'Nunca trisquei naquela moto', diz Kátia Vargas; leia trechos do depoimento

Médica falou por cerca de 1h20 durante o julgamento, nesta quarta

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  • Da Redação

Publicado em 6 de dezembro de 2017 às 13:32

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arte CORREIO

O depoimento da médica Kátia Vargas no tribunal do júri na manhã desta quarta-feira (6) começou 10h02 e terminou 11h20. Era a fala mais aguardada pela plateia.

Ela sentou na cadeira no centro do plenário e começou a responder primeiro as perguntas da juíza. 

O pedido da defesa foi para que a médica respondesse apenas as perguntas feitas pela magistrada e pelos jurados - pedido aceito pela juíza Gelzi Souza. Segundo os advogados de Kátia, a decisão foi motivada pelo tratamento desrespeitoso do Ministério Público com a ré. 

Com a voz trêmula, Kátia começou a falar seu nome, estado civil e profissão. A plateia reagiu e juíza pediu silêncio. Ela disse que não bateu na moto onde estavam os irmãos Emanuel e Emanuelle.

"Não bati no fundo da moto, não bati na lateral, eu ultrapassei a moto", afirmou a médica. Ela disse que após o sinal abrir, o carro em que estava, o Kia Sorento, foi ultrapassado pela direita, pela moto.

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"O piloto [Emanuel] gesticulava dessa forma, como que aborrecido por alguma coisa. Eu não entendi o motivo de ele gesticular. Continuei atrás do carro da frente. Só que eu tentei ultrapassar a moto e fiz a menção de ir pra direita e ele fez a mesma menção de ir pra direita. Eu desisti. Joguei o carro para a direita, acelerei e fiz a ultrapassagem. Não bati no fundo da moto, não bati na lateral, eu ultrapassei a moto", assegurou Kátia Vargas.

Ela diz que perdeu o controle do carro após fazer a ultrapassagem. “Eu me lembro de um barulho. Me lembro de dirigir o carro de um lado para o outro, de [estar] tentando controlar o carro, sem conseguir. Me lembro do carro indo na contramão e eu tentando sair da contramão", relatou Kátia.

E reiterou: "Não houve contato nenhum [a moto]"

A juíza pergunta se em algum momento Kátia teve a intenção de arremessar o carro contra a moto. Kátia garante que não: "Em nenhum momento tive a intenção de arremessar, triscar ou tocar na moto. Em momento algum eu trisquei na moto", explica ela, afirmando que não ouviu o que Emanuel disse, não respondeu e não gesticulou de volta. 

Kátia negou que tenha discutido no trânsito com Emanuel e que ele tenha batido no carro dela.

A juíza pergunta se a médica arremessou o carro contra o fundo da moto. Kátia responde “não”. A magistrada questiona se a moto ficou imprensada entre o carro e o poste, Kátia diz que “em momento algum”.

Kátia diz que acelerou o carro não para alcançar a moto, mas para ultrapassar o veículo dirigido por Emanuel.

Por fim, a juíza pergunta se a ré tem mais alguma coisa em sua defesa.  “Em momento algum eu tive a menor intenção de causar algum acidente naquele dia. Eu nunca trisquei naquela moto, eu ultrapassei completamente”, afirmou Kátia Vargas."Hoje tomo três antidepressivos, mais três medicações para dormir. Vivo por causa de meus filhos. Trabalhar é com custo. Tem dias que não consigo trabalhar. Tenho medo de sair, de enfrentar as pessoas. Tenho síndrome de pânico", afirmou Kátia Vargas, durante depoimento no júri.

Confira trechos do depoimento

Juíza pergunta: Conta que no dia 11 de outubro de 2013, nas imediações da avenida Oceânica, a senhora estava conduzindo um Kia  Sorento em alta velocidade e arremessou seu veículo contra o fundo da motocicleta Yamaha pilotada por Emanuel Gomes Dias, que trazia na garupa sua irmã, Emanuelle Gomes Dias. É verdadeira a acusação?

Kátia responde: Doutora, mesmo hoje, quatro anos depois, eu não consigo lembrar de todo os detalhes daquele dia. Tenho lacunas do que aconteceu. Não sei se pelo acidente ou por medicação, não consigo lembrar de tudo. Mas lembro que, na véspera, normalmente estava com minha filha, me despedi de minha filha e sai em torno de 6h15. Troquei de roupa e sai. Depois da aula da academia, a professora me pediu uma receita de medicação. Eu fiz a receita e a gente ainda ficou conversando e tomando um suco, não tenho certeza. Ficamos conversando e fui em direção à Avenida Oceânica.  "Não bati no fundo da moto, não bati na lateral, eu ultrapassei a moto", afirma médica. 

"Quando eu estava começando a sair do sinal, a moto ultrapassou pela direita. O piloto gesticulava dessa forma como que aborrecido por alguma coisa. Eu não entendi o motivo de ele gesticular. 'Por que ele está gesticulando comigo?' Continuei atrás do carro da frente. Só que eu tentei ultrapassar a moto e fiz a menção de ir pra direita e ele fez a mesma menção de ir pra direita. Eu desisti. Joguei o carro para a direita, acelerei e fiz a ultrapassagem. Não bati no fundo da moto, não bati na lateral, eu ultrapassei a moto", completa Kátia Vargas a resposta dada para a primeira pergunta da juíza.

"E quando voltei, eu perdi o controle do carro. Eu me lembro de um barulho. Me lembro de dirigir o carro de um lado para o outro, de [estar] tentando controlar o carro, sem conseguir. Me lembro do carro indo na contramão e tentando ir na contramão", relata Kátia Vargas

Juíza pergunta se a médica perdeu a consciência.Kátia responde: Não perdi a consciência, mas fiquei bastante atordoada.

Juíza pergunta se houve contato com a moto.

Kátia responde: Não houve contato nenhum.

Juíza pergunta se Kátia teve intenção de arremessar o carro contra a moto.

Kátia responde: Em nenhum momento tive a intenção de arremessar, triscar ou tocar na moto. Em momento algum eu trisquei na moto. Não ouvi o que ele disse, não respondi e não gesticulei de volta.

Juíza pergunta: A senhora disse que estava indo para a papelaria?

Kátia responde: Eu tinha a intenção de ir, mas não sabia onde (era). Quando eu saí tinha a intenção de ir pela pista de dentro, mas como estava fechado e engarrafado eu fui pela pista de fora. 

Juíza pergunta: No momento que a senhora foi reduzindo se recorda de outros carros? 

Kátia responde: Só o meu e a moto. Não lembro o nome da rua em que saí, mas é uma rua que fica perto do Salvador Praia Hotel.

Juíza pergunta:  Em que momento a senhora visualizou a motocicleta?

Kátia responde: No momento em que ela me ultrapassou gesticulando. Não houve discussão e não lembro dele bater no carro.

Juíza pergunta: A motocicleta chegou a parar?

Kátia responde: Não, mas eu estava andando devagarzinho. 

Juíza pergunta: O condutor da moto chegou a bater no carro da senhora?

Kátia responde: Não 

Juíza pergunta: A senhora arremessou seu carro contra o fundo da moto?

Kátia responde: Não

Juíza pergunta: A moto ficou imprensada entre seu carro e o poste?

Kátia responde: Em momento algum

Juíza pergunta: Em algum momento a senhora acelerou o carro para alcançar a moto?

Kátia responde: Para alcançar não, para ultrapassar a moto.

Juíza: Esse barulho que a senhora diz que ouviu já tinha passado a sinaleira ou já tinha ultrapassado?

Kátia: Já tinha passado

Juíza: Qual foi a sensação quando a moto passou gesticulando?

Kátia: Eu não entendi

A juíza pergunta se ela chegou a ver o momento que a moto se chocou contra o poste. Ela disse que não. 

Juíza pergunta: Tem mais alguma coisa em sua defesa? 

Kátia responde: Em momento algum eu tive a menor intenção de causar algum acidente naquele dia. Eu nunca trisquei naquela moto, eu ultrapassei completamente. 

Kátia diz que é oftalmologista e trabalha em clínica particular, que nunca foi presa ou processada em nenhuma outra vez. 

***

Juíza diz: Apesar da questão de ordem, o Ministério Público pediu que constassem as perguntas.

Promotor Luciano: A senhora, quando foi ouvida em juízo na Justiça, na primeira fase do processo, o doutor Moacyr (Pitta Lima, juiz que conduziu a primeira fase do processo) perguntou de qual lado do carro a senhora ultrapassou a moto. Lá, a senhora disse pela esquerda. Aqui a senhora disse pela direita.

A pergunta não foi respondida. 

Promotor Luciano pergunta: A senhora disse que a moto a ultrapassou e prostou-se em sua frente, e que a senhora tentou jogar sinal de luz. 

O advogado José Luis diz que, por orientação da defesa, ela não vai responder. 

Promotor Luciano pergunta: Quando a senhora foi ouvida na primeira fase do processo, o juiz perguntou  ‘Foi nesse momento que houve o tapa?’, e a senhora responde que foi. Houve ou não houve tapa? Se a senhora disse que houve tapa porque a senhora nega agora?

O advogado José Luis diz que, por orientação da defesa, ela não vai responder. 

Promotor Luciano pergunta: A senhora estima em que velocidade a senhora dirigia na Avenida Oceânica? 

O advogado José Luis diz que, por orientação da defesa, ela não vai responder. 

Davi Gallo pergunta: Recentemente a senhora deu uma entrevista a um veículo de comunicação que saiu no último domingo (entrevista exclusiva ao CORREIO). Nessa entrevista a senhora diz que se tivesse encontrado a mãe das vítimas pediria perdão. Se hoje a senhora diz que não tocou [na moto], a senhora pediria perdão, por que?

O advogado José Luis diz que, por orientação da defesa, ela não vai responder. 

Assistente de acusação, Daniel Keller pergunta: Logo após o fato, a senhora foi submetida a um exame de lesões corporais. Ao ser submetida, a senhora foi examinada pelo perito Mário César Pontes. Quando ele examinou  a senhora, no dia 15 de outubro, ele a fez algumas perguntas. A senhora respondeu e ele fez constar. A senhora alega ter sido vítima de um acidente automobilístico após se envolver em uma discussão de trânsito. A senhora mentiu para o perito? Não houve discussão? 

O advogado José Luis diz que, por orientação da defesa, ela não vai responder. 

***

Kátia começa a ser questionada pelo advogado de defesa, José Luis. Ele pergunta onde ela nasceu e como foi a infância. 

Kátia responde: Nasci em Salvador e tive a infância normal de classe média. Tenho três irmãs do primeiro casamento de meu pai. 

Advogado José Luis pergunta: Quando você decidiu fazer medicina?

Kátia responde: Sempre quis.

Advogado José Luis pergunta: Com quantos anos entrou [na faculdade] e qual [faculdade]?

Kátia responde: 19 anos, na Escola Bahiana. Tive uma carreira, no início, como todos os médicos, bastante difícil. É comum na minha profissão. Hoje eu tenho uma clínica e trabalho em uma particular. Sou casada há 22 anos com Paulo. Tenho dois filhos, de 18 e 20, Ana Carolina e Paulo Henrique. Faço atividades sociais com a 'Corrente do Bem'. Vamos nas creches e fazemos atendimentos médicos e odontológicos. E fazemos a parte estrutural através de doação, e fizemos construção da creche.

Advogado José Luis pergunta: Há quanto tempo você faz [atividades sociais]?

Kátia responde: Há 10 anos

Advogado José Luis pergunta: O que você fez no dia dos fatos, pela manhã?

Kátia responde: Eu acordei por volta de 15 para as sete, me despedi de minha filha, que foi para a escola, troquei de roupa e fui para minha aula de dança, que começava às 7h. Era aula para o festival que teríamos no fim do ano. Por volta de 8h, a aula terminou e a professora me chamou para dar uma receita de medicação para a filha dela, que estava com problema no olho. Fiz a receita, tomamos o suco, se não me engano, e saí da escola por volta de 8h20.

Advogado José Luis pergunta: E depois?

Kátia responde: Entrei no carro e fui em direção à Avenida Oceânica. Olhei para ver se vinha algum carro, e não vinha nenhum. Saí e fui em direção à esquerda da pista e fui reduzindo para chegar no sinal, que estava fechado, para saber se vinha [carro] ou não. Como não abriu, eu segui em frente. Quando eu estava acelerando para sair do sinal, a moto me ultrapassou pela direita, gesticulando com o braço esquerdo, me ultrapassou e ficou na minha frente. Nunca tinha visto a moto antes. Seguimos. A moto em minha frente, e eu atrás. Eu acelerando mais que a moto. Seguimos. A moto em minha frente, e eu atrás. Eu acelerando mais que a moto. Chegou um ponto que eu queria ultrapassar a moto e tentei.  Dei sinal de luz e a moto não abriu [para passagem], fiz uma menção de ir para a direita e ultrapassar a moto. Mas a moto também fez a mesma menção. Eu desisti e acelerei, acelerei mesmo e ultrapassei a moto. Não sei quanto tempo fiquei no carro após o acidente. Ninguém foi falar comigo enquanto estava no carro.

Advogado José Luis pergunta: Você em algum momento tocou no fundo da moto?

Kátia responde: Não. 

Advogado José Luis pergunta: Na lateral?

Kátia responde: Não

Advogado José Luis pergunta: Na roda dianteira?

Kátia responde: Não

Advogado José Luis pergunta: Fechou seu carro na moto?

Kátia responde: Não

Advogado José Luis pergunta: Você tem alguma dúvida do que está dizendo?

Kátia responde: Não

Advogado José Luis pergunta: Quem foi a primeira pessoa que falou com você?

Kátia responde: Um policial. Quando eu retornei para a pista - e não lembro a ordem exata das coisas. Lembro que perdi o controle do carro. Teve um barulho. O carro rodou de um lado para o outro e fiquei desesperada. Lembro do carro batendo na grade e eu batendo a cabeça no vidro do carro. Não lembro se eu freei antes ou freei depois, se o barulho veio antes ou depois.

Advogado José Luis pergunta: Foi levada a que hospital?

Kátia responde: Aliança, na ambulância.

***

O advogado de defesa Rodrigo Dall'Acqua fez então outras perguntas do Ministério Público e do assistente de acusação que Kátia não respondeu.

Rodrigo pergunta:  Kátia, o assistente de acusação questionou a respeito de um laudo de lesões corporais que está nos autos, feito quatro dias depois do acidente. O que você se recorda?

Kátia responde: Eu só me lembro de uma pessoa ir lá tirar fotografia e levantar minha roupa. Basicamente isso. Não lembro o tempo que fiquei internada. Tive uma lesão no quadril.

 A médica lembrou dos momentos em que esteve presa.

"Recebi visita do meu marido, padre Paulo Avelino, que me deu muita ajuda espiritual e alguns amigos. Eu não lembro de muitos detalhes do hospital, além de quem entrava e saía. Quando cheguei na penitenciária, lembro de ter revista íntima, ser levada para uma sala que tinha muita confusão e depois para uma cela. 

Rodrigo pergunta: Fez alguma pergunta?

Kátia responde: Não lembro

Rodrigo pergunta: Ele escreveu no laudo como se você tivesse dito isso para ele. Você disse para esse membro do IML que se envolveu em uma discussão de trânsito?

Kátia responde: Não

Rodrigo pergunta: Você se envolveu?

Kátia responde: Não

Rodrigo pergunta: As perguntas do MP e do assistente de acusação dizem que existem contradições entre um depoimento que a senhora prestou quatro anos atrás. No prontuário médico constam os remédios que os médicos estavam dando para você. Estava tomando na veia de forma intravenosa medicação contra náuseas e um analgésico, Tramal. Também estava tomando Rivotril e um ansiolítico. Esse prontuário foi assinado por médicos que lhe atenderam no hospital. No prontuário, consta que a senhora foi aferida com histórico de concussão cerebral e que apresentava amnésia após um evento específico. 

Kátia responde: Não sou eu que estou falando. É o laudo médico.

Rodrigo pergunta Pela quarta vez, se ela encostou o carro na moto, se bateu na moto... 

Kátia Vargas começa a chorar.

Rodrigo pergunta: No prontuário médico constam os remédios que os médicos estavam dando para você. Estava tomando na veia medicação intravenosa contra náuseas e um analgésico, Tramal. Também estava tomando Rivotril e um ansiolítico, e ainda foi acrescentado Tilex, outro analgésico. E foi acrescentado um remédio para mudança de humor, e um remédio utilizado para transtorno do pânico, e um sétimo remédio indutor do sono. Nessas condições, quando a senhora saiu da penitenciária para prestar depoimento, a senhora tinha condições de relatar exatamente o que aconteceu?

Kátia responde: Não

Rodrigo pergunta: Como eram seus dias tomando essas medicações no sistema penitenciário? 

Kátia responde: Hoje tomo três antidepressivos, mais três medicações para dormir. Vivo por causa de meus filhos. Trabalhar é com custo. Tem dias que não consigo trabalhar. Tenho medo de sair, de enfrentar as pessoas. Sinto pânico.

*** 

Advogado José Luis, da defesa, retorna e pergunta: A senhora consegue se recordar do tempo do acidente?

Kátia responde: Não

Advogado José Luis pergunta: Você se recorda de receber visitas enquanto estava presa?

Kátia responde: Meu marido, padre Paulo e de alguns amigos. Eu não lembro exatamente quem, nem os nomes de todos.

Advogado José Luis pergunta: Você se recorda de ter sido ouvida pela autoridade policial?

Kátia responde: Quando eu cheguei na penitenciária, me lembro de tudo. Uma revista íntima, lembro de muita confusão, e depois, de ser levada para a cela, mas não lembro de nenhum juiz. 

Advogado José Luis pergunta:  Quando você prestou depoimento perante o juiz você estava presa?

Kátia responde: Estava

Advogado José Luis pergunta: Você poderia afirmar que estava em pleno gozo de suas faculdades mentais?

Kátia responde: Não.

Advogado José Luis pergunta: Você descreve um barulho, que teria sido do condutor da moto. Você mantém essa afirmação? 

Kátia responde: Não. Depois de quatro anos pensando nesse acidente todos os dias, eu sei que não teria como ser o barulho de um murro em meu carro. Era muito maior, mais extremo. 

Advogado José Luis pergunta: Você diz na folha 3077 [do processo] que houve um barulho e que remeteu a um murro, mas não viu. Por que naquele interrogatório você se recusou a  olhar as imagens?

Kátia responde: Porque para mim era tão claro que eu tinha ultrapassado a moto, e achei que os vídeos não poderiam mostrar nada além do que tinha acontecido. Não me ajuda em nada.

Advogado José Luis pergunta: E você assistiu esses vídeos quando?

Kátia responde: Com você, em abril de 2014.

Advogado José Luis responde: Você voltou a dirigir?

Kátia responde: Não

Advogado José Luis pergunta: Você foi a Aparecida do Norte pagar alguma promessa?

Kátia responde: Não

Advogado José Luis pergunta: Antes do acidente você tomava algum remédio psiquiátrico?

Kátia responde: Não

Advogado José Luis pergunta: E depois do acidente como é sua vida?

Kátia responde: Voltei a trabalhar na metade de 2014, não de forma normal, 4 turnos e meio por semana. Com a proporção que a coisa tomou, foi impossível ter contato com a família, pela forma que a coisa foi colocada na imprensa. Fui colocada como uma monstra que jogou o carro em cima da moto.

***

Advogado de defesa Luís: Essa manobra era correta ou imprudente?

Kátia: Era imprudente

Advogado de defesa Luís: Imprudência para você significa intenção de matar duas pessoas?

Kátia: NãoAdvogado José Luis pergunta: Você quis matar Emanuel e Emanuelle?

Kátia responde: Não, de jeito nenhum

Após responder essa pergunta a médica começa a chorar e se retirou