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Da Redação
Publicado em 24 de março de 2020 às 17:18
- Atualizado há 2 anos
O Comitê Olímpico Internacional (COI) demorou, mas finalmente cedeu à forte pressão da opinião pública e adiou oficialmente a Olimpíada para 2021, ainda sem datas ou calendário fechado. Decisão que por sua morosidade arranha a imagem da entidade, que esteve todo tempo muito mais preocupada com acordos comerciais, prejuízo econômico e em todo trabalho que terá para reorganizar os Jogos do que com a saúde da população mundial e falta de condições para treinos e classificatórios de muitos atletas (42% das modalidades ainda não tinham definição das vagas para Tóquio-2020.>
E agora, com a atitude tomada, qual o tamanho do desafio que o COI tem pela frente? O primeiro é realmente de ordem financeira. Fazer uma Olimpíada é algo muito caro e o prejuízo está com a entidade e com o governo japonês. O trabalho para minimizar o problema começa pela renegociação de contratos publicitários e de televisões. Passa também por redimensionar o apoio logístico que estava programado para terminar em 2020 e agora se estenderá por mais 12 meses. O mesmo se aplica à manutenção dos equipamentos (tudo já pronto há tempos), assim como o "abacaxi" de ter que adiar as entregas dos apartamentos da Vila Olímpica para seus futuros moradores.>
O segundo desafio – e este é o que mais nos interessa – é reorganizar toda a lógica de classificação aos Jogos. As vagas já conquistadas estão mantidas. Haverá novos torneios pré-olímpicos. No futebol, o sub-23 será sub-24? Como serão os acordos com as federações internacionais que já tinham em seus calendários competições para a mesma data que será marcada a "nova" Olimpíada?>
E os atletas? Fico pensando em quão duro será para Robert Scheidt (46) e Formiga (42) manterem mais um ano de preparação em alto rendimento. E todo trabalho de fisiologia a ser remontado para que o ápice físico chegue em 2021 e não mais em agosto deste ano. E o próximo quadriênio olímpico, que agora será um triênio, como isso impactará treinos e competições?>
As respostas a todos esses desafios não podem demorar a chegar. A grandeza de uma competição como essa exige muito planejamento e uma execução perfeita. Não há a possibilidade de fazer as coisas "a facão". Nas próximas semanas já devemos ganhar uma data para a Olimpíada e também para os Jogos Paralímpicos. Será o pontapé inicial de um longo e renovado jogo em que todo mundo, de alguma maneira, já perdeu, mas que certamente servirá de exemplo de superação a dirigentes, atletas e fãs.>
Luiz Teles é jornalista e escreve às terças-feiras.>