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Wendel de Novais
Publicado em 26 de agosto de 2022 às 15:57
Um carro e uma carreta com produtos químicos colidem em uma rodovia movimentada. Com o acidente, os dois veículos param ainda na pista. Além de isolar a área, bombeiros precisam resgatar as vítimas e cuidar de outra questão urgente: o perigo que representa uma carga de produtos perigosos armazenados em um veículo danificado. >
Tudo isso em meio a gritos de vítimas que precisam de atendimento, muita fumaça e produtos químicos jorrando. Situação que ocorreu, de forma simulada, nas imediações do Corpo de Bombeiros Militares (CBMBA) de Simões Filho nesta sexta-feira (26), mas que poderia, facilmente, ser real em uma das vias rodoviárias do estado.>
Para o soldado Islan Paixão, 30 anos, apesar de fictícia, a experiência não é muito diferente de uma situação real. Isso porque, toda vez que está em treinamento, ele encara a situação como se fosse uma ocorrência de rua, onde vítimas precisam ser salvas, áreas isoladas e vazamentos químicos contidos.>
"O simulado se aproxima muito da realidade. Na hora do treinamento, a gente, que é soldado, esquece que se trata apenas de um simulado. Agimos como se fosse uma situação real. Então, aquela vítima que está ali é real e precisa de assistência com a maior brevidade possível", fala.>
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Atividade fundamental>
Islan, assim como dezenas de soldados, está se formando no Curso de Operações em Emergências com Produtos Perigosos (COEPP), que forma agentes do CBMBA para ocorrências com produtos químicos. Lenoli Almeida, 27, também é soldado e, junto com Islan, é responsável por lidar diretamente com os químicos, descontaminado áreas e vítimas.>
Ele afirma que o treinamento é importante por colocar, de uma vez só, muitos detalhes abordados em aulas teóricas e práticas de forma dividida. "O simulado é fundamental para praticar, empregando as técnicas que aprendemos. É o mais perto da realidade e faz a gente adquirir experiência em detalhes diferentes como o combate, intervenção com as vítimas e controle dos vazamentos", diz.>
No treinamento, os alunos realizaram ações de gestão de emergências através do sistema de comando de incidentes. Na ocasião, montaram zonas de trabalho e identificaram com qualm produto perigoso estavam lidando. Vivian Cruz, 31, não lidou diretamente com os produtos químicos, mas ficou responsável por resgatar uma das vítimas e avaliou bem a experiência.>
"Durante todo o curso, que durou um mês, tivemos fases de adaptação e sequências de práticas. No entanto, nenhuma nessa proporção que nos coloca mais próximos da realidade de uma ocorrência. Isso aqui é imprescindível porque nos coloca, como soldados, em um momento bem parecido com as situações fora do campo de treinamento", fala a soldado. >
Ainda de acordo com Vivian, o bombeiro militar, ao se tornar soldado, jura até abrir mão da própria vida para salvar uma vítima. E o treinamento é importante para que não seja necessário chegar a este ponto.>
"Mensurar o valor não só do simulado, como de todo o curso, é bem difícil. Lidamos com o salvamento de vidas e o peso que tem o compromisso que foi feito através de juramento. Então, estar municiado de técnicas é essencial para fazer isso e ainda poder voltar para nossas famílias com vida", completa. Bombeiros simulam descontaminação de vítimas (Foto: Marina Silva/CORREIO) Proteção ambiental>
Além do salvamento e descontaminação de três vítimas, os soldados conteram vazamentos para proteção ambiental. Comandante do simulado, o Major Allan Guanais afirma que, para esse grupo especializado, a ação contra a contaminação do meio ambiente é um objetivo chave. >
"Pensamos nas pessoas, nos patrimônios e também na conservação do meio ambiente. Vários produtos perigosos têm a capacidade de serem nocivos e, uma vez em contato com o ambiente, pode inutilizar a área, seja na terra ou na água. Nossa tarefa é impedir isso", explica o Major.>
Segundo Guanais, não há uma ordem estabelecida que se repete em toda ocorrência. A depender do caso, as ações de contenção de vazamentos podem vir antes do trabalho de salvamento e vice-versa. >
"O comando do incidente no caso, diante do cenário apresentado, vai ter objetivos a serem cumpridos. Dentro deles, é preciso analisar e traçar as prioridades. Nessa ocorrência aqui, com vazamento aço sulfúrico e três vítimas, foi preciso priorizar o salvamento para, depois, conter o líquido que estava jorrando", completa.>