Mulher atropelada e morta pelo ex na Bahia havia desistido de prosseguir com queixa

Leidiane foi até centro denunciar ameaça, mas não deu sequência. 'A gente não sabe o motivo'

  • D
  • Da Redação

Publicado em 17 de fevereiro de 2022 às 13:41

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

Morta em um atropelamento que a polícia diz ter sido causado intencionalmente pelo ex-companheiro, Leidiane Nascimento Paraguassu, de 31 anos, chegou a dar início a uma denúncia contra Sivanildo Macêdo, 34 anos, mas não deu prosseguimento ao caso, que nunca chegou à delegacia da cidade. O suspeito foi preso na quarta-feira (16).

Leidiane procurou o Centro de Referência de Atendimento à Mulher Nilda Fiúza (Cram) para denunciar Sivanildo por ameaça. O Cram é um órgão ligado à Prefeitura de Simões Filho para prestar atendimento a vítimas de violência doméstica. 

"Já é de conhecimento na cidade esse projeto e muitas mulheres procuram o centro para fazer essa primeira denúncia. O centro encaminha essa mulher para fazer denúncia (à polícia). Lá você tem advogado, psicológo, lá eles fazem esse atendimento inicial. Houve o encaminhamento, eles fazem, entrega para vítima, a vítima se dirige à delegacia e nos entrega. No caso de Leidiane ela desistiu de prosseguir. A gente não sabe o motivo", disse nesta quinta-feira (17) o delegado Leandro Acácio, titular da 22ª Delegacia (Simões Filho).

O delegado acrescenta que já foram ouvidos familiares e amigos, que reforçam que Sivanildo insistia para tentar reatar o relacionamento com a ex, com quem teve um relacionamento de 15 anos. O ex-casal tinha dois filhos, uma menina de 16 anos e um garoto de 7, que estava no caminhão no momento em que o pai atropelou a moto em que a mãe era levada.

"Principalmente os familiares relatam que ele vivia insistindo para reatar o relacionamento. Isso nos foi passado pelos familiares, que ele vivia querendo reatar", explica. "Os familiares falam, 'A gente nunca viu situação de agressão, a gente nunca viu ela ferida, mas a gente sabe, tem certeza, que havia pelo menos violência psicológica, com ameaças, que eram praticadas ali dentro do ambiente entre quatro paredes'. Eles não tem essa certeza (de agressões), mas relataram que possivelmente já existia sim essa ameaça". 

Lidiane estava na moto com um amigo, que a polícia acredita que pode ser na verdade um namorado. O homem ficou ferido com gravidade e está internado no Hospital Geral do Estado (HGE), em Salvador.

"Ele afirmou de forma categórica que sabia que se tratava da ex-companheira e desse suposto amigo, que a gente acha que havia um relacionamento, só que ela ainda não havia assumido porque ainda tinha receio da reação que ele pudesse ter em vê-la com outro homem, retornando sua vida. Ele de forma deliberada, temos uma imagem, mostra que de fato houve sim uma colisão proposital da parte dele", explicou o delegado em coletiva.

Atropelo e morte O caso aconteceu na noite de sábado, em Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador. Sivanildo tinha buscado o filho para levar para casa e no caminho acabou cruzando com a ex-mulher na moto com outro homem. Ele afirma que a moto estava fazendo zigue zague à frente do caminhão e acabou perdendo o controle, o que teria motivado o atropelo. As imagens mostram que ele agiu de maneira intencional e fugiu sem prestar socorro, diz a polícia.

O delegado diz que logo após a morte de Leidiane a polícia foi às ruas em busca de testemunhas e outros elementos para ajudar a desvendar o caso. "Fomos atrás de sistema de monitoramento e acabamos por encontrar em uma escola, a mais ou menos 80, 100 metros do local da colisão", diz. "A moto acaba ficando escondida, mas a gente vê o momento em que o caminhão se choca com essa moto. Não houve nenhum tipo de frenagem. O caminhão se choca, o motorista desce do caminhão e já sai correndo, deixando para trás o filho de 7 anos que estava com ele", acrescenta.