O ‘sem-destino’ torto de livros, homens, e de cronistas

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  • Da Redação

Publicado em 25 de agosto de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Era esplendorosa manhã de outono no Rio de Janeiro. O sol retumbava. [Maio de 2012]. Fui de São Cristóvão até em casa, no bairro de Botafogo, em êxtase-transe. Acabara de ter conversa superprodutiva com a diretora editorial de um dos mais importantes grupos editoriais do Brasil – talvez, feito o Rio Amazonas, o maior em volume d´água.  Os  meus dois projetos apresentados foram aprovados:  A. Escrever biografia do cartunista Péricles, genial criador do imortal personagem Amigo da Onça, que ganhou fama nacional nos anos 1950-1960 nas páginas da revista O Cruzeiro, a megarrevista da época. O artista teve história trágica, amargurado com a raça humana – tão bem refletida no personagem que criou: suicidou-se aos 37 anos, ligou o gás do fogão, enfiou a cabeça no forno, e fim. B. Criar romance no qual a pedofilia perpassasse toda a trama, de maneira delicada, profunda e bem tecida. [Não foi bem assim].

Spoiler do parágrafo anterior. Lado X: Localizei o filho do cartunista, médico prestigiado que tinha escritório na Barra da Tijuca. Liguei para ele. Foi educado. Ouviu-me com paciência. Pediu que eu fizesse a  mesma proposta ao advogado da família. Liguei para o cara. Foi mal educado, Tratou-me com frieza. O projeto parou aí. Lado Y: Eletrizado, adrenalina a mil, passei sete meses escrevendo o romance que então se chamava ‘Lírios do Vale’. Eu caminhava todas as manhãs no Aterro do Flamengo acompanhado dos personagens que teimavam em caminhar comigo, não queriam me abandonar nunca, e eu adorava que me acompanhassem. 

[Dois dias antes do prazo combinado – 13 de janeiro de 2013 – enviei o livro pronto, redondinho, do jeito que eu gosto. Dois dias depois do prazo combinado  leio no jornal: a diretora editorial saía do cargo que ocupava, por vontade própria – e os projetos que implementou foram cancelados]. 

Há cerca de três meses li postagem em rede social. A voz vinha de jornalista baiano que eu admitira como estagiário aos 21 anos, em 2006, no Liceu de Artes e Ofícios da Bahia (de saudosa memória). Eu o contratara, abduzido pelo brilhantismo intelectual que exibia em tão tenra idade. Agora o cara era-é executivo bem-sucedido no oeste da África, onde vive há mais de dez anos, e  o cara então falava do projeto de criar em Cabo Verde – país-arquipélago – uma, pasmei-me, editora. [Eu lhe enviei mensagem na qual deixava evidente a minha intenção de que ele, agora aos 34 anos, executivo em ascensão, publicasse o meu livro].

Na sequência trocamos e-mails, bilhetes no messenger e no instagram, atlânticas ligações telefônicas, e selamos o pacto. Assinamos e escaneamos contrato de publicação e vem aí em breve, enfim, o meu mais novo romance: ‘2 + 1’. [Adoro números. Às vezes imagino trocar letras por números e, dessa forma, escrever a minha obra mais prima. Também amo clichês. Um dos meus preferidos: Deus escreve certo por linhas tortas. A minha opinião: a vida, dos livros, dos homens, e dos cronistas, é equação bêbada que nunca decifraremos. Touché!]