O desportista e carnavalesco Aroldo Maia

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  • Nelson Cadena

Publicado em 6 de agosto de 2020 às 05:00

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Salvador preparava a grande festa do quatricentenário de fundação da cidade, em 1949, comemorado com um desfile cênico sem precedentes na sua história, quando o governador Otavio Mangabeira convidou Aroldo Maia para compor a comissão organizadora dos festejos e ser o seu principal executivo; junto com Pinto de Carvalho, Oscar Pontes, Orlando Barreto de Araújo, Oscar Carrascosa e Orlando Garcia. Mangabeira sabia da importância e do talento empreendedor de um dos baianos mais notáveis de seu tempo, o esportista e carnavalesco Aroldo Maia, memorialista infelizmente esquecido. Basta conferir a relação de ruas da cidade, nenhuma leva seu nome.

 Aroldo era neto do celebre engenheiro Alexandre Freire Maia Bitencourt, fundador e diretor da Escola Politécnica e projetista do Palácio Rio Branco e filho do casal Alexandra Maia e Angelina Hasselmann. Ingressou na vida pública, na década de 1920 como escriturário da Secretaria da Fazenda, ali desempenhou várias funções e chefias até ser nomeado diretor do arquivo da pasta.

Seus superiores identificaram no jovem o seu incrível talento como pesquisador e memorialista; ao falecer deixou mais de uma centena de manuscritos, com milhares de páginas, sobre o esporte amador baiano, em especial, sobre o futebol, uma de suas paixões. Detalhando cada ação ocorrida em campo. Com a objetividade do cronista de A Tarde, jornal ao qual serviu por mais de uma década, e ao mesmo tempo a subjetividade de um protagonista__ e Aroldo foi exatamente isso___ da história do esporte em nossa terra.

 Aos 16 anos de idade (1914) fundou, com familiares e amigos, o Yankee Futebol Clube. O Yankee foi um time medíocre, porém marcou época por ter priorizado a preparação física de seus atletas, coisa rara naquele tempo, e pelo pioneirismo na contratação de um técnico profissional e, na área cultural, por possuir um teatro como departamento do Clube. No esporte, Maia foi diretor do Yankee; diretor da Liga Baiana de Esportes Terrestres; fundador e diretor da Federação Baiana de Atletismo; fundador da Federação Baiana de Pugilismo; um dos fundadores do Esporte Clube Bahia e secretário da assembleia geral que traçou as metas e escolheu as cores da camisa do tricolor.

 Ainda, no esporte, impulsionou as corridas de fundo, em especial a chamada Volta da Cidade, realizada a partir de 1931 e, após, a famosa prova noturna a pé 24 de julho. Aroldo foi diretor técnico e organizador do Torneio da Liga Intercolegial de Esportes e juiz e cronometrista de diversas competições esportivas, na Bahia e em outros estados. Em 1944, lançou o Almanaque Esportivo da Bahia e, antes disso, o Helenicus, uma revista. Não conheço nenhum exemplar impresso, apenas os manuscritos, com leiautes de sua autoria para ilustrar os temas. E em 1969, o clássico A Verdadeira História do Esporte Clube Bahia, em dois volumes.

 O carnavalesco Aroldo Maia elaborou os estatutos, em 1935, da Federação dos Pequenos Clubes Carnavalescos da Bahia que reunia cordões, batucadas e grupos afros. Ao mesmo tempo estimulava a participação no Carnaval de os Fantoches da Euterpe, Cruz Vermelha e Inocentes em Progresso, os grandes clubes, que pela sua iniciativa, junto com Carlos Torres, reapareceram no ano referido de 1935, depois de um longo período sem a sua presença nas ruas. Aroldo Maia foi também por muitos anos, diretor da Associação dos Cronistas Carnavalescos da Bahia, na época com forte ingerência nos preparativos das festas de Momo. Nessa condição, negociou com a Casa Victor, do Rio de Janeiro, a gravação de músicas carnavalescas baianas.

Nelson Cadena é publicitário e jornalista, escreve às quintas-feiras