'O cara antes de ser capitalista é racista', diz Vovô do Ilê sobre escassez de patrocínio

Presidente do bloco afro criticou falta de apoio para as entidades negras

  • Foto do(a) author(a) Luan Santos
  • Luan Santos

Publicado em 17 de fevereiro de 2019 às 10:35

- Atualizado há um ano

. Crédito: Vovô do Ilê criticou falta de apoio para as entidades negras durante coroação da Deusa do Ébano 2019 - Foto: André Frutuôso/Divulgação

O presidente e fundador do Ilê Aiyê, Antônio Carlos do Santos, popularmante conhecido como Vovô, afirmou que o bloco enfrenta mais uma vez dificuldades para desfilar. Em entrevista ao CORREIO, ele contou que o Ilê teria dificuldades para pagar os custos da 40ª Noite da Beleza Negra, realizada na noite deste sábado (16) na Senzala do Barro Preto, no bairro do Curuzu.

Além do desfile no Carnaval, e se queixou da falta de patrocínio das grandes empresas para os blocos afro.  "Estamos com problema para pagar isso (a Noite da Beleza Negra). O Carnaval também. Vamos sair, mas está muito difícil sem patrocínio", afirmou, sem entrar em detalhes nos custos. 

Vovô frisou que a festa realizada pelo Ilê é um espetáculo para o Brasil e para o mundo que fez uma verdadeira revolução cultural. "Mas os empresários, as grandes empresas ainda não se tocam. O cara antes de ser capitalista é racista", criticou. 

Não é a primeira vez que o presidente do Ilê se queixa de dificuldades financeiras para custear as atividades do bloco. Nos anos anteriores, ele já reclamava da falta de patrocínio para os blocos afro. "Eles (os empresários) não querem associar a marca deles com o povo negro", chegou a afirmar em entrevistas no ano passado.

A Noite da Beleza Negra 2019, que elegeu a secretária executiva Daniele Nobre, teve como tema o Afrofuturismo.  “A linguagem afrofuturista estará presente no cenário, na trilha musical, nos vídeos e figurino. Para além do próprio Ilê, que é Afrofuturista desde 1975”, comenta Ridson Reis, responsável pela direção artística do evento. 

As atrações musicais deste ano confirmam a grandiosidade desta edição da festa, que há 40 anos ininterruptos exalta o valor e a beleza da mulher negra, sendo o único concurso no país com esse cunho e que acontece há tantos anos. Caetano Veloso, Gilberto Gil e Daniela Mercury subiram ao palco, ao lado da banda anfitriã, a Band’Aiyê, abrindo mão de cachês para reverência à história desse evento, que promoveu uma revolução estética e ofereceu um novo patamar de reconhecimento às mulheres negras brasileiras.