Nova fábrica de fertilizantes é inaugurada em Camaçari

Empresa reaproveitou estrutura da antiga Fafen

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  • Gil Santos

Publicado em 3 de novembro de 2021 às 15:35

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Alberto Coutinho/GOVBA

Uma nova fábrica de fertilizantes foi inaugurada em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, nesta quarta-feira (3). A unidade foi instalada na antiga área da Fábrica de Fertilizantes do Nordeste (Fafen), que encerrou as atividades em 2018, com maior capacidade de produção de ureia e amônia, entre outras substâncias. Foram gerados cerca de 500 empregos diretos e a expectativa do setor é de que o preço do produto diminua.

A unidade de produção foi arrendada pelo Grupo Unigel, em 2020, por meio da empresa subsidiária Proquigel Química, que também adquiriu a unidade da Fafen de Sergipe. A solenidade de inauguração foi uma formalidade. A planta da Bahia já havia retomado as atividades no fim de maio de 2021 e, por volta de agosto, começou a operar plenamente.

O CEO da Unigel, Roberto Noronha, contou que foi preciso fazer mudanças na planta original da fábrica para poder ampliar a capacidade de produção. Novas áreas foram construídas e o espaço logístico foi readaptado. O investimento foi de R$ 300 milhões.

“Tivemos que fazer a troca de muitos equipamentos e grande investimentos em máquinas rotativas, equipamentos estáticos e, principalmente, para retomar a operação do zero. Pegamos algo que estava estático e demos vida de novo. Fizemos um grande investimento para fazer a retomada, isso significa manutenção preventiva, manutenção corretiva, investimento de mais de R$ 300 milhões e a contratação de muita gente”, afirmou.

Ele contou que o processo de adaptação começou no primeiro semestre do ano passado e que atualmente a fábrica está operando com toda a carga. “Tivemos que fazer mudanças, principalmente relacionadas a capacidade de logística porque a movimentação [de máquinas e de pessoas] é muito grande. São 1,3 mil toneladas de ureia por dia”, disse.

O gestor afirmou que a Bahia é o principal polo de investimento da empresa no Brasil. A nova unidade tem capacidade de produção de até 475 mil toneladas por ano de ureia, 475 mil toneladas por ano de amônia e 220 mil toneladas por ano de Arla, substância utilizada em motores a diesel para reduzir a emissão de poluentes.

Além das fábricas de fertilizantes do Polo Industrial Camaçari e de Sergipe, que também já está em operação e que juntas oferecem 1,5 mil empregos, o arrendamento inclui os terminais marítimos de amônia e ureia no Porto de Aratu, na Bahia. Somadas, as duas plantas terão capacidade de produzir 925 mil toneladas de amônia, 1,125 milhão de toneladas de ureia e 320 mil toneladas de sulfato de amônio.

Mercado O governador Rui Costa participou do evento e contou que a inauguração de uma nova fábrica de fertilizantes pode ajudar a reduzir o preço do produto. Ele disse que a demanda por esse tipo de insumo no país é maior que a capacidade de produção, o que obriga os empresários a fazer importações.

“Toda vez que produzimos no Brasil os custos são em Real, enquanto toda vez que compramos produtos importados os preços são praticados em Dólar, o que aumenta os custos. Portanto, ampliar a produção de fertilizantes no país ajuda a baratear esse produto, uma das principais reclamações do setor, e impulsiona a produção de alimentos, grãos e proteínas. Isso é bom para a Bahia e para o Brasil”, afirmou.

Ele aproveitou para criticar a política de preços praticada pela Petrobrás. O secretário especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia, Carlos Alexandre Costa, disse que o governo adotou medidas para reduzir o preço do gás e dos insumos, e que está avaliando se a empresa tem adotado praticas condizentes com o regime concorrencial.

“Esse projeto [a fábrica da Unigel], por exemplo, só foi viabilizado por conta de todas as políticas do governo federal que reduziram o preço do gás e fizeram com que os insumos principais na fabricação dos fertilizantes fossem mais adequados”, disse.

A Fafen era operada pela Petrobras, mas em março de 2018 foi anunciado o fechamento da unidade que produzia ureia, amônia e gás carbônico. A estimativa é de que a decisão impactou em outras 15 fábricas que tinham relação direta com a empresa.