No isolamento da humanidade, os animais ressurgem em zonas urbanas

Senta que lá vem...

Publicado em 19 de abril de 2020 às 09:36

- Atualizado há um ano

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Um dos aspectos que mais me impressionam na pandemia - além do vírus assustador - é a constatação de como invadimos a natureza. No isolamento da humanidade, os animais ressurgem em zonas urbanas. 

Muitos deles estavam condicionados a receber comida como atração de turistas, moradores ou tratadores. Já eram confinados mesmo fora de jaulas. Rios limpos trazem de volta a vida marinha. A poluição desapareceu em muitas regiões. 

Se estamos pagando o preço do progresso de forma tão explícita, escancarada, precisamos repensar a vida para muito além de nossos umbigos. Precisamos de aliados, e não de fogueiras de vaidades. 

Na império nefasto da Covid-19,  profissões antes minimizadas - e até desprezadas - são, enfim, aplaudidas, como garis, motoristas, bancários, balconistas, mecânicos, costureiros, zeladores,faxineiros, cozinheiros, entregadores, mototaxistas. De nada valerá este capítulo decisivo de nossas existências se não mudarmos enquanto é tempo. E tempo sobra, agora, para muitos. Vamos parar com a hipocrisia, a fome de poder e a ambição desmedida. Descer do salto. Se cada um de nós, formigas, fizer a nossa parte, vamos nos redescobrir, enfim, iguais. Talvez assim possamos assumir a verdadeira natureza humana. Ou nos desgarraremos, nus e perdidos, na selva de pedra.

Texto originalmente publicado no Facebook e replicado com autorização da autora