Os prêmios literários e os circuitos da literatura contemporânea no Brasil

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  • Da Redação

Publicado em 2 de maio de 2022 às 05:00

Não é novidade que as políticas para o desenvolvimento artístico no Brasil são insuficientes para atender a enorme demanda da cadeia produtiva da cultura. Quando existem, ficam restritas a algumas regiões do país, concentrando a produção artística nos chamados “grandes centros”. No caso da literatura, ainda que tenham surgido várias iniciativas nas últimas duas décadas, tanto em âmbito público quanto privado, são poucos os estímulos sistemáticos para o seu desenvolvimento, considerando as diferentes manifestações dessa área além do eixo sul-sudeste. 

A oralidade, veiculada pelas novas tecnologias, ganha terreno no mundo contemporâneo e encontra novos públicos, na medida em que projeta novos artistas de diferentes regiões. Da mesma forma, autores de circuitos fora do Rio de Janeiro e de São Paulo produzem obras com novas perspectivas temáticas e estéticas, que ampliam a sua representatividade e interesse. Tratar da literatura produzida hoje no Brasil significa considerar não apenas os diferentes formatos de expressão artística da palavra como também a pluralidade de manifestações literárias existentes em todo o país. 

Nesse contexto, os prêmios surgem como uma forma de estimular o desenvolvimento da literatura, na medida em que legitimam determinada obra, chancelando-a como sinônimo de qualidade e, assim, tornando-a presente na memória coletiva. Mesmo que a premiação por si só não seja suficiente para consolidar a carreira de um escritor, é indiscutível que seja uma das formas mais desejadas de reconhecimento, pois movimenta os eventos em torno das obras vencedoras, inscreve o nome dos autores no meio literário e aquece a cadeia produtiva do livro. 

Na contramão das principais premiações em língua portuguesa, nas quais concorrem obras já publicadas, o Prêmio Sesc de Literatura surgiu para que autores inéditos tivessem a oportunidade de ver suas obras divulgadas e distribuídas por uma grande editora. Em 19 anos, já foram lançados 33 prosadores, entre contistas e romancistas, que tiveram a oportunidade de desenvolver as suas carreiras. Nomes como André de Leones, Luiza Geisler e Juliana Leite, reconhecidos na cena literária brasileira, foram descobertos pela premiação do Sesc. 

Se entre os escritores publicados e com longa estrada os prêmios configuram um importante incentivo para a produção, cabe lembrar que, aos autores inéditos, as oportunidades devem ser oferecidas de forma criteriosa e democrática. Nossas desigualdades culturais, que também se manifestam no meio literário, devem ser igualmente combatidas de norte a sul do país.

*Henrique Rodrigues é analista de literatura do Departamento Nacional do Sesc