Na Globonews, ACM Neto destaca independência do DEM

Presidente do partido diz que jamais indicou alguém para o governo de Jair Bolsonaro

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Publicado em 7 de fevereiro de 2021 às 23:37

- Atualizado há um ano

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O ex-prefeito de Salvador e presidente nacional do DEM (Democratas), ACM Neto, assegurou neste domingo (7) em entrevista à jornalista Andréia Sadi, na GloboNews, que seu partido mantém uma postura independente em relação ao governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). “Jamais discutimos a possibilidade de integrar a base do governo federal. O partido tem essa postura de independência e vai preservá-la. Independência, no entanto, não significa ser oposição ao governo. Mas, vamos deixar claro: não fazemos parte da base, mas não somos oposição”, disse.

Neto afirmou que nunca aceitou discutir indicação de cargos nem negociação de espaços em Brasília para o partido.

“Sempre deixei claro ao presidente que jamais iria participar desse tipo de discussão. Não aceitamos indicar sequer um porteiro para o governo, muito menos participar de discussão de indicação de ministro”, continuou o presidente da sigla.

Durante a conversa, o ex-prefeito também comentou a possibilidade de Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara dos Deputados, deixar o DEM. Maia esteve à frente da Casa por quatro anos e sete meses e deixou o cargo no último dia 1º, após a eleição de Arthur Lira, do Progressistas.

“Essa é uma decisão que cabe a Rodrigo Maia. Sempre estivemos juntos e nos posicionamos do mesmo lado nas questões internas do DEM. Rodrigo Maia teve papel fundamental como presidente da Câmara, primeiro no governo Temer, depois no de Bolsonaro, assegurando independência da Câmara e defendeu a democracia. Eu desejo que ele continue e ele tem uma história no partido”, declarou ACM Neto.

Eleições no congresso Em reunião da executiva nacional do partido, ACM Neto disse que o DEM decidiu que não iria formar bloco com nenhum dos candidatos à presidência no Congresso. Os principais pleiteantes eram Arthur Lira (Progressistas) e Baleia Rossi (MDB). O Senado elegeu Rodrigo Pacheco (DEM) como presidente.

“A neutralidade, portanto, era a única posição possível para preservar a unidade do Democratas, para evitar que o partido ficasse dividido em função dessas posições antagônicas na Câmara ou Senado. Precisamos entender que o DEM não tem dono”, disse.

Pandemia O presidente do DEM fez críticas à atuação do governo federal durante a pandemia.

“O governo errou muito mais que acertou. Em Salvador, fui muito firme em relação à proteção da vida. Priorizamos a saúde e jamais permiti que o debate entre saúde pública e economia prosperasse. Firmamos parceria com o governo do estado, que é do PT e deixamos antagonismo de lado”, afirmou Neto.O atraso no planejamento de vacinação também foi criticado pelo ex-prefeito: “Infelizmente, o Brasil se atrasou e isso terá reflexo na economia. A retomada poderia ser mais vigorosa em 2021 se o processo de vacinação fosse mais rápido. Reafirmamos nossa posição do DEM, que é de não concordar com posições extremas. Deixo claro: se o governo for de extremismo, não vai ter o DEM ao lado dele. Estamos do lado do equilíbrio. Espero que ainda possa haver correção de rumos”.

2022 O eventual apoio do DEM à candidatura de Jair Bolsonaro em 2022 foi questionado por Andréia Sadi. Neto não descartou a possibilidade, mas assegurou que, para isso, vai precisar haver mudança de rumo no governo do atual presidente. “Não está descartado, mas nós não abrimos discussão sobre 2022. Mas, uma coisa está descartada: o Democratas não apoia o radicalismo e vamos com um projeto de equilíbrio”.

Neto foi mais específico sobre o presidente: “Se me perguntar [sobre o apoio do DEM em 2022], e olhar para 2019/20, eu faço a seguinte pergunta: ‘Este é o governo que tem o perfil que você acha mais adequado?’ Não é e já disse isso a interlocutores. Cometeram muitos erros em 2019/20”. 

Foi mais claro: “[O apoio] Não está descartado, mas se você me pergunta se o partido se afina ou defende integralmente as coisas que aconteceram no governo em 19/20? Não, então a gente precisa ver como as coisas vão se desenvolver de agora em diante”.

Nas eleições de 2022, o DEM vai buscar o protagonismo, de acordo com ACM Neto: “Seremos protagonistas, mas não sabemos se será com candidato próprio ou apoiando outro candidato. Essa discussão será ao longo de 2021. No DEM, há pessoas mais afinadas com Bolsonaro; outros, com João Dória; com Luciano Huck, Ciro Gomes... Como presidente, cabe a mim mediar essas e várias correntes e perceber a maioria. Mas essa discussão será na hora certa, ouvindo todo mundo”.

Andréia Sadi questionou os nomes de destaque dentro do DEM, que poderiam ser candidatos pelo partido em 2022. ACM Neto destacou o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta:“A gente tem sempre que lembrar, ele teve desempenho extraordinário no ministério, virou figura nacional”.Falou ainda de Ronaldo Caiado, governador de Goiás, e disse que o Brasil vai “se surpreender” com Rodrigo Pacheco, presidente do Senado. 

Finalmente, o ex-prefeito falou sobre a possibilidade e o sonho de ele mesmo ser presidente da República. “Não tenho dúvida de que tenho [o sonho de ser presidente]. Convivi com meu avô e aprendi muito com ele. Para chegar à Presidência, não basta um projeto: é preciso estar predestinado àquilo. Tenho procurado me qualificar a cada instante e ganhar mais experiência. Claro que tenho o sonho de servir o país e ajudar o Brasil. Mas, sem marcar datas. Isso depende do momento e do destino”.