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Paulo Leandro
Publicado em 12 de outubro de 2019 às 05:00
- Atualizado há um ano
Quem dedica-se à arte de editar esporte, sabe o quanto o ofício é prazeroso, gratificante e capaz de provocar no profissional a ‘eudaimonia’, sensação pela qual encontramos nosso encaixe no Kosmo, a grande ordem.
Ao mesmo tempo, os horários a cumprir, no meio impresso, precisam sintonizar-se com as necessidades industriais do parque gráfico. Nas rodadas noturnas, a situação tem o agravante de algumas partidas terminarem, como ontem, após o prazo determinado por deadline.
Daí vem a necessária flexibilização, via boa vontade: é a união de todas e todos da redação do jornal em contribuir para o êxito da missão de representar o mais próximo possível a real dos jogos: ao doar sentido à narrativa, o editor constrói a chamada “realidade”.
Decidimos, então, antecipar o texto desta coluna, antevendo a vitória e afastando qualquer hipótese de erro. A premissa é a necessidade da alegria, dando uma banana para os idiotas da objectividade. É a pura evidência, mesmo se precisar de imaginação, esta grande aliada.
Meu caçula Guilherme pode até cartar com os coleguinhas. Já aprendeu de berço: um clube nomeado Vitória tem a força do substantivo perfeito para o louvor da torcida.
Ao dizer-se Vitória, afasta-se qualquer resultado diferente dos três pontos. “O ser mora na linguagem”, disse-me, um dia, o professor Décio. É Vitória, de antemão!
Já a confirmação da condição de líder é coisa de João de Barros: 90% de nossas palavras são invenção e 10%, mentiras. Ou seria o inverso, quem poderia tirar-me a dúvida é o professor Elton, amigo de Facebook.
Explico, com a ajuda de Nelson Rodrigues, o reacionário sincero: nada mente mais que o placard de um jogo de futilball. Sim, amigas e amigos, daí o humano, demasiado humano, deste jogo além de bem e mal, disputado à sombra do andarilho.
O time ataca, avança, cerca, seus players batem certo a gol e a trave não permite o tento. Ou um impedimento mal marcado evita o canto do chuá na rede. Vem o pênalti e o goleiro tá no dia, pega sem rebote. O time, acossado 90 minutos, vai lá nos acréscimos e dá 1x0.
E os erros de arbitragem, como jogar fora uma preciosidade com este grau de incerteza e molequeira tão próximo de Hermes? O VAR reduziu a humanidade do futillball, ao introduzir em lá-ele uma ilusão de justiça, dada apenas à falsa cegueta Thêmis.
Não há jogo mais humano: o Placard Moral foi adotado em Salvador por Luiz Eugênio Tarquínio, cronista baiano presente em todas as Copas e Jogos Olímpicos, entre seu nascimento e sua morte. Precisamos reverenciar o legado de Luiz Eugênio.
A seção Placard Moral, do Esporte Jornal, uma beleza de periódico, nas bancas toda segunda-feira, contrariava o placar dos idiotas da objectividade. Assim não se pode contestar a liderança do Vitória. É preciso restituir ao Decano os pontos erradamente subtraídos.
Vários dos nossos players acertaram traves e ocorreram enganos corrigíveis de nossa parelha de backs. O jogo ganho contra o Sport mesmo, o placard moral ali foi 4x2 pra nós. Por baixo, por baixo, reivindicamos 15 ou 20 pontos à digníssima CBF.
Eba, vencemos mais uma! Somos os líderes do Brasileiro, com a série de triunfos do Placard Moral! Cumpre teu desígnio, ó Vitória, observai o desejo da divindade: por Zeus!
Paulo Leandro é jornalista e professor Doutor em Cultura e Sociedade