OMS esclarece que assintomáticos transmitem covid-19: 'Questão é saber quanto'

Fala de diretora foi considerada ambígua e questionada por pesquisadores

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  • Da Redação

Publicado em 9 de junho de 2020 às 11:35

- Atualizado há um ano

. Crédito: Christopher Black/OMS

(Foto: OMS/Divulgação) A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou nesta terça-feira (9) que a tranmissão por casos assintomáticos está ocorrendo, "a questão é saber quanto". O esclarecimento foi feito depois que a chefe de programa de emergência da entidade, Maria van Kerkhove, afirmar ontem que a transmissão da covid-19 por pacientes sem sintomas parecia ser "rara".

"Estamos absolutamente convencidos de que a transmissão por casos assintomáticos está ocorrendo, a questão é saber quanto", disse o diretor de emergências da Organização Mundial de Saúde (OMS), Michael Ryan.

Van Kekhove afirmou nesta terça que as pesquisas estão em andamento ainda e é preciso ter cautela. Ontem ela já havia destacado que se tratava de estudos não muito abrangentes. "Alguns modelos estimam que pode ocorrer uma transmissão de 40% devido aos casos assintomáticos, mas não incluem análises anteriores", pontua.

Falando do tema ontem, Van Kekhove citava países que têm capacidade grande de testagem e têm tido sucesso rastreando os pacientes com covid-19. Ela também destacou que quando se analisa os casos assintomáticos, acaba-se descobrindo que muitos tiveram na verdade sintomas leves da infecção e não estavam realmente sem sintomas. 

A declaração dela ontem foi criticada por pesquisadores por abrir uma ambiguidade em meio a um momento de muita desinformação. Entre os críticos estava Ashish K. Jha, diretor do Instituto de Saúde Global da Universidade de Harvard.

Ele argumentou nas redes sociais que o infectados que não apresentam sintoma são forma importante de transmissão da doença. Disse ainda que só cerca de 20% dos doentes não tiveram nenhum sintoma - os outros 80% apresentaram sintomas de levas a graves.

"Muitos deles já espalham o vírus antes de desenvolver sintomas", disse Jha. "Eles são, tecnicamente, pré-sintomáticos e não assintomáticos", avalia.

O pesquisador diz que a própria OMS faz essa diferenciação e que a maioria dos casos é de indivíduos pré-sintomáticos.Bolsonaro O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (sem partido), usou a fala para pedir uma "reabertura mais rápida" das atividades econômicas. "Quem sabe poderemos voltar à normalidade que tínhamos no começo deste ano", disse.

"Ontem a OMS também disse que a transmissão de pessoas assintomáticas é praticamente zero. Muitas lições serão tomadas. Isso pode sinalizar a uma abertura mais rápida e do comércio e a extinção de medidas mais rígidas autorizadas pelo STF (Supremo Tribunal Federal) e por prefeitos e governos estaduais. O governo federal não participou disso. Vai ter muita discussão", afirmou o presidente.

Ele não citou que a OMS disse que "parece haver" baixa tranmissibilidade, nem que a fonte é um estudo de pequeno porte. A chefe do programa de emergências da entidade, Maria van Kerkhove, ressaltou depois, em sua conta no Twitter, que há diferenças entre assintomáticos e pré-sintomáticos —pessoas que ainda não têm sintomas, mas vão desenvolvê-los. Essas pessoas transmitem mais intensamente no início da contaminação.