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Editorial
Publicado em 24 de agosto de 2019 às 09:01
- Atualizado há um ano
Salvador esteve, ao longo dos últimos dias, na vitrine da cobertura jornalística nacional e internacional. O recente protagonismo da capital baiana em espaços privilegiados da imprensa não guardou nenhuma relação com a riqueza do seu reconhecido patrimônio natural, cultural e humano. Deveu-se especialmente ao fato de ter sido a cidade brasileira escolhida como sede da Semana do Clima da ONU para a América Latina e o Caribe, uma das etapas preparatórias da COP-25, megaconferência climática das Nações Unidas que acontecerá em dezembro, no Chile.
Com a presença de mais de 150 jornalistas, sendo que aproximadamente 30% deles foram enviados por veículos estrangeiros de 22 países, Salvador virou palco mundial das discussões mais importantes e atuais sobre meio ambiente, com foco no emergente debate acerca das mudanças climáticas. O que aqui se discutiu pautou a cobertura diária de jornais, revistas, emissoras de TV e rádio, portais, blogs e agências de notícias sobre o tema.
À primeira vista, a herança mas perceptível que a Semana do Clima deixou para Salvador foi a mídia espontânea gerada pela realização do evento. Bem antes do início da conferência, a exposição positiva e gratuita da cidade em escala global já era apontada pelos mais diversos segmento da cadeia do turismo como o grande legado do evento para o setor.
Apesar da relativa alta nas taxas de ocupação hoteleira e na movimentação de bares e restaurantes em um período de baixíssima temporada, as comemorações do trade turístico se concentraram quase de modo exclusivo em torno do impulsionamento dado à imagem da capital nesses dias. São inegáveis os ganhos econômicos a curto, médio e longo prazos proporcionados por eventos de tamanho porte e projeção. No entanto, os efeitos positivos para a cidade vão muito além.
No momento em que as questões ambientais no país ocupam lugar de destaque na agenda jornalística e diplomática mundial, com foco nas críticas sobre o avanço do desmatamento e das queimadas na Amazônia, saíram justamente de Salvador os principais apelos e propostas dos últimos dias a favor da preservação da mais importante floresta tropical do planeta. O mais importante foi que eles não tiveram como porta-vozes somente as autoridades da ONU, dirigentes de ONGs e especialistas renomados na área de estudos ambientais. Reunidos na cidade, prefeitos de grandes capitais brasileiras reivindicaram o cumprimento, pelo Brasil, das metas definidas no Acordo de Paris.
Independente de posições ideológicas ou partidárias, mantiveram-se unidos em torno de um bem que não pertence a governos, e sim à sociedade que os elege como representantes do povo e do bem comum. Sob os olhares de representantes das dezenas de nações presentes ao evento, Salvador deu demonstrações de que quer estar cada vez mais integrada ao conjunto de ações voltadas a reduzir os efeitos nocivos da ocupação humana sobre o meio ambiente.
Após intervenções e projetos realizados pela cidade nos últimos anos, o que inclui da ampliação de ciclovias a incentivos fiscais para modelos de construção sustentáveis, a administração municipal anunciou, na quinta-feira, medidas para cumprir a ousada meta de neutralizar a emissão de carbono até 2050. Mais que isso. Um dia antes, na abertura oficial do evento, coube ao prefeito da capital, ACM Neto, propor um pacto nacional para salvar a Amazônia, bioma fundamental para um mundo que não deseja perder o verde que lhe resta.