O que só as fintechs têm? 10 serviços que você não vai encontrar em um banco comum

Conta corrente que rende mais que a poupança, aplicação com desconto no cartão de crédito e até investimento com retorno via cashback são só alguns destes produtos

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  • Priscila Natividade

Publicado em 3 de fevereiro de 2020 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Ilustração: Morgana Miranda/ CORREIO

Elas nasceram com o DNA da inovação. Ficaram famosas por possibilitar a abertura de uma conta em minutos, direto de um celular. Para ganhar mercado e atrair mais consumidores, as fintechs (startups de finanças) seguiram sua natureza e baniram taxas e anuidades de cartões. E as novidades não param. Hoje, o cliente dessas empresas pode ter uma conta corrente com rendimento de 100% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário), de tomar ou conceder empréstimo entre pessoas físicas e retorno do investimento via cashback. 

O CORREIO listou dez produtos que o consumidor só vai encontrar nesse tipo de empresa e que não passam nem perto da cesta de serviços de um banco comum (veja abaixo). 

Segundo dados divulgados pela Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs), o número de empresas do setor nos últimos três anos passou de 500 para 700 negócios. Ainda de acordo com a entidade, seis em cada dez brasileiros que têm acesso a computadores e celulares usam as fintechs (64%). 

“Estamos continuamente buscando expandir o acesso a serviços financeiros relevantes e descomplicados”, destaca o vice-presidente de Consumo e Operações do Nubank, Vitor Olivier. Até o momento, a NuConta soma 17 milhões de usuários.  “A expectativa daqui para frente é oferecer produtos cada vez mais completos para que ninguém mais precise recorrer aos velhos serviços financeiros de sempre”. 

Inovação

É este tipo de inovação na oferta de serviços que o consumidor costuma buscar nas fintechs. O engenheiro Felipe Ferreira tinha algumas aplicações no banco, porém, queria algo que rendesse mais e fosse mais fácil de investir, sem ter que ligar para o gerente. “Primeiro tomei conhecimento do mercado e daí eu fui ler até para saber se era uma coisa segura ou não”. 

Felipe optou por fundos de investimentos, que além do rendimento retornam o valor investido por cashback. “Até agora minha média de rendimento está em torno de 115% do CDI. É muito rápido e fácil e tudo isso me atraiu”, completa Ferreira. 

DEZ PRODUTOS OFERTADOS POR STARTUPS FINANCEIRAS

1. Conta corrente com liquidez diária  O Nubank ouviu muito os clientes antes de lançar a sua conta digital. A NuConta é hoje o principal produto da fintech com 17 milhões de usuários.  Todo dinheiro depositado rende mais do que a poupança, a 100% do CDI, com liquidez diária, inclusive, com projeções futuras sobre os ganhos. É possível ver toda a evolução dos rendimentos em tempo real, como explica o vice-presidente de Consumo e Operações do Nubank, Vitor Olivier. “Recentemente, foram lançadas as funções Guardar Dinheiro e Guardar Automaticamente, que ajudam no controle das finanças”, afirma.

2. Empréstimo entre pessoas  O Bullla é a primeira plataforma do país que permite o empréstimo direto entre pessoas sem intermediação bancária. Na prática, o aplicativo conecta os interessados em empréstimo a investidores que tenham poupança e buscam uma rentabilidade maior. A concessão  varia entre R$ 1 mil e R$ 5 mil, em até 12 parcelas. “O Bullla avalia o risco e precifica  o risco deste potencial cliente. Neste momento, o aplicativo busca investidores - já cadastrados na plataforma - que tenha perfil de risco apropriado àquele Bom Pagador”, afirma co-fundador do Bullla, Marcelo Villela. 

3. Bioma preservado  A partir da preservação colaborativa, a fintech UzziPay financia a preservação da Floresta Amazônica a cada novo cliente que abre uma conta digital. Entre os serviços estão os pagamentos, carteira digital, depósitos, saques, transferências, pagamentos por QR Code. A longo prazo, a fintech quer contribuir para a conservação do Cerrado, Caatinga, Pantanal, Mata Atlântica e Pampa, como pontua o chefe de Marketing da UzziPay, Márcio Barnabé. “Podemos oferecer os mesmos serviços, porém, queremos desenvolver soluções que tragam de volta benefícios às pessoas e à natureza”.

4. Fundos de investimentos com cashback  A Pi, fintech investida pelo Grupo Santander e a Comdinheiro  criou um comparador de fundos que também calcula os benefícios do cashback de fundos para o investidor. O especialista de produtos na Pi, Gabriel Mallet, explica como funciona este tipo de recompensa: “A corretora oferece cashback em fundos de investimento, através do seu programa de Pontos Pi. Os Pontos Pi funcionam de forma parecida com as milhas de companhias aéreas. A cada aplicação feita, o cliente terá isso revertido em dinheiro, além da rentabilidade da aplicação”.

5. Antecipação salarial  Antecipar o salário na conta antes mesmo de fechar o contracheque. Por meio do Xerpay, a fintech Xerpa disponibiliza ao cliente o acesso instantâneo ao salário dos dias já trabalhados no momento em que ele precisar. “O profissional que trabalhar em uma empresa que contratou o serviço baixa o app e tem acesso ao salário relativo aos dias trabalhados. Ele escolhe a quantia que quer transferir para sua conta e paga uma tarifa de até R$ 9 por transação. Ao final do mês, ele tem o valor descontado do seu recebimento”, diz o CRO (Chief Revenue Officer) da Xerpa, Gustavo Molina.

6. Pague tudo: amigo, rateio do restaurante, recarga e boleto A carteira digital do PicPay tem hoje 13,4 milhões de usuários e chega a crescer 20% ao mês. A ideia é simples: facilitar o pagamento, de um amigo à um fornecedor, gratuitamente, reduzindo taxas de serviços bancários. “Lançamos no último ano o saque na rede do Banco24Horas, o rendimento de carteira (100% do CDI automaticamente) e o PicPay Card. Para 2020, podemos adiantar que somos a primeira carteira digital a testar transações com cartão de débito cadastrado no app”, afirma o chefe de produto do PicPay, Luiz Fernando Diniz.

7. Crowdfunding de investimentos O excesso de burocracia para investimentos em ativos imobiliários levou a fintech Glebba a unir empreendedores a investidores em um sistema de crowdfunding imobiliário (investimento coletivo). “A economia compartilhada muda a lógica atual, engajando um público de investidores pulverizados e diversos”, considera o fundador da Glebba, Francisco Perez. No crowdfunding imobiliário, os imóveis recebem investimentos diretos de vários usuários da plataforma, sem precisar ter que desembolsar R$ 1 milhão. “Isso é a democratização dos investimentos na prática”, completa. 

8. Investimento com cartão de crédito  A solução pode ajudar muito a quem precisa criar o hábito de investir. A Ciclic possibilita descontar na fatura do cartão de crédito o aporte mensal de um plano de previdência privada. “Viabilizamos aplicações personalizadas diretamente pelo cartão de crédito, sem valor de entrada, em fundos de investimentos sofisticados, antes restrito apenas a clientes bancarizados e segmentados como alta renda”, destaca o CEO da Ciclic, Raphael Swierczynski. Não há valor mínimo para contribuição. “O cliente fica livre para investir quanto e quando puder”, acrescenta. 

9. Conta faz emprestimo, rende 100% do CDI e permite até portabilidade de salário  A Conta Rendeira, é grátis e oferece rendimento de 100% do CDI, o que equivale a 109% da poupança, sem que o cliente precise fazer muito esforço. O produto é oferecido pelo Pag Seguro por meio do PagBank. O cliente leva apenas três minutos para abrir a conta, como pontua  CEO PagSeguro PagBank, Ricardo Dultra. “Basta ter saldo para que haja rendimento. Temos demanda de todos os tipos, desde pagamentos, recarga de celular, compra de créditos para Uber, Netflix, até o próprio rendimento da conta”.

10. Investimento por objetivo Na corretora de investimento Warren, as aplicações são feitas de acordo com objetivos. Cada objetivo criado é composto com uma carteira adequada em que o cliente consegue acompanhar quanto falta acumular para chegar até este patrimônio. Segundo o CEO da empresa, Tito Gusmão, a fintech acompanha as tendências, ao lançar recentemente a Warren Green. “O fundo de ações contempla apenas empresas sustentáveis e socialmente responsáveis. Vimos como uma superoportunidade para quem deseja investir com retorno alinhado aos seus valores de vida, por exemplo”.

COMO SE TORNAR CLIENTE DE UMA FINTECH? 

Pesquise bastante  O primeiro passo é pesquisar  sobre o serviço. Dê uma olhada na reputação da empresa também. 

Aplicativos Para abrir uma conta basta baixar o aplicativo disponível nos sistemas Android ou iOS. Geralmente, eles são gratuitos. 

Pacote de serviços  Ainda que muitas fintechs tenham banido taxas de manutenção da conta ou de anuidade do cartão de crédito, fique atento aos outros meios que estas empresas utilizam para garantir retorno. No Nubank, por exemplo, é cobrada a adesão ao programa de milhagens. 

Convite Algumas startups financeiras exigem também um convite compartilhado por clientes mais antigos. Converse com amigos e familiares que já aderiram a estes serviços.