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Dom Murilo Krieger
Publicado em 25 de dezembro de 2019 às 10:27
- Atualizado há um ano
A festa do Natal desperta em nós um duplo compromisso: o de olhar para o Menino do Presépio e o de olhar para a humanidade.
Olhar para o Menino do Presépio. O nascimento de Jesus em Belém comprova que “Deus amou tanto o mundo, que lhe deu o seu Filho único” (Jo 3,16). O Salvador vem ao encontro dos homens e das mulheres de boa vontade com um apelo de paz e um convite à vida fraterna. Muitos não o acolheram dois mil e dezenove anos atrás, pois foram incapazes de compreender a simplicidade de Deus e seu amor preferencial pelo fraco e pelo desprotegido. Aceitariam mais facilmente um Deus que se manifestasse com poder e riquezas. Ainda hoje é preciso ter um coração simples, como o dos pastores, para reconhecer a ação de Deus numa gruta insignificante das periferias de Belém.
Olhar para a humanidade. O Natal direciona nosso olhar para a humanidade. Percebemos, então, que o Filho de Deus não veio ao encontro de um grupo de privilegiados, mas sim de todas as pessoas de boa vontade. Descobrimos que, em Cristo, cada pessoa é um irmão, que precisa de nosso amor. Amá-lo significará escutá-lo, levar-lhe o Evangelho, guiá-lo e tê-lo em nosso coração no momento da prece. Amá-lo significará, também, trabalhar para que seja valorizado e respeitado, para que tenha pão, casa e emprego. Cada pessoa é digna de nosso amor porque foi criada à imagem e semelhança de Deus; é seu filho ou filha, porque Jesus a todos assumiu como irmãos e irmãs.
Por que, então, mesmo com a vinda de Jesus ao mundo, continuamos enfrentando problemas e injustiças, e vivemos inseguros e com medo? O Senhor não veio para multiplicar milagres, mas para transformar os corações daqueles que o acolhem. Devido o egoísmo e a indiferença do coração humano, há os que não o aceitam. Anima-nos, porém, uma certeza: desde Belém, não estamos mais sozinhos. A celebração do Natal é, pois, a renovação de uma oferta: Deus continua nos amando e esperando que o aceitemos, aceitando seu Filho Jesus.
Ao nascer pobre, o Filho de Deus nos ensina que o “ser” - ser uma pessoa livre, ser filho de Deus, ser um irmão de todos - é muito mais importante do que o “ter”. De que adianta cumular riquezas que não poderemos levar para a eternidade?
Contemplando o presépio, somos convidados a ter o olhar de Jesus sobre o mundo, a vida e as pessoas. Seu olhar nos faz ver inúmeras pessoas que nos cercam: elas estão recebendo o nosso amor? Vemos, também, pessoas sem pão e sem perspectivas, num país que está entre os que mais produzem alimentos. Podemos ficar indiferentes? Vemos pessoas tristes e aflitas: o que fazemos, para diminuir o seu sofrimento? Vemos pessoas alegres: como ajudá-las a manter essa felicidade e de que maneira, juntos, podemos espalhá-la?
Nosso mundo, hoje, é um imenso presépio, e dele fazemos parte. Um Menino nos é dado. Nele, o Pai nos acolhe. No coração de cada homem e mulher renova-se, novamente, a esperança.
Dom Murilo S. R. Krieger é arcebispo de São Salvador da Bahia e primaz do Brasil
Opiniões e conceitos expressos nos artigos são de responsabilidade dos autores