'O objetivo é dançar': com Iza e Claudia Leitte, público curte primeira noite do Festival da Virada

Primeiro dia doi Réveillon de Salvador foi marcado pela diversidade de gêneros

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  • Thais Borges

Publicado em 28 de dezembro de 2019 às 22:14

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arisson Marinho/CORREIO
. por Jefferson Peixoto/Secom

A primeira noite tinha que abrir a festa de um jeito que fosse a cara de Salvador: o da mistura e da diversidade. Neste sábado (28), o Festival Virada 2020 deu início ao Réveillon de Salvador com hip hop, eletrônico, pop, axé e forró. Na Arena Daniela Mercury, na orla da Boca do Rio, tinha espaço para tudo.

Teve espaço, inclusive, para quem já tem alguma tradição. A camareira Vilma Sousa, 51 anos, criou um ritual para começar bem o novo ano: vir, todos os anos, ao primeiro dia do festival. “O primeiro dia é ótimo, bem tranquilo, cheio de gente bonita. Venho sempre no começo e depois fico em casa com a família, porque sou mais caseira”, explicou, pouco antes do show de Iza. 

Para ver a cantora, além de Claudia Leitte, Vilma veio direto do trabalho. Levou até mala com troca de roupa e salto alto. “Venho de salto sempre, até no Carnaval. Hoje, tive que vir direto, mas meu marido e dois amigos estão vindo. Meu marido trabalhou no casamento de Claudia como garçom e virei fã dela pela simplicidade”, contou. 

Quando Iza subiu ao palco, pouco depois das 19h, a multidão vibrou e cantou junto sucessos como Corda Bamba, Ginga, Brisa, Pesadão e Talismã. De surpresa, ainda engatou uma versão de Você, de Tim Maia. “Acho que festivais e shows abertos são os dois tipos de show que eu mais gosto de fazer, porque acho legal essa troca de energia com outros artistas. Tem o público que está ali na frente a fim de ver qualquer artista. Quando é aberto, eu me realizo”, declarou a cantora, em entrevista coletiva, logo após se apresentar.  [[embed]]

Ela anunciou que também deve passar pelo menos um dia no Carnaval de Salvador. "A primeira vez que cantei no Carnaval daqui foi ano passado e foi inacreditável. Quem passa Carnaval no Nordeste tem uma visão completamente diferente". Apesar de ser carioca, Iza cresceu no Rio Grande do Norte.

Logo cedo A estudante Beatriz Abreu, 16, saiu cedo do Jardim Santo Inácio com a mãe, a técnica em laboratório Cremilda Abreu, 54, justamente para ver Iza. "É primeira vez que vejo um show dela, mas também gosto de eletrônico. Não conheço muito de Vintage Culture, mas gosto do gênero. Acredito que o show vai ser bem legal", disse Beatriz. Cremilda, por sua vez, queria esperar pelo menos até o show de Bell Marques, a quarta grande atração da noite. “A gente já veio para o festival uma vez, quando ainda era no Comércio. Fomos ver Anitta. Dessa vez, quero ver todos porque essa mistura é muito legal. Por isso que chegamos cedo, para ver tudo de pertinho”, completou Cremilda. O trio de amigos Gabriel Cardoso, 17; Alice dos Santos, 16, e Evely Nascimento, 15, se preparava para começar uma maratona de três dias de festival. “Claudia Leitte superou minhas expectativas no ano passado. Não parei de dançar nem por um minuto. Esse ano, já estou preparado com as coreografias de Iza e Claudia, porque elas têm músicas incríveis. Vai que elas me notam e me chamam para dançar no palco?”, brincou Gabriel, que saiu de Itapuã às 14h para ficar na grade com as amigas. 

Evely, por sua vez, saiu de Santo Antônio de Jesus. Em casa, teve que se esforçar para convencer a mãe a deixá-la vir passar o Réveillon em Salvador. “Até chorei. Falei para ela que a gente estuda o ano inteiro para poder curtir um pouco o fim do ano”, revelou. 

Moradora do fim de linha da Boca do Rio, a costureira Maria Auxiliadora de Jesus, 61, chegou cedinho para curtir o show perto do palco. “Mas como estou com 61 anos, não sei se aguento até o final. Por isso, vou curtir o que vier até lá. Eu quero é dançar, né? Venho todo ano, porque meu objetivo é dançar”, explicou Maria Auxiliadora, que pretende conferir todos os dias do festival.  

Baiano de Jequié, o cabelereiro José Mário Oliveira, 38, saiu de São Paulo, onde mora, dirigindo sozinho até Salvador. Depois de passar a virada de 2018-2019 na Boca do Rio, queria repetir a dose.“Dirigi mais de dois mil quilômetros. Já passei Réveillon no Rio de Janeiro e em Florianópolis, mas foram experiências diferentes. Não tem o calor da Bahia. E até olhei a programação do Rio, mas a programação daqui foi o definitivo para eu vir”. Eclético, também é da turma dos que planeja passar todos os dias na Arena Daniela Mercury. Fã de Claudia Leitte, Iza e de artistas que se apresentam em outros dias, como Anitta, não conseguia eleger o momento pelo qual mais esperava. “A programação é tão diversa que acaba prestigiando todos e você pode curtir o seu predileto. Quando não tem um ritmo determinado, abrange todas as pessoas”, analisou. 

A professora Marivânia dos Santos, 51, e o autônomo Vicente Aloísio, 51, chegaram neste sábado (28) de Ribeira do Pombal. Decidiram passar o Réveillon em Salvador justamente depois que viram o anúncio da programação do festival pela televisão. “Decidimos deixar tudo lá no nosso interior e vir. Foi uma viagem de umas quatro horas e meia. A gente pretende passar todos os cinco dias aqui, porque a programação é excelente”, contou Marivânia.

Os dois ansiavam por Iza e Claudia Leitte, no primeiro dia, mas também por artistas como Anitta. “Estamos já com o celular em ponto de agulha para gravar tudo e mandar para o nosso interior. Eles ficam babando. Mas assim vamos ver eles vêm no próximo ano”, disse Vicente. 

Até quem estava trabalhando deu um jeito de curtir. Foi o caso do segurança Gilvan dos Anjos, 40. Nos últimos anos, ele vinha trabalhando na festa, mas em posições diferentes. Dessa vez, foi escalado para ficar acompanhando a movimentação na grade. “Comecei trabalhando no Comércio e conheci o festival. Esse ano, estou tão pertinho que estou quase dentro do palco. Quem eu quero mais ver é Claudinha (Leitte) e outro que sou fã é Bell Marques. A sorte hoje ficou do meu lado”, brincou. 

No meio da mistura, havia espaço ainda para os artistas independentes. As novidades, entre cada uma das grandes atrações, são os chamados Pocket Virada, shows de jovens artistas baianos nos intervalos. A cantora Nêssa, uma das revelações da música pop soteropolitana, foi responsável por comandar a Pocket Virada entre os shows de Iza e Vintage Culture. “É uma vitrine para artistas independentes. Vi vários artistas na grade e fiquei feliz”, disse Nêssa, antes de subir ao palco.