Para retorno, shoppings contratam tecnologia para matar vírus e adotam protocolo de hospital

Preparativos para reabertura começaram há mais de um mês

Publicado em 9 de julho de 2020 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Roberto Abreu/Salvador Norte Shopping

Mesmo fechados para clientes por mais de 100 dias, os shopping centers de Salvador já estavam preparando um rígido protocolo sanitário e de segurança para a reabertura. Além das medidas obrigatórias sinalizadas na terça-feira (7) pela Prefeitura - como horário e capacidade reduzida e aplicação de testes em todos os funcionários - alguns centros comerciais foram além: o Salvador Shopping, o Salvador Norte e o Shopping da Bahia fizeram consultoria com o Hospital Sírio-Libanês para adotar medidas ainda mais exigentes.

Já o Shopping Bela Vista importou uma tecnologia da Alemanha que emite raios UVs nos corrimãos das escadas rolantes, o que impede a propagação não só do corona, mas de qualquer tipo de vírus. A retomada, no entanto, depende da taxa de ocupação de leitos de UTI, que deve se manter em 75% por cinco dias consecutivos. Na quarta-feira (8), a taxa estava em 82%, segundo a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab). 

“As expectativas de reabertura não são de agora, então o lojista já está se preparando há mais de um mês para aplicar e respeitar os protocolos”, garante a empresária Leise Scabrini, coordenadora da Câmara dos Empresários em Shopping Centers (Cesc) da Fecomércio-BA, que reúne empresários lojistas ligados a nove associações de shopping centers de Salvador. “Foi exigida tanta coisa para os lojistas, que o shopping é um dos ambientes mais seguros, não tem como pegar a Covid”, completa a empresária, que ainda diz que é natural que o fluxo de clientes seja menor no primeiro momento, em torno de 30 a 40% do normal. 

O Shopping Bela Vista, que fica no Cabula, gastou mais de R$ 300 mil nas preparações para o “novo normal”. Fora a tecnologia alemã nos corrimãos, já foram instalados 130 totens de álcool em gel - sendo 30 por pedal, para que não haja contato com o equipamento - além de câmeras que monitoram a temperatura dos clientes (aquele que tiver mais de 37,5° será abordado pela equipe de segurança), tapetes de sanitização nas entradas e sensor para obter os tickets de estacionamento, não precisando mais apertar o botão. “O shopping está todo pronto para receber os clientes”, assegura Vaneilton Almeida, Superintendente do Shopping Bela Vista. 

Fora isso, quem tem mobilidade reduzida e é do grupo de risco terá prioridade no uso dos elevadores, que só permitirá o acesso de quatro pessoas por vez. A expectativa é que pelo menos 90% das 250 lojas que existem no Bela Vista retomem as atividades na reabertura. “Alguns estão em uma situação complicada e demonstram dificuldade em reabrir”, pontua o superintendente. Porém, como o ideal é que todos abram na retomada, Almeida disse que pode haver negociação no valor do aluguel, que deixou de ser cobrado desde abril. A taxa de condomínio, que ajuda na manutenção, foi reduzida em 50%. 

No Salvador e Salvador Norte Shopping, que pertencem à mesma rede, o protocolo vem sendo trabalhado há dois meses. Assim como o Shopping da Bahia, o grupo fez uma consultoria com o Hospital Sírio-Libanês e contratou um infectologista para que todas as precauções de saúde fossem tomadas. Mais de 300 pontos de álcool em gel foram instalados, além de adesivos nas vitrine das lojas com o  número limite de pessoas. Além disso, haverá uma equipe medindo a temperatura dos funcionários e clientes e duas desinfecções por dia no ambiente interno. O investimento total foi de mais de R$ 1 milhão no Salvador, que tem 497 lojas, e cerca de R$ 500 mil no Salvador Norte, que tem 190. 

Diretor Regional de Operações BA/SE do Grupo JCPM, Fernando Rocha diz que todos os funcionários foram mantidos e que o grupo criou um aplicativo para monitorar a saúde dos colaboradores durante a pandemia, até de quem está de home office. Também houve isenção no aluguel e redução de até 50% na taxa de condomínio. O diretor certifica que as compras online e o drive-thru vão continuar por tempo indeterminado: “A ideia é manter e fortalecer esse tipo de canal, até quando o cliente entender que é uma maneira dele comprar”.

O mesmo serviço será mantido no Shopping Barra, que vai emitir inclusive mensagens educativas nas cancelas do estacionamento sobre prevenção à Covid-19. No Shopping da Bahia, o drive-thru também continua, das 12h às 20h. Mais de 120 lojas estão participando e o movimento é, em média, de mais de 700 carros por dia. A medição de temperatura será obrigatória para todos que acessarem o shopping, em 12 pontos diferentes. O serviço de motorista, contudo, não estará em funcionamento. 

Receio Mesmo com todas essas medidas de segurança, a arquiteta Luiza Pitta, 26, que ia ao shopping pelo menos quatro vezes por semana, não pretende voltar a frequentá-lo logo de primeira. “Vou ter receio e repensar na necessidade de ir ao shopping, porque eu realmente frequentava muito. Prefiro esperar para entrar nas novas fases e conseguir sair tranquila”, explica Luiza. A arquiteta também mudou o modo de fazer compras, optando hoje pela Internet e entregas em casa.

A aposentada Maria Motta, que é do grupo de risco por ter 83 anos, também prefere esperar, mas não tanto por conta do perigo, mas por acreditar que o movimento será muito intenso nos primeiros dias, como visto em outras cidades no Brasil. “Não vou logo que abrir porque vai muita gente. Vou ficar em fila para quê?”, indaga. 

No caso do Shopping Itaigara, foram 26 totens de álcool em gel instalados, além de pastilhas bactericidas nos ar condicionados. A taxa de condomínio foi reduzida em até 45% e as cadeiras de rodas e fraldários estão com os empréstimos suspensos. O Shopping Paseo, que tem 75 lojas e quiosques de venda, já treina os colaboradores desde 1° de junho. Cerca de R$ 35 mil foram gastos para a adaptação à nova realidade. “O Paseo tem um diferencial, porque ele é a céu aberto, o que dificulta a contaminação”, diz a gerente geral Thais Leal. Outro detalhe foi a implantação de três totens de álcool em gel com sensor infravermelho - além de 60 dispensers - pensando nas pessoas com mobilidade reduzida que não podem acionar pelo pedal. 

No Center Lapa, que conta com 170 lojas, os preparativos já estão todos prontos, salvo as peças gráficas de divulgação que fazem parte da campanha educativa. Como informado pela gerente de marketing Ivonir Matos, todos os bancos e cadeiras foram retirados da praça de alimentação, que não pode abrir na primeira fase. Haverá também uma câmera com um sistema de contagem do público nas duas portarias.

O Parque Shopping, que fica em Lauro de Freitas, afirma que prefere aguardar os decretos municipais antes de aprovarem os últimos detalhes no protocolo de reabertura e divulgar as ações. O Shopping Cajazeiras informa que vai começar as preparações para “respeitar, na íntegra, as considerações do Prefeito”, afirma Marcelo Santos, Superintendente do Shopping Cajazeiras. A higienização da unidade está sendo feita diariamente, uma vez que os serviços essenciais estão em funcionamento. As medidas também foram aplicadas no Shopping Piedade.O Shopping Paralela não enviou resposta até o fechamento desta reportagem. 

Vale ressaltar que salões de beleza, praças de alimentação, academias, cinemas e espaços de entretenimento que ficam dentro dos shoppings não poderão ser abertos na primeira fase da retomada.

Critérios da Prefeitura: - Funcionamento de segunda a sábado, das 12h às 20h - Alimentação terá somente delivery e retirada - As áreas comuns devem ter uma pessoa a cada 9 metros quadrados - Lojas devem ter uma pessoa a cada 5 metros quadrados - Estacionamento com 50% das vagas - Testagem inicial dos funcionários e a cada 21 dias, conforme protocolo de vigilância epidemiológica - Uso de máscara e afastamento - Proibido eventos presenciais

*Sob orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro