Operação para prender traficante acaba com 8 mortos no Rio de Janeiro

Em helicóptero, policiais atiravam contra a comunidade. Crianças correram para se proteger

  • Foto do(a) author(a) Agência Brasil
  • Agência Brasil

Publicado em 7 de maio de 2019 às 06:26

- Atualizado há um ano

Oito pessoas morreram em um tiroteio durante operação da Polícia Civil no Complexo da Maré, zona norte do Rio de Janeiro. A informação foi confirmada pela assessoria da corporação.

Na ação, duas pessoas foram presas na manhã dessa segunda-feira (6). Além disso, foram apreendidos sete fuzis, pistolas e granadas.

Imagens divulgadas no Twitter do aplicativo Onde Tem Tiroteio (OTT) e na página Maré Vive, no Facebook, mostram um helicóptero participando da operação na Vila do João, uma das comunidades da Maré, com voos rasantes sobre as casas. Também mostram crianças de escolas municipais correndo pela rua ou abrigadas nos corredores de uma escola, para se protegerem dos tiros.

De acordo com a assessoria da Polícia Civil, o objetivo da operação é prender um traficante suspeito de ser o responsável por uma guerra entre facções no Morro do Salgueiro, no município de São Gonçalo.

Em junho do ano passado, um confronto entre policiais civis e traficantes, também na Maré, causou a morte do estudante Marcos Vinícius, de 14 anos, que estava a caminho da escola quando foi atingido por tiros. Um helicóptero fazia parte da ação. Moradores disseram, à época, que tiros haviam partido da aeronave. Porém, o próprio adolescente disse à sua mãe, no hospital, que os tiros tinham partido de um carro blindado da corporação, conhecido como caveirão.

No ano passado, motivado pela morte de Marcos Vinícius, o então secretário estadual de Segurança do Rio, general Richard Nunes, proibiu que helicópteros da polícia atirassem em forma de rajada durante operações em comunidades e determinou que somente fossem feitos disparos em legítima defesa da tripulação, das equipes em terra e da população. A medida consta de instrução normativa editada pela Secretaria Estadual de Segurança em 2 de outubro.

No Artigo 7º, o documento traz normas sobre o emprego de aeronaves nas operações em áreas consideradas sensíveis, definidas como “localidades onde se presume que possa ocorrer elevado e iminente risco de confronto armado com infratores da lei, em razão do desencadeamento de uma operação policial, colocando em risco, acima do tolerável, os policiais e a população em geral”. Entre as localidades estão aquelas próximas a unidades de ensino, creches, postos de saúde e hospitais.

Traficante A Polícia Civil do Rio informou que a operação teve por finalidade a prisão do traficante Thomaz Jhayson Vieira Gomes, conhecido como “3N”, apontado pelas autoridades como responsável pela guerra entre facções criminosas na comunidade do Salgueiro, em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio. 

Devido à operação, escolas públicas da região não abriram na parte da tarde e a Clínica da Família da Vila do Pinheiro e o Centro Municipal de Saúde da Vila do João interromperam o atendimento aos moradores. 

O traficante foi responsável pela morte na semana passada do ex-aliado Schumaker Antonácio do Rosário, que comandava o crime organizado no Complexo do Salgueiro. Os dois pertenciam à facção criminosa Comando Vermelho. Com a morte de Schumaker, o Comando Vermelho deu ordens para matar “3N”, o que resultou em uma invasão à comunidade, com troca de tiros constantes.

O criminoso então abandonou a comunidade e se refugiou no Complexo da Maré, se filiando a facção Terceiro Comando Puro, que controla as 16 comunidades que compõem a região da Maré. A comunidade fica nas proximidades das vias expressas Linhas Vermelha e Amarela e da Avenida Brasil e perto do acesso ao Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Galeão.

Ao se refugiar na Maré, Thomaz Vieira Gomes levou dezenas de comparsas e armamento pesado, a maioria fuzis automáticos. Os carregadores dos sete fuzis apreendidos nesta segunda-feira tinham a inscrição “3N”.

Durante a operação no Conjunto Esperança, os agentes apreenderam sete fuzis, três pistolas, carregadores com munição, 14 granadas, cerca de R$ 35 mil, relógios e drogas. “Houve resistência dos criminosos e oito suspeitos de fazerem parte do tráfico foram baleados e morreram no confronto. Outros três foram conduzidos à delegacia, entre eles um segurança pessoal do 3N e a mulher dele, com quem casou recentemente”. 

Segundo a polícia, todos os protocolos para a realização da operação foram tomados. O Centro de Comunicações e Operações Policiais da Polícia Civil foi acionado e todos os órgãos necessários comunicados.