O artista que pinta ao sabor do vento

Linha Fina Lorem ipsum dolor sit amet consectetur adipisicing elit. Dolorum ipsa voluptatum enim voluptatem dignissimos.

  • Foto do(a) author(a) Cesar Romero
  • Cesar Romero

Publicado em 9 de setembro de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: .

Obra de Daniel Cavalcanti, que faz sua primeira exposição em Salvador (foto/divulgação) Para a segunda edição do Encontro de Artes da loja Novo Projeto (Av. Paulo VI, Pituba) foi convidado o artista plástico pernambucano Daniel Cavalcanti que fica em cartaz até 20 de setembro.

Contador por formação, começou a pintar motivado pela vontade de decorar a casa para qual tinha acabado de se mudar. Foi em 2015 que decidiu preencher as paredes brancas que nasceram os primeiros quadros. Surpreso com os resultados deu seguimento e aprovou os efeitos. Seu fazer dá-se ao acaso, com a tela repousada no solo molhado, ele escolhe as cores e une a tinta acrílica a mais água e espera que as interferências dos ventos façam sua dança e espalhe a tinta em várias direções.

Quem pinta é o vento, ele apenas escolhe as cores que mistura com água, numa superfície ainda mais molhada. Pode-se pensar na simplicidade, na singeleza do processo, o pintor não faz desenho prévio, a principio não escolhe dimensões, nem usa pincéis. Na agudez do seu olhar seleciona as aparições, corta os espaços de interesse. Aí vai seu trabalho cerebrotônico, sua inteligência visual, meditar sobre as escolhas, definir as dimensões e cortar a tela. Põe chassis e envolve o trabalho com uma delicada baquete. Está pronto o quadro.

As abstrações não têm contornos precisos, surgem como manchas coloridas que parecem convulsionar-se no suporte.

A razão dessa pintura é o vento e as transformações que causa em seu percurso, misturando as tintas, evoluindo em formas. A trama criada vai depender da velocidade do vento, desde a brisa à ventania.

A pintura de Daniel Cavalcanti dá-se ao acaso, e isso não é um demérito, é uma escolha.

Seu início profissional deu-se ao ser convidado para integrar três ambientes da Casacor – Pernambuco foi o artista que expôs o maior número de telas da mostra. Toda Casacor tem grande visibilidade e ele foi “descoberto” por arquitetos e o grande público.

Buscando profissionalizar-se, Cavalcanti tem dois espaços em Recife um showroom quando estabelece contato com o público, apresentando suas produções e em um amplo terraço na casa onde deixa acontecer suas pinturas.

Esta é sua segunda exposição individual, antes mostrou Cores de Noronha, em Recife, na Galeria Garrido, - o nome é autoexplicativo, escolheu cores que lembrasse a beleza das ilhas.

Agora é sua primeira exposição na Bahia, traz dez quadros de médias dimensões, que se espalham no espaço expositivo aquecendo de luz o ambiente.

Nesta sua mostra baiana buscou os azuis do céu e mar, a atmosfera de acolhimento da cidade do Salvador, quando a magia está nos ventos que sopram e nos envolvem por inteiro.

César Romero é crítico de arte e escreve toda segunda-feira