'Ouvimos uns três tiros seguidos', diz testemunha de assassinato de policial

Soldado da PM Leandro Cursino, de 35 anos, participava de uma perseguição a assaltante quando foi morto pelo suspeito

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  • Carolina Cerqueira

Publicado em 20 de abril de 2021 às 05:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Paula Fróes/ CORREIO

O soldado da Polícia Militar Leandro Cursino da Silva, de 35 anos, foi morto com um tiro na cabeça dentro da viatura em que estava, no final da manhã de segunda-feira (19), em Salvador. De acordo com policiais, três agentes estavam na viatura reserva 0108 no momento do crime. Tudo aconteceu por volta do meio-dia, na Rua Silveira Martins, no Cabula, na entrada do Resgate.

Uma guarnição da 23ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM) fazia rondas no local, quando populares acionaram a polícia para um caso de roubo de motocicleta. Uma perseguição ao assaltante foi iniciada pela viatura em que estava Leandro. Um suspeito que estava de moto foi localizado e, ao ser abordado pela polícia, se posicionou ao lado da viatura e disparou um tiro, que atingiu a cabeça do policial. 

Leandro, que fazia parte da guarnição da PM há cinco anos, foi socorrido e levado para o Hospital Geral Roberto Santos, no Cabula, mas não resistiu. Na unidade de saúde, colegas foram acompanhar o estado de saúde do policial e ficaram bastante abalados. Segundo um deles, Leandro nasceu e tinha família em uma cidade do interior da Bahia e dava suporte financeiro aos parentes. O corpo foi encaminhado para perícia ao Instituto Médico Legal para então ser liberado para a família. Homenagem à Leandro publicada nas redes sociais da Associação de Praças da Polícia e Bombeiro Militar da Bahia (APPM-BA) (Foto: Reprodução) O suspeito de roubo e autor do disparo que atingiu e matou Leandro foi baleado na perna pelos policiais militares e levado para o Hospital Geral do Estado (HGE), mas também não resistiu. Há informações de que um outro assaltante também estaria envolvido, mas teria conseguido fugir. A PC e a PM não confirmaram a informação.  

Vídeos que circulam nas redes sociais mostram uma aglomeração de populares e policiais em volta do suspeito, caído no chão próximo à uma farmácia. Em seguida, também é possível observar que pessoas chutam a cabeça do indivíduo. Outra viatura chega, policiais carregam o homem baleado e o colocam no veículo. Em um áudio também na internet, uma pessoa não identificada diz: “O cara acabou de matar um policial na minha frente agora. O cara matou um policial dentro da viatura. Que mundo é esse? Um tiro na cabeça do policial!”.

No local, comerciantes disseram que ouviram vários disparos e que muitos estabelecimentos baixaram as portas, sem saber o que estava acontecendo. Na frente da farmácia onde o suspeito ficou caído, a reportagem do CORREIO identificou ao menos três marcas de tiros nas paredes.  Marcas de tiro foram encontradas no local em que o suspeito ficou caído (Foto: Carolina Cerqueira/CORREIO) Segundo a atendente de uma lanchonete próxima ao local, o momento foi de medo e correria. “A gente ouviu uns três tiros seguidos pelo menos. Corremos para a porta para ver o que era, aí o cara já estava no chão. Esperaram a viatura chegar e levaram ele. Foi tudo muito rápido”, contou.

De acordo com a PM, Leandro foi o primeiro policial militar morto em serviço em 2021. Outros quatro agentes foram vítimas de morte violenta enquanto estavam de folga. Durante todo o ano de 2020, foram contabilizadas 13 mortes violentas, sendo uma em serviço e 12 em folga. 

As informações sobre o velório e sepultamento do PM Leandro estão sendo definidos pela família. O Departamento de Promoção Social (DPS) da PM está prestando todo o suporte e apoio à família do policial militar.

A PM emitiu uma nota de pesar:

“É com muito pesar que a Polícia Militar informa o falecimento do soldado PM Leandro Cursino da Silva, lotado na 23ª CIPM/Tancredo Neves. O militar foi atingido por disparo de arma de fogo, após realizar uma abordagem a um suspeito de roubar uma motocicleta no Resgate, Cabula. Ele foi socorrido para o Hospital Geral Roberto Santos, mas infelizmente não resistiu ao ferimento. O policial fazia parte da corporação há 5 anos. As informações sobre o velório e sepultamento estão sendo definidos pela família. O Departamento de Promoção Social (DPS) da PM está prestando todo o suporte e apoio à família do policial militar”.

Outros casos

Dois suspeitos morreram e uma policial militar foi baleada durante uma troca de tiros entre policiais militares e criminosos, na noite deste domingo (18), no bairro de Jussara, em Feira de Santana. De acordo com informações da 65ª CIPM, por volta das 23h39, policiais militares da unidade foram acionados pelo Cicom para atender a uma ocorrência de homens armados na localidade.

A guarnição foi recebida a tiros, houve troca de tiros e um dos suspeitos foi atingido. Em seguida, uma policial também foi atingida na região acima do quadril. A militar foi imediatamente socorrida para um hospital particular, onde permanece internada e estável. O suspeito foi socorrido para o Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA), mas foi a óbito.

No deslocamento, os policiais encontraram uma guarnição da Companhia Independe Policiamento Tático (CIPT) Rondesp Leste que seguiu para o local da ocorrência em apoio e também foram recebidos a tiros. No revide, outro suspeito foi atingido, a guarnição socorreu o homem para HGCA, onde foi constatado o óbito. Com os acusados foram apreendidos três revólveres, dois calibre 32 e um 38.

Também em Feira, uma soldado da PM morreu nas primeiras horas da manhã de segunda (19). Priscila Coutinho de Jesus, lotada no 1º Batalhão de Ensino Instrução e Capacitação (1º BEIC). Ela estava na corporação há 12 anos, era casada e tinha uma filha.  Homenagem do perfil institucional comemorativo dos 30 anos das mulheres na PMBA à soldado Priscila (Foto: Reprodução) De acordo com informações do veículo Acorda Cidade, Priscila estava grávida de seis meses e teve complicações na gestação. Ela teria sido contaminada pelo novo coronavírus em dezembro de 2020. Não se sabe se o bebê sobreviveu. 

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro