Mulher é assassinada com 10 facadas pelo cunhado em Arempebe

Dias antes, vítima ajudou a irmã a denunciar suspeito na Deam de Camaçari

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  • Bruno Wendel

Publicado em 28 de agosto de 2020 às 17:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Acervo pessoal

Foto: Reprodução/Redes sociais A autônoma Nilênia Gonçalves dos Santos, 43 anos, nunca aprovou o relacionamento da irmã, Rosângela Gonçalves dos Santos, 29, que frequentemente espancada pelo companheiro, o rodoviário Fábio Costa dos Santos. Revoltada com a situação, há seis meses não dirigia uma palavra sequer ao cunhado. No dia 21 deste mês, a irmã apanhou novamente, mas desta vez lhe pediu ajuda e, juntas, foram à Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) e expuseram toda a violência.  Como resposta ao apoio dado à irmã, Nilênia, que é mãe de três filhos, recebeu do cunhado 10 facadas que a levaram à morte na manhã desta quarta-feira (26), em Arembepe, região de Camaçari. O crime aconteceu na casa de Rosângela, na localidade de Sangradouro. “Ele (companheiro de Rosângela) já não gostava de minha mãe (Nilênia), porque ela não concordava com o que ela fazia com a minha tia. E ele estava com mais raiva, porque ela ajudou minha tia a fazer a denúncia. Ele é um monstro e tem que pagar”, contou ao CORREIO, por telefone, a filha de Nilênia, Uislene Gonçalves dos Santos, 20. O criminoso ainda tentou matar Rosângela, mas, assustado com os gritos da companheira e com medo de ser pego, fugiu. De acordo com a Polícia Civil, ele acabou preso na tarde desta sexta-feira (28), quando se apresentou na 26ª Delegacia (Abrantes), onde tinha mandado de prisão temporária.

Terror constante Rosângela é funcionária de um hotel no centro de Camaçari e estava há seis anos convivendo com o acusado, que trabalha na cidade vizinha, Dias d’Ávila. Todas as brigas e agressões que tinha com o companheiro, ela relatava à irmã mais velha.  “Minha mãe sempre disse que ele agredia minha tia, mas nunca vi”, relatou Uislene.  Segundo a filha da vítima, na sexta-feira (21), Rosângela chegou à casa de Nilênia apavorada. “No dia da queixa, minha tia procurou minha mãe, dizendo que não suportava mais, com medo de que algo poderia acontecer com ela, eu presenciei minha tia falando isso”, completou a filha da vítima.

Então, de imediato, Nilênia levou Rosângela para fazer uma denúncia contra o companheiro. Elas se dirigiram à 59ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Abrantes), mas foram orientadas pelos policiais que deveriam ir à Deam de Camaçari, unidade especializada no atendimento à mulher. Registrada a queixa, Rosângela passou a dormir na casa de Nilênia. “Minha tia estava dormindo lá em casa com medo que ele fizesse alguma coisa”, contou a filha da vítima. Dia do crime Na quarta-feira (26), as irmãs saíram juntas por volta das 9h e, como já estavam na rua, decidiram ir à lotérica fazer um pagamento. Neste dia, Rosângela usava uma blusa e uma bermuda que pegou emprestadas com a irmã. “Como cristã, minha tia se importava muito com as roupas que ia para os lugares. Então, no caminho, ela decidiu que seria melhor colocar uma roupa mais apropriada e passou em casa para pegar uma calça, acreditando que ele não estava lá”, relatou Uislane.  No entanto, o acusado estava no imóvel. Como evitava contato com o cunhado, Nilênia ficou na varanda, enquanto Rosângela foi a um dos quartos trocar a roupa. Ainda de acordo com Uislane, o criminoso aproveitou esse momento e surgiu armado com uma faca de cozinha em punho, partindo para cima da mãe dela. Assustada, a vítima tentou fugir e gritou: “Corre minha irmã, ele está armado”.  “Quando ela deu as costas, ele deu o primeiro golpe. Então, ela saiu gritando por socorro, mas caiu a dois metros da casa. Ele foi atrás dela e deu sem parar. Ela não teve chance alguma”, contou Guilherme Marcelo Campos, 21, que também é cunhado de Nilênia. O jovem assumiu a ligação a pedida de Uislane, que estava emocionada ao lembrar da mãe.

Após ouvir os gritos, Rosângela saiu e viu a irmã já morta. Nessa hora, o criminoso foi em sua direção e também tentou matá-la, mas os gritos desesperados afastaram o criminoso. “Ele só não acabou também com ela por causa dos gritos. Ele percebeu que poderia ser pego e desistiu”, disse Guilherme.

Polícia Por meio de nota, a Polícia Civil informou que Nilênia foi morta com facadas no tórax. “A ocorrência registrada na 26ª Delegacia (Abrantes) expediu as guias de perícia e remoção e procura o homicida”, diz o documento. Já a Polícia Militar informou que policiais da 59ª CIPM foram acionados pelo Centro Integrado de Comunicação (Cicom) por volta das 9h44 de quarta-feira (26), com informação de que havia uma mulher ferida na localidade do Sangradouro, próximo a uma ponte, em Arembepe. No local, após constatar a veracidade dos fatos, a guarnição acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas a vítima já estava morta. “ O Departamento de Polícia Técnica (DPT) foi acionado para perícia e remoção. Os militares realizaram buscas na região, porém não conseguiram localizar o acusado”, diz trecho da nota, emitida antes da prisão do criminoso.   Nilênia foi enterrada na tarde desta quinta-feira (27), no cemitério municipal de Camaçari. 

Há pouco mais de um mês, outra mulher foi assassinada a facadas em Arembepe. A vendedora Lucilene Oliveira da Silva, 38 anos, estava em casa, na Rua das Bromélias, quando ela e o sobrinho, Leonardo Machado Santana, 11, receberam vários golpes desferidos pelo companheiro dela Marcos Machado da Silva. Ele foi preso logo em seguida.