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Cortejo saiu da escola e foi até a Casa Olodum em demonstração da força feminina no Bloco; 60% da administração é composta por mulheres
Vinicius Nascimento
Publicado em 9 de março de 2022 às 06:00
- Atualizado há um ano
Em vez de cards em cor de rosa com texto escrito em letra cursiva e esse tipo de pieguice que aparece timelines afora na internet, o Olodum preferiu oferecer, como homenagem ao Dia Internacional da Mulher, música e levada de timbal. Na última terça (8), a Varanda Cultural do Olodum abre espaço para apresentação das percussionistas da banda em um pocket show.
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As percussionistas saíram em uma verdadeira marcha no Pelourinho, com roteiro que saiu da Escola do Olodum e foi até a Casa Olodum. A caminhada teve participação de cerca de 15 percussionistas, como Brenda Awiny, 21, aluna da Escola Olodum desde os 13, onde aprendeu as técnicas, teorias e arte da percussão. Ela toca marcacação.
Já na casa Olodum, quem olhava pra cima conseguia ver a performance da cantora Nadjane Souza, ex-vocalista da Banda Olodum, em carreira solo desde 2015.
A ideia do evento foi saudar a atuação dessas mulheres e valorizar a memória de pessoas como Andreia Reis, que chegou ao Olodum em 1987 e se tornou a primeira maestrina de samba reggae do mundo. Andreia chegou à banda a convite de Neguinho do Samba e quebrou um paradigma na época, quando mulheres não eram aceitas como percussionistas.
Descoberta aos 12 anos, quando tocava lata na rua, Andréia regeu a orquestra de 120 tambores do Pelourinho até o final do Circuito do Campo Grande, no último carnaval. “A mulher na percussão tem valor, tem poder. Percussão não é só coisa de homem e eu estou aqui para mostrar isso”, afirmou em entrevista ao CORREIO.
Para conseguir avançar, enfrentou a resistência de amigos, da própria banda e da família. E se tornou um marco de que é possível que mulheres estejam conduzindo os tambores.
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Conselheira do Olodum, Luciane Reys afirmou que esse tipo de evento valoriza a relação que toda a associação tem com mulheres e contribui para visibilizar a história feminina em seus quadros. Segundo o bloco, 60% de sua gestão administrativa e executiva é formada por mulheres.
"Essa ação tem esse objetivo, de reforçar essa trajetória de narrativas femininas que as vezes acabam sendo esquecidas. Ao longo de sua história, o Olodum foi gerido por mulheres e também dá esse protagonismo que vem desde o Egito, base de construção de seus temas para carnavais e músicas", disse a conselheira.
O Olodum já teve uma presidenta. Foi o primeiro bloco afro a eleger uma mulher, inclusive. Cristina Rodrigues, eleita em 1983, quando o bloco tinha 4 anos. Ela ficou no cargo até a eleição do atual presidente, João Jorge - à frente do bloco há 20 anos.