Copa América, trocaria as principais ligas da Europa para jogar em um clube brasileiro. Mas, foi o que fez o baiano Daniel Alves, ao fechar contrato de três anos com o São Paulo. No entanto, o retorno de Daniel não é um fato isolado. A mesma janela de negociações repatriou outros nomes como Filipe Luís, Rafinha, Ramires, Luiz Adriano... Isso sem falar no espanhol Juanfran, campeão da Eurocopa em 2012 e que também vai atuar no tricolor paulista. 

Não é de hoje que atletas brasileiros voltam para casa para encerrar a carreira. Ou ainda, para recuperar a boa fase de outrora. Só que essa nova movimentação do futebol brasileiro trouxe de volta jogadores que ainda gozam de uma eficiência capaz de colocá-los como titular em muitos times do velho continente.  É bem verdade que todos já passaram da casa dos 30. Porém, você deixaria de contratar algum deles por isso?

No caso de Filipe Luís e Daniel Alves, há um fator importante nessa equação: poder jogar em seus clubes do coração. Para o lateral-esquerdo da Seleção, trocar o Atlético de Madrid pelo Flamengo foi a oportunidade de realizar um sonho de criança. Já o baiano Daniel, revelado pelo Bahia, nunca escondeu o desejo de vestir a camisa do São Paulo. Isso, com certeza, deve ter pesado na decisão de ingressar em um campeonato ainda muito inferior aos principais da Europa.

Porém, seria ingenuidade achar que essa foi a única motivação. Afinal, estamos falando de uma atividade que movimenta cifras milionárias. E, nesse sentido, as equipes brasileiras ofereceram algo que, geralmente, clubes europeus costumam poupar: tempo. Daniel Alves fechou com o São Paulo um contrato que vai até dezembro de 2022, quando vai estar com 39 anos. Filipe Luís conseguiu com o Flamengo um contrato até dezembro de 2021. Rafinha acertou dois anos de contrato com o mesmo Flamengo e Luiz Adriano, por sua vez, fechou por quatro temporadas com o Palmeiras. Esse tempo a mais garante uma estabilidade financeira que não estava na mesa em outras negociações.

Esse movimento também ressaltou a mudança na gestão de alguns clubes no futebol brasileiro. Estamos saindo de uma cultura do endividamento exacerbado, com cartolas acostumados a gastar o que não tinham, para um novo perfil de clubes com gestões mais controladas que, aliados a bons patrocinadores e investidores, conseguem fazer frente a times estrangeiros. Flamengo e Palmeiras são os melhores exemplos dessa transformação. Não à toa, ocupam a primeira e a segunda posição, respectivamente, no ranking de gestão financeira dos clubes brasileiros feito por um estudo da consultoria BDO. Aqui no Nordeste, Bahia e Ceará também são bons exemplos desse novo perfil de administração do futebol brasileiro, consideradas as devidas proporções orçamentárias.

Infelizmente ainda não é uma realidade geral. Mas já é um bom começo. Esse novo tempo traz bons frutos para o futebol nacional. Ganhamos com a chegada de jogadores de elite. Apesar de assumirem um risco maior devido ao alto salário e o tempo longo de contrato, os clubes que contam com gestões mais responsáveis amenizam essas turbulências e compensam com ganhos de imagem, competitividade e títulos.

Miro Palma é subeditor de Esporte e escreve às sextas-feiras