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Dom Murilo Krieger
Publicado em 16 de abril de 2019 às 05:00
- Atualizado há um ano
Na próxima quinta-feira, 18 de abril, terminará a Quaresma de 2019. Antes de entrar no sentido espiritual desse tempo, julgo oportunas duas explicações. A primeira, quanto ao termo “quaresma”; depois, quanto à época em que ela acontece.
A palavra “quaresma” vem do latim e significa o quadragésimo dia antes da Páscoa. É que, até um passado recente, a Quaresma começava na Quarta-feira de Cinzas e ia até o Sábado Santo. Portanto, quarenta e seis dias mas, descontados os seis domingos que não são dias de caráter penitencial, ficavam quarenta dias de preparação para a Páscoa. Atualmente, a Quaresma termina na Quinta-feira Santa, antes da Missa da Ceia do Senhor (também chamada de Missa do Lava-pés).
Os “quarenta dias” desse tempo são fruto de todo um simbolismo bíblico: recordam os quarenta dias do dilúvio; os quarenta dias de Moisés no monte Sinai; os quarenta dias em que Elias caminhou em direção desse mesmo monte, também chamado Horeb; os quarenta anos da peregrinação do povo de Deus no deserto e, finalmente, os quarenta dias de Jesus no deserto, antes de iniciar sua vida pública.
Quanto ao tempo da Quaresma: seu início (Quarta-feira de Cinzas) depende do dia da Páscoa. Esse dia, diferentemente do Natal, não cai anualmente na mesma data. O Concílio de Nicéia (ano 325) estabeleceu que a Páscoa seria celebrada no primeiro domingo depois da lua cheia que segue ao equinócio da primavera no hemisfério Norte ou ao equinócio do outono no hemisfério Sul. Equinócio é o dia do ano em que a noite e o dia têm a mesma duração.
Cerca de sessenta anos atrás, a Igreja Católica se posicionou quanto à possibilidade de se definir uma data fixa para a Páscoa. Na ONU, contudo, os debates não chegaram a um consenso, pois alguns países, por motivos religiosos, recusaram a ideia de um novo calendário.
A Quaresma é um grande retiro espiritual, que pode e deve ser vivido em qualquer lugar e situação. Portanto, fazendo os trabalhos de cada dia, assumindo responsabilidades ou relacionando-nos com parentes e amigos, somos chamados a viver esses dias em espírito de oração, jejum (penitência) e esmola (obras de caridade). Essas três práticas fundamentais não são feitas para se obter o aplauso humano, mas para agradar a Deus e lhe demonstrar nosso desejo de servi-lo.
O profeta Joel (cerca de 700aC), em nome do Senhor, nos faz um convite: “Voltai para mim com todo o vosso coração, com jejuns, lágrimas e gemidos” (Jl 2,12). Quando ele propôs isso, o povo de Israel enfrentava sofrimentos e calamidades. O profeta queria, então, que todos se voltassem com confiança filial a Deus, uma vez que Ele é “benigno e compassivo, paciente e cheio de misericórdia, inclinado a perdoar o castigo” (v. 13). Hoje, esse convite é feito para nós. Na Quaresma, somos convidados a reencontrar a amizade de Deus perdida com o pecado, a experimentar a alegria do seu perdão e buscar a paz.
Dom Murilo S.R. Krieger é Arcebispo de São Salvador da Bahia – Primaz do Brasil
Opiniões e conceitos expressos nos artigos são de responsabilidade dos autores