O Amapá também fica no Brasil

As notícias que marcaram a semana

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  • Andreia Santana

Publicado em 21 de novembro de 2020 às 07:00

- Atualizado há um ano

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Os brasileiros gostam de criticar povos que só olham para o próprio umbigo. Na internet, qualquer distúrbio nos Estados Unidos, por exemplo, é logo  ‘analisado’ como resultado do desconhecimento que o americano médio tem do mundo fora das cercas de seu quintal. Falta autocrítica aí. Boa parte dos ‘brasileiros médios’ também não avança muito além das fronteiras da cidade ou estado onde nasceu. 

A região Norte, com exceção do Amazonas e do Pará,  é praticamente ‘terra de ninguém’ para o resto da população. Só desconhecimento explica porque o drama do povo do Amapá, que já dura quase 20 dias, comove tão pouco o restante do país. 

Fosse o apagão em São Paulo, o governo federal já teria se movido com mais agilidade para resolver o problema. E a internet brasileira estaria mobilizada em campanhas de solidariedade às vítimas. São Paulo é vitrine, o Amapá é longe, portanto, invisível. 

O apagão aconteceu em 3 de novembro em 13 das 16 cidades amapaenses. Já é considerado o maior blackout no Brasil desde o apagão nacional em 1999 (quem lembra desse?).  População de Macapá protesta após apagão (Foto: Rudja Santos/AM Real) No dia 17, terça-feira, outra falta de energia generalizada acometeu as mesmas 13 cidades, incluindo a capital Macapá. O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, só visitou o Amapá dias após o apagão. 

Na sexta, 20,  acionou o gerador de uma termoelétrica que vai funcionar como solução paliativa. A pasta dele autorizou instalação de 22 unidades emergenciais de geração de energia no estado, mas os prejuízos se acumulam para quem vive lá. 

O presidente Bolsonaro não sobrevoou o Amapá até hoje. Mas sobrevoou Florianópolis (SC), em julho, no dia seguinte à devastação causada por um ‘ciclone bomba’. Amapá é tão Brasil quando Santa Catarina.

A Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) – Revcom, que fica na cidade amapaense de Santana e abriga quase 300 animais silvestres resgatados do tráfico e de criadouros ilegais, perdeu, essa semana, mais de 400 quilos de carne e vegetais suficientes para alimentar os animais em tratamento por sete dias. Será que o sofrimento dos bichos vai sensibilizar mais?

Outros destaques do noticiário Banhistas abriram mão dos protocolos de segurança na reabertura do Porto (Foto: Nara Gentil/CORREIO) Porto da Barra aglomera em primeiro dia de reabertura

Após oito meses de interdição, a praia do Porto da Barra, um dos cartões-postais de Salvador, foi reaberta na terça-feira, 17, e não teve areia para quem quis. O problema é que os banhistas ansiosos esqueceram as máscaras em casa. Bolsonaro fez discurso de abertura da Cúpula do Brics (Foto: Reprodução)  Madeira ilegal

O presidente Jair Bolsonaro resolveu jogar a responsabilidade do desmatamento da Amazônia em outros países, mesmo que o seu governo esteja falhando em fiscalizar a destruição da floresta por derrubadas e queimadas. Na terça, 17, em seu discurso na abertura da Cúpula do  Brics - grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul -, que este ano aconteceu online por conta da pandemia, ameaçou divulgar "a lista dos países que compram madeira ilegal da Amazônia".  Ana Maria Braga foi criticada nas redes sociais (Foto: Reprodução) Faltou consciência

Ana Maria Braga, do Mais Você (Globo), finalizou o programa da sexta, 20, Dia da Consciência Negra, concordando com uma frase que  afirma que as pessoas não precisam de 'um dia da consciência negra, branca, parda...  Precisam de 365 dias de consciência humana’. O texto, atribuído a Thiago Saraiva e postado na internet, e a postura de Ana Maria em endossar o pensamento equivocado do autor foram bastante criticados nas redes sociais. Faltou sensibilidade à apresentadora, que devia saber que negar o racismo estrutural brasileiro não vai fazer o problema sumir, simplesmente. Número de infectados aumentou em Nova York (Foto: AFP/Arquivo) Nova York suspende as aulas de novo1.596 mortes por covid-19 foram registradas nos EUA em um único dia essa semana. Por conta do índice alarmante,  Nova York,  cidade com o maior distrito escolar norte-americano, anunciou, na quarta-feira, 18, nova suspensão das  aulas presenciais. A taxa de infecção também aumentou em crianças. Final de linha de Pernambués (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Com tiros e sem buzu

Pelo menos dois bairros de Salvador ficaram sem ônibus essa semana por conta da violência. Em Águas Claras, um tiroteio entre policiais e traficantes, na quarta, 18, terminou com seis mortos e um PM baleado. No final de linha de Pernambués, pelo mesmo motivo e porque traficantes anunciaram toque de recolher após a PM matar o chefe do tráfico Babalu (Luciano Silva dos Santos) os ônibus não circularam na quinta, 19. Embora a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) tenha informado o reforço no policiamento nas duas localidades, os moradores dessas regiões da cidade já não suportam o medo e ter de andar a pé.  Terminais de ônibus ficaram mais vazios nos primeiros meses da pandemia (Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil) Medo de infecção

Uma pesquisa divulgada na quarta, 18, pela Moovit, empresa de soluções de mobilidade que criou o aplicativo homônimo, mostra que os brasileiros passaram a rejeitar mais o transporte coletivo após a pandemia. O levantamento foi feito com 9,5 mil usuários do app em SP, RJ, DF, MG e CE, de 14 a 21 de agosto. Os dados mostram que 85% dos entrevistados usavam transporte coletivo diariamente antes da pandemia, mas só 70%  dos ouvidos pretendem voltar a usar nos seis primeiros meses após o surto acabar. Harry na capa da Vogue britânica de Dezembro (Foto: Divulgação) O que as celebridades disseram:"As roupas existem para nós brincarmos e experimentarmos com elas. O que é realmente animador é que as fronteiras estão caindo. Quando você tira o 'existem roupas para homens e roupas para mulheres', derruba essas barreiras, obviamente você abre uma arena em que você pode jogar", Harry StylesO cantor usa um vestido Gucci na capa da Vogue britânica de Dezembro, que foi divulgada essa semana. Em entrevista à revista, ele comentou sobre se inspirar em cantores como Prince, Freddie Mercury e David Bowie, entre outros, que sempre desafiaram as normas de gênero impostas pelo preconceito da sociedade.