O Brasil não precisa mudar

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  • Da Redação

Publicado em 19 de novembro de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

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O Brasil é um dos países mais abençoados do mundo e nos oferece tudo o que precisamos para viver de forma plena. Repito: quem precisa mudar é o brasileiro. A mudança começa quando paramos de esperar do governo e começamos a promover a mudança de dentro pra fora, a partir de nossas atitudes e comportamentos diários.

As atitudes consideradas “pequenas” pela maioria, se refletem no cenário macro da economia. Aqui, eu estou falando do indivíduo que fura a fila no banco, que estaciona na vaga de idoso “bem rapidinho”, que não devolve o troco que veio errado. Estou falando do cidadão que faz uso de drogas e financia o crime na favela, sendo co-responsável pelo crescimento exponencial das quadrilhas que amedrontam a população. Estou falando daquele ou daquela que espera o filme sair no DVD falsificado para comprar e assistir em casa, desrespeitando o criador do filme. Sim, estou falando daquele que bebe e vai dirigir, ou até mesmo daquela que falsifica a carteirinha de estudante para “pagar meia” no cinema. Lembro também daqueles que “roubam” o sinal da TV a cabo do vizinho, sem que ele saiba, ou compram um aparelho decodificador de sinal pela própria internet sem precisar pagar mensalidade às operadoras, que, afinal, “cobram muito caro”.

Não sei se você sabe, mas milhares de pessoas recebem aposentadoria de forma precoce por meio de mentiras terríveis. Diariamente policiais são subornados para evitar multas. Diariamente, pessoas batem o ponto no trabalho no lugar do colega. Isso começou quando pedíamos para nossos amigos assinarem nossa lista de presença na escola, quando estávamos “filando” aula. Milhões de assinaturas são falsificadas todos os dias. Pois é, estas são algumas das “corrupções nossas de cada dia”.

Infelizmente, a grande maioria destes “micro-corruptos” reclamam fortemente do governo e fazem “textão” nas redes sociais criticando intensamente a corrupção. Gostamos muito de apontar o dedo para deputados, senadores e governantes, mas todos os dias somos tão corruptos quanto. Pois é, estou falando das microcorrupções que foram instaladas na sociedade brasileira e hoje passam despercebidas pelos olhos de milhares, todos os dias.

Um dos canais com maior audiência da televisão brasileira nos convida a refletir diariamente: “qual é o Brasil que eu quero?”. Inspirado pelo grande amigo e empreendedor consciente Fred Alecrim, eu costumo sugerir que esta pergunta seja mudada para: “qual é o Brasil que eu estou ajudando a construir?”. Precisamos de mais protagonismo. Precisamos de pessoas que estão dispostas a fazer acontecer, e não daquelas que esperam acontecer. Já existe muita gente reclamando da escuridão. Precisamos de gente disposta a acender as luzes.

O grande problema é que a mentalidade é voltada para justificar as atitudes. Frequentemente, ouvimos frases como: “do que adianta eu fazer minha parte, se ninguém faz?”, ou até: “isto é tão pequeno perto do problema que estamos vivendo”. Perceba que estas são afirmações oriundas de um baixo nível de consciência, que por sua vez é fruto de uma educação fragmentada, que não foca em desenvolver seres humanos integrais, e sim pessoas robóticas e egocêntricas, que olham mais pra fora do que pra dentro. 

E você pode estar se perguntando: “mas o que isso tem a ver com os negócios?”. A resposta é: “Tudo!”. Este comportamento é transferido diretamente para as empresas, que por sua vez tratam pessoas como recursos, sonegam impostos, ferem fornecedores e promovem acidentes emocionais terríveis todos os dias – mas no final do dia, reclamam do Estado. Basicamente, a grande parte do setor privado não faz sua parte e condena o governo; que, por sua vez, aponta o erro para outros. É uma falta de protagonismo sem tamanho. Falta consciência, falta autorresponsabilidade. Falta o sentimento de pertencimento.

Fomos programados a depositar nossa esperança e desejo de mudança no setor público e esquecemos que o setor privado possui uma força de transformação imensurável, capaz de realmente elevar a humanidade para outro patamar. Para isso, precisamos implementar nas empresas o tripé́ da transformação: consciência, propósito e humanização. Precisamos, também, urgentemente, compreender que estes elementos não oferecem caminhos contrários ao lucro e à rentabilidade. Pelo contrário, estes elementos são a base para organizações prósperas daqui pra frente. Mas, isto tudo começa com a mudança do brasileiro.

Mais uma vez, eu relembro: o Brasil não precisa e nem vai mudar. Quem precisa mudar é o brasileiro. Uma atitude de cada vez. Sigo afirmando: a mudança acontece de dentro pra fora. E vou além: se você̂ e sua empresa não são parte da solução, lembre-se que vocês são parte do problema. A regra é simples: ou sua empresa soma, ou sua empresa some!

 Kiko Kislansky é especialista em Propósito, educador corporativo e escritor; e tem coluna publicada às terças-feiras