'Não fui tratado com nada, só dipirona', diz motorista que se recuperou do coronavírus

Francisco foi um dos casos em que os pacientes têm apenas sintomas leves

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  • Thais Borges

Publicado em 12 de abril de 2020 às 07:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arisson Marinho/CORREIO

Primeiro, veio a febre. Mas só por um dia. No dois dias seguintes, o motorista por aplicativo Francisco Teles, 35 anos, não teve mais nada. Já no quarto dia, novamente a febre. Dessa vez, era alta. Passava dos 39°C. A dor forte nas articulações e a falta de paladar acenderam a luz amarela: os sintomas poderiam ser indicativo do coronavírus que ele tanto ouvia falar. 

Foi ao hospital, fez o teste e, alguns dias depois, veio a confirmação. Durante todo o tratamento, Francisco ficou em casa. Não fez tratamento com remédios específicos; no máximo, os médicos recomendaram que tomasse dipirona para controlar a febre. Desde a semana passada, ele é um 146 curados da Covid-19 na Bahia, de acordo com a Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), até a última sexta-feira (10). 

Confira o depoimento completo dele ao CORREIO 

“No dia 20 de março, eu comecei a sentir febre. Me mediquei em casa mesmo. Era uma sexta-feira e, no sábado e no domingo, não senti nada. Continuei rodando normal. Na segunda-feira (23), passei a sentir febre novamente, acima de 39°C. Me mediquei, mas vi a falta do paladar e uma dor muito forte nas articulações. 

Como eu estava vendo muito sobre coronavírus, fui no Hospital Couto Maia e expliquei o que estava sentindo. Fizeram a coleta e pediram que eu ficasse em quarentena. Disseram que o resultado sairia em três a cinco dias. Já na quarta-feira, a Secretaria da Saúde (Sesab) e a Vigilância (Epidemiológica) me ligaram atestando pra Covid-19. Não sei como posso ter sido infectado porque não sei nem se foi na semana que eu passei a sentir os sintomas. O médico disse que podia ter se contaminado há 15 dias, há um dia… Não dava pra saber. Posso ter sido infectado (rodando) no Uber, na minha rua, no mercado. Eu já estava em quarentena desde a segunda, quando saí do médico, mas eles me deram orientações. Deixei meu filho de quatro anos com minha mãe e minha esposa ficou comigo em casa, em Cajazeiras. 

Eu isolei meu filho como um cuidado extra, mas tomamos todos os cuidados e minha esposa não foi infectada. Não teve nenhum sintoma. Durante o período, dormíamos em cômodos separados, separávamos os utensílios, trocávamos a roupa de cama a cada dois dias e higienizávamos todas as coisas que eu estava tocando. Mesmo em casa, não tínhamos contato nenhum. Depois daquela segunda, fiquei assintomático. No início, fiquei tossindo, mas nem coriza tive. Não fui tratado com nada. O médico no Couto Maia disse que não era para tomar remédio algum, só tratar com dipirona caso tivesse febre. Se possível, para tomar vitaminas para o sistema imunológico. Separamos utensílios, higienizamos todas as coisas que eu estava tocando. Passei os 15 dias e fui curado. Já estou liberado para sair desde o dia 3. Essa semana, o pessoal da Secretaria Municipal da Saúde me ligou para fazer amostras de imunidade, para ajudar nas pesquisas. 

Vou voltar a trabalhar na segunda-feira (13). A plataforma (aplicativo) deve me liberar hoje porque, por mais que a Vigilância tenha me liberado, eles contam a partir do dia que enviei a documentação. 

Eu diria para as pessoas que é a doença existe, é uma coisa séria. É uma doença curável, mas a gente tem que tomar os cuidados que a mídia está passando para a gente".