Nunca esteve tão nas nossas mãos

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  • D
  • Da Redação

Publicado em 5 de julho de 2021 às 19:20

- Atualizado há um ano

Eu nunca tinha me dado conta disso até visitar um lixão, anos atrás, o que me levou a fazer esta e várias outras reflexões sobre nosso modo linear de compra, consumo e descarte. O Brasil recicla hoje apenas 3% de resíduos, perde mais de R$8 bilhões pelo fato de não reciclar, gasta alguns outros bilhões com aterro, e o pior, custeia R$1,5 bilhões por ano no SUS com doenças diretamente causadas pelo resíduo.  E não é preciso visitar um lixão para saber que necessitamos alterar alguns hábitos. A pandemia da covid-19 impôs uma ‘nova ordem’ ao Brasil e ao mundo quando nós, brasileiros, já estávamos bem atrasados nas questões socioambientais.  O isolamento social levou as pessoas a consumirem mais em casa, gerarem mais resíduos e a pedirem mais delivery –  o que, consequentemente, resulta em um volume muito maior de embalagens.  Um levantamento da SECIS (Secretaria Municipal de Sustentabilidade, Inovação e Resiliência) de Salvador mediu a quantidade de resíduos coletados antes da pandemia. Por meio dos Pontos de Entrega Voluntária (PEV), instalados em cerca de 35 localidades da cidade, 30 toneladas de resíduos recicláveis eram recebidos por mês (menos de 1 tonelada por mês por PEV). Em junho, apenas na primeira semana de funcionamento de apenas uma das novas casas so+ma, mais de 2,3 toneladas de materiais recicláveis foram recebidos e enviados para reciclagem, contribuindo ainda com a renda de cooperativas da cidade.   A reclusão nos obrigou a olhar definitivamente para os resíduos que produzimos. A quarentena, sabemos, nos trouxe várias reflexões, impulso para a necessidade de reciclar, malhar, cozinhar, de adquirirmos novos comportamentos. Mas agora é preciso transformar esses comportamentos em hábito. Há ainda um longo caminho para a prática ambiental, mas o despertar desta urgência e para uma maior responsabilização sobre o que produzimos e consumimos já é um passo importante. A informação associada à prática são instrumentos fundamentais para esta mudança e nos permite alguns movimentos essenciais que são feitos dentro de casa e garantem uma operação e logística da reciclagem mais eficientes.  Foi este propósito que me fez largar antigos caminhos para criar uma startup voltada para o socioambiental. A so+ma nasceu muito amparada na necessidade de impactar as pessoas e motivá-las a reciclarem, mas também de transformar o que antes seria descartado em oportunidades.  Por isso, criamos um programa de vantagens, que bonifica aqueles que levam resíduos aos nossos postos e, a partir disso, podem adquirir benefícios que vão desde cursos a itens de necessidade básica. Mas o resíduo, ou melhor, o reaproveitamento dele possibilita transformações ainda mais profundas e, com sua reutilização, movimenta uma cadeia enorme, gerando emprego, renda e oportunidades para muita gente, além claro do impacto positivo ao meio ambiente e saúde. Está mesmo nas nossas mãos.

Claudia Pires é cientista comportamental e fundadora da so+ma