O futuro da Orla Oceânicas

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  • Da Redação

Publicado em 20 de julho de 2021 às 05:31

- Atualizado há um ano

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Não é sem razão que a faixa da Orla Oceânica de Salvador compreendida entre a Av. Luís Viana (Paralela) e a praia, no trecho entre Armação e Itapuã, continua sendo o grande vazio urbano da cidade. Considerada “área nobre”, pelo elevado preço de metro quadrado, não encontra na cidade contingente de população com faixa de renda suficiente para ocupá-la.

Enquanto isto, nas “invasões” do Miolo, assim como de outras áreas da cidade, segue crescente o número de edificações “espontâneas” com três a cinco pavimentos, sem que a indústria imobiliária local se dê conta da enorme demanda por habitação popular para a classe média que, quando atendida, servirá para reduzir a elevada taxa de superlotação que domina essas áreas de ocupação irregular, consolidadas ao longo do tempo, mas de urbanização precária.     Esta vasta faixa de terra urbana infraestruturada só não terminará invadida, como ocorreu no passado com as Malvinas, erradicada e depois reocupada, agora como Bairro da Paz, porque o arrefecimento do crescimento demográfico, aliado ao esgotamento da migração rural-urbana, diminuiu a pressão por mais terra para moradia.

Mas é preciso reduzir a superlotação das invasões do passado, hoje tratadas como ZEIS (zonas especiais de interesse social), que em boa parte já não se caracterizam mais por habitações precárias stricto sensu, ainda que irregulares perante a legislação urbanística. Consequência disto é o acentuado risco dessas edificações elevadas, construídas sem fundações e sem cálculo estrutural, criando um novo tipo de problema para a Defesa Civil: os desabamentos.

A indústria imobiliária local, no entanto, não se interessa pela produção de habitações para esse imenso contingente de classe média, deixando o espaço para as incorporadoras de fora, que por enquanto ainda preferem atuar em Lauro de Freitas e na Costa de Camaçari, já inteiramente conurbadas, pelo menos até alcançar o pedágio da Estrada do Coco.

Por falta de mercado, esse trecho da Orla não será nunca um novo Corredor da Vitória ou Horto Florestal; mais propriamente se parecerá com o Costa Azul ou Armação.

A implantação do novo Centro Municipal de Convenções, na área do antigo aeroclube, certamente atrairá novos hotéis, além de proporcionar a reabertura dos pré-existentes no entorno do abandonado Centro de Convenções da Bahia, cuja imensa área continua com destino indefinido.

No âmbito do Projeto Orla, remanesce a extensa área de Pituaçu e Jaguaripe, aguardando uma reurbanização adequada, capaz de oferecer à cidade a oportunidade de desenvolver aí um novo padrão para o turismo e o lazer de sol e mar. Espera-se que aí possamos ter o recuo da pista da Av. Octávio Mangabeira, proporcionando o alargamento da faixa de praia, com a implantação de equipamentos de entretenimento e lazer, hotéis e serviços, integração com o Parque Metropolitano de Pituaçu e um modelo de mobilidade menos comprometido com o viés automobilístico, mas, ao contrário, provedor de transporte público, cicloviário e largas calçadas, estimulando a mobilidade ativa, em benefício das pessoas.

Mais próximo à avenida Paralela, beneficiando-se da presença do metrô, é desejável que se desenvolva uma ocupação vertical mais densa, destinada à classe média, com habitação popular combinada com atividades geradoras de trabalho e renda, em uso misto e com fachada ativa, proporcionando maior integração social, além de alimentar o sistema metroviário, criando-lhe demanda própria, hoje inexistente, capaz de reduzir os atuais subsídios estaduais.

Paradoxalmente, é na Orla Oceânica que temos a última fronteira de expansão urbana da cidade.

Waldeck Ornélas é especialista em planejamento urbano-regional. Autor de “Cidades e Municípios: gestão e planejamento”.