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Miro Palma
Publicado em 23 de agosto de 2019 às 05:00
- Atualizado há um ano
Apesar das inúmeras ofertas que foram ventiladas na imprensa, a novela Neymar x PSG ainda não encontrou seu desfecho. A poucos dias do fim da janela de transferências do verão europeu, o que se vê é um PSG irredutível e um jogador desesperado para mudar de clube. Há dois anos, quem ousasse imaginar que o brasileiro, cuja contratação foi a mais cara do mundo, estaria queimado com a torcida que prometeu conquistar e frequentando muito mais o departamento médico e o noticiário policial do que o campo de futebol, seria considerado um louco. Ou invejoso, como costumam repetir por aí. Mas, o fato é que o inimaginável aconteceu.
Nessas horas, é inevitável não fazer um paralelo entre a grande promessa brasileira, que até hoje não vingou como esperado, e os melhores jogadores em atividade: Messi e Cristiano Ronaldo. Se tratando de cifras, os três estão no topo da lista de maiores salários do mundo da bola. Porém, sendo racional, a comparação pode se encerrar por aí.
Além da meia dezena de títulos de melhor jogador do mundo que o argentino e o português colecionam cada um, o número de feitos coletivos também é imensamente superior aos conquistados pelo brasileiro. A idade não conta? Claro que conta. Porém, Messi ganhou sua primeira Liga dos Campeões, hoje uma das mais importantes competições do esporte, com 18 anos e levou três delas em um intervalo de seis anos. CR7 experimentou esse feito pela primeira vez aos 22, e conquistou quatro Ligas dos Campeões em um intervalo de cinco anos. Neymar ganhou a sua primeira e única Champions aos 22 e já se passaram seis anos que ele está na Europa.
Que a decisão de sair do Barcelona foi um completo equívoco nessa equação ninguém discorda. No entanto, ultimamente tenho pensado que, além de bom senso, faltou outra coisa para Neymar: um bom rival. Em uma entrevista recente, Cristiano Ronaldo exaltou mais uma vez a importância da sua rivalidade com Messi para o seu desempenho. Ele disse que o argentino o fez um melhor jogador, assim como ele fez o mesmo para o camisa 10 do Barcelona. “As rivalidades são boas, são saudáveis”, completou. De fato elas podem ser. Especialmente no esporte, um concorrente que te desafia e que pode criar um estímulo a mais para suas conquistas.
Não que Neymar não tivesse concorrentes. Veja, a prática do esporte em si implica a competição contra outros atletas. No entanto, ele nunca teve um rival direto. Até a ascensão de Mbappé, Neymar era a maior “promessa” que o futebol viu nos últimos dez anos. Ninguém lhe fazia sombra, exceto os dois melhores do mundo já inalcançáveis. E é aí que mora a minha reflexão: reinar sozinho não fez bem ao “menino” Ney. Se dividisse os holofotes com um rival, provavelmente, teria tido mais gana, mais empenho e até mesmo mais equilíbrio na busca dos seus objetivos.
Mas a atenção veio fácil e, como todos que se acostumam com os elogios, ele estagnou. É claro que a culpa da atual situação do craque da Seleção Brasileira, já convocado mesmo sem ter jogado muito na última temporada, é dele e de ninguém mais. Não me entendam mal. Só que um bom rival como os já tão citados Messi e CR7, ou mesmo Ayrton Senna e Alain Prost, Muhammad Ali e Joe Frazier, Federer e Nadal entre tantos outros exemplos, teria lhe feito muito bem.
Miro Palma é subeditor de Esporte e escreve às sextas-feiras