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Paulo Leandro
Publicado em 11 de novembro de 2020 às 09:57
- Atualizado há um ano
As abelhas, as formigas, os cupins e as vespas são animais sociais dotados do poder da colaboração, uns ajudando aos outros, resultando em resistência e capacidade de vida coletiva, a partir de deliberações baseadas no olfato, em vibrações e outros sentidos.
Assim, formando time entrosado, a colmeia chega à produção melífera de excelência, bem como o formigueiro armazena folhas e nutrientes, tanto menos dissidências houver entre seus indivíduos.
As abelhas dançam, mostrando onde encontrar o néctar nas flores apetitosas; as formigas, habituadas às trilhas menos íngremes, revelam às outras por onde ir, e assim fazem lideranças dos cupins nas madeiras apodrecidas, bem como vespas em seus voos.
A métrica da inteligência produz a sensação, no homem, de complexidade maior nas suas organizações sociais, basta verificar a gestão no futebol a fim de confirmar a importância dos bons líderes para o sucesso, e dos maus, o fracasso da agremiação.
É o caso de admirarmos a capacidade do ex-goleiro Rogério Ceni, em seu bem-sucedido casamento com o Fortaleza, interrompido por breve relação com o Cruzeiro das Mina, e agora, seduzido pelo Flamengo do Rio, largando o nosso Nordeste.
O trabalho de Ceni alterou o perfil do Fortaleza, a ponto de impulsionar o Leão do Pici, adversário de hoje do Bahia, embora, em percurso inverso, o tricolor cearense tenha contribuído para qualificar o ídolo sampaulino como treinador.
Tanto uniu a colmeia cearense o professor a ponto de causar desapontamento, ao materializar a segunda separação, atraído pelo brilho do clube de regatas cheio de poderes.
Registre-se a proeza de Rogério Ceni, ao unir disperso formigueiro, em posição distante do centro do futebol brasileiro, ombreando o Fortaleza aos maiores do país, junto ao Ceará Sporting, ambos hoje disputando a Série A, enquanto a nós, resta o Bahia.
Causaria intriga perguntar por que há pessoas capazes de romper a redoma de tempo e espaço a cercar sua existência: no caso de Ceni, como pôde agigantar o Fortaleza, em feito celebrado ao grau de heroísmo em dimensão mitológica?
O coirmão cearense, de cores do Bahia e animal do Vitória, é sempre bemvindo, por ter o Fortaleza marcado positivamente a história do Esquadrão, graças a inolvidável passagem, quando ainda adolescente, o nosso Onze mais querido visitou Iracema.
Foi na condição de supercampeão baiano, depois de golear Vitória (5x0), Ypiranga (4x1) e Galícia (3x0), em 1949, a visita do Bahia ao Ceará, no nascedouro da expressão, cuja síntese ecoa até hoje: nasceu para vencer!
Estava o barítono Amado Bahia Monteiro, dublê de presidente e treinador, divulgando a temporada, em uma emissora de rádio cearense, a recitar suas poesias, quando veio-lhe à mente, assoprado pela musa Euterpe, o verso transformado em lema.
Enfrentar o Fortaleza, para os baianos afeiçoados à história, traz esta temporalidade estendida da atuação inspirada do único presidente-poeta do qual se tem notícia no planeta bola.
Embora, para alguns, a determinação de nascer para vencer tenha surgido, ao lançar-se o clube no mundo, em 1931, deu-se na visita aos fortalezenses a origem da frase, cuja confirmação espera-se hoje, uma vez mais, diante do time reinventado pelo prof. Ceni.
Paulo Leandro é jornalista e professor Doutor em Cultura e Sociedade