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Jolivaldo Freitas
Publicado em 24 de julho de 2019 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
Uma pesquisa recente feita pela Nielsen mostra que quase a metade dos consumidores brasileiros está disposta a pagar um pouco mais caro por produtos que não agridam o meio ambiente, o que revela estar boa parcela da população consciente dos problemas que o mundo enfrenta com tudo que é tipo de prática, lixo e resíduos. Mas na esteira dessa propensão, o que se vê Brasil afora é a ação de “espertos”. Empresas estão fazendo o consumidor de bobo, vendendo gato por lebre.>
Centenas de produtos ou serviços, que você consome pagando mais, por achar que está protegendo o planeta, porque trazem em sua embalagem a imagem de uma plantinha ou de um planeta Terra azulado e verde, na verdade embutem mentira deslavada, que é o que se chama de Greenwashing ou seja: “lavagem verde”. São artigos, digamos, fakes. As empresas aproveitam as brechas nas legislações ou usam eufemismos, ou atuam no ramo da maquiagem. Maquiam e induzem o consumidor à compra. Se comprar apressado, sem ler - e quem tem tempo de ler tudo o que os rótulos trazem? – aí mesmo está roubado.>
Basta chegar num supermercado, por exemplo, para ver que muitos produtos ditos sustentáveis, na realidade são meros objetos de estratégia de marketing e propaganda enganosa. Os produtores colocam rótulos que torcem o politicamente correto em termos de sustentabilidade, quando na verdade não fazem nenhum tipo de investimento ou têm reais preocupações com o que significa impacto ambiental, que aquilo que produzem vai gerar.>
Tempos atrás, tinha uma propaganda de produto reutilizável que na natureza levaria 300 anos para ser absorvido, mas lá estava dizendo que comprando aquele objeto e usando de novo estaria economizando água. Verdade, pois não era preciso produzir de novo. Mas outros impactos negativos no meio ambiente não eram revelados.>
Onde mais se mostra a questão da “lavagem verde” é no segmento de higiene e limpeza. Boa parte traz um selo verde. Mas este selo pode ser qualquer coisa meramente ilustrativa criada pela agência de publicidade. Não quer dizer que o produto está inserido numa política ecológica ou que está habilitado por organismos oficiais de controle. É simplesmente uma etiqueta colada a título de induzir o consumidor ao erro. Nem todos têm a validade daqueles “selos” que são emitidos por instituições certificadoras pertencentes ao governo ou a ONGs reconhecidas.>
Com certeza você já pegou um saco de pão e lá estava um rótulo verde. Resorts costumam se apresentar como “verdes”, mas não economizam água, não reciclam lixo e o material de higiene agride ao meio ambiente. Restaurantes não separam lixo e se dizem amigos do meio ambiente. Empresas de produtos químicos não se adequam à legislação, mas dizem em suas publicações que têm preocupação com o meio ambiente porque plantaram meia dúzia de árvores no jardim.>
Para enfrentar este engodo, o consumidor tem de estar atento, senão vai pagar caro por produtos e serviços que não valem nada e vão de encontro a sua consciência. Para escapar das armadilhas, que são muitas, olhe na etiqueta verde quem está certificando. Fuja de expressões do tipo: “produto amigo do verde”, “ecológico”, “sustentável” e “protege o meio ambiente”. Denuncie as empresas de moral degradada.>
* Jolivaldo Freitas é escritor e jornalista>