Ônibus é incendiado no Jardim Santo Inácio

Ataque aconteceu por volta das 5h20, segundo testemunhas

Publicado em 25 de janeiro de 2018 às 05:46

- Atualizado há um ano

. Crédito: Mauro Akin Nassor/CORREIO

Um ônibus foi incendiado no bairro de Jardim Santo Inácio, na manhã desta quinta-feira (25). O coletivo foi atacado na Avenida Cardeal Brandão Vilela, na entrada do bairro. O ataque aconteceu cerca de 500 metros do local onde, na manhã desta quarta-feira (24), uma menina de 11 anos foi baleada na cabeça, quando estava na porta de casa. Geovanna Nogueira da Paixão, 11, morreu após ser atingida durante uma incursão policial na Comunidade Paz e Vida.  

Segundo informações do Centro Integrado de Comunicações (Cicom) da Secretaria da Segurança Pública (SSP), o fogo começou por volta das 5h20. Ainda não há informações sobre o que motivou o ataque. "A 48ª CIPM intensificou o policiamento no Santo Inácio desde o início da manhã desta quinta-feira (25) quando um ônibus foi incendiado no bairro. Além da unidade, a Companhia Independente de Policiamento Tático (CIPT)/Rondesp e a Operação Apolo reforçam as ações da PM no Santo Inácio", afirmou a PM, em nota. 

A via ficou interditada e o trânsito foi interrompido no bairro. O coletivo ficou atravessado no meio da rua. O veículo foi retirado do meio pista por volta das 6h30 e o trânsito começou a ser liberado. Testemunhas contaram que um grupo abordou o coletivo, pediu que os passageiros, o motorista e o cobrador descessem do ônibus e atearam fogo no veículo. Agentes da Transalvador e da Limpurb avaliam condições do veículo (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) De acordo com o presidente do Sindicato dos  Rodoviários, Hélio Ferreira, o ônibus incendiado era da empresa Ot trans e fazia a linha Santo Inácio x Estação Pirajá. Era a segunda viagem do veículo nesta quinta (25). 

Apesar do crime, os ônibus continuam circulando normalmente no bairro. Ainda de acordo com o presidente, o sindicato pediu o reforço no policiamento na região para garantir a segurança dos motoristas. No local, 200 ônibus circulam por dia, segundo os rodoviários."Ainda estamos avaliando a situação e as circunstâncias do incêndio, mas, enquanto isso, os ônibus continuam circulando", afirma Hélio. O último ônibus incenado em Salvador foi no bairro da Ribeira. Em 2017, 17 ônibus foram queimados. Na manhã desta quinta, policiais das Rondas Especiais da Polícia Militar (Rondesp) estavam fazendo rondas no bairro. 

"Cada ônibus queimado equivale a cinco postos de trabalho perdidos porque a empresa não repõe o veículo. A ação é sempre a mesma. Eles [suspeitos] chegam gritando e exigindo que os trabalhadores saiam", disse Daniel Mota, diretor de Comunicação do sindicato.

Um morador do bairro, sob anonimato, disse que os suspeitos chegaram pedindo para que os passageiros e o motorista saíssem do veículo. Ele ainda acredita que o crime tenha relação com a morte de Geovanna, já que, segundo ele, é comum que policiais entrem no local atirando a esmo. "É sempre assim, eles não querem saber de quem se trata, chegam dessa forma e quem sofre é a gente", desabafa. 

Uma equipe da Coelba também está no bairro - a energia não foi suspensa na região, mas técnicos avaliam os danos à rede elétrica.

Morte de criança Na manhã desta quarta-feira (24), uma menina de 11 anos morreu após ser baleada na cabeça, quando estava na porta de casa, no Jardim Santo Inácio. Geovanna Nogueira da Paixão foi atingida durante uma incursão policial na Comunidade Paz e Vida, bairro de Santo Inácio, em Salvador. A família afirma que o disparo partiu da arma de policiais, que já chegaram ao bairro atirando na localidade.  Geovanna foi baleada na cabeça quando corria para ver o avô (Foto: Reprodução) Vizinhos ouviram o barulho de tiros e saíram correndo para ver o que era. "Só vimos dona Valdete caída por cima dela", contou uma moradora da comunidade Paz e Vida sobre o desespero da avó materna.

Testemunhas revelaram que os policiais iam continuar circulando pela comunidade sem prestar socorro a Geovanna, até que um vizinho gritou com a menina nos braços: "Olha o que vocês fizeram aqui". Só com o apelo do homem que os policiais pararam a viatura e levaram os dois até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Pirajá.

No entanto, na versão da Polícia Militar, policiais da 48ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM/Mata Escura) buscavam informações sobre a fuga de autores de homicídios na região da Mata Escura. No entanto, quando a equipe chegou na localidade Paz e Vida, foi recebida por tiros disparados por bandidos. 

Diante disso, continua a PM no comunicado, os policiais revidaram, “no intuito de neutralizar os agressores”. Logo após o fim do tiroteio, um homem pediu socorro aos PMs, porque uma menina tinha sido atingida por um dos tiros.  

Investigação A ocorrência foi registrada na Corregedoria Geral da PM e, a partir de agora, um Inquérito Policial Militar deverá ser instaurado para esclarecer o que realmente aconteceu – inclusive, de qual arma partiu o disparo que atingiu a menina. O prazo para conclusão do inquérito é de 40 dias, com possibilidade de prorrogação por outros 20.