Paraisópolis é face do racismo estrutural

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  • Andreia Santana

Publicado em 8 de dezembro de 2019 às 07:00

- Atualizado há um ano

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Uma campanha iniciada no Twitter pergunta: ‘E se o racismo acabasse hoje?’. Em meio às respostas, jovens negros enumeram hábitos do cotidiano que quem não sofre racismo na pele não percebe que são um problema para tantos brasileiros: ir ao shopping de chinelo sem ser abordado pelos seguranças, usar o capuz do casaco de frio, mexer no próprio celular sem levantar suspeitas...

Os jovens que responderam à campanha que expõe a face do racismo estrutural brasileiro - aquele preconceito tão enraizado no comportamento que as pessoas não negras sequer notam que existe – poderiam ainda ter citado ‘ir a um baile funk na periferia onde eu moro sem o risco de morrer em uma abordagem desastrada da PM’.

Em Paraisópolis (SP), nove jovens entre 14 e 23 anos pagaram com a vida a conta do racismo estrutural. O mesmo que faz com que, para supostamente perseguir dois suspeitos, policiais militares treinados disparem bombas de gás e balas de borracha em um evento com 5 mil pessoas aglomeradas.

O resultado foi pânico generalizado, gente correndo para escapar de possíveis tiros com armas de fogo e de agressões da polícia e nove mortos por pisoteamento. Cruz instalada pela comunidade em viela perto do local do baile lembra os mortos em Paraisópolis (Foto: Thiago Queiroz/Agência Estado) A Ouvidoria das Polícias de São Paulo abriu investigação para apurar a conduta dos PMs no baile de Paraisópolis e em outras três festas semelhantes, em comunidades da periferia paulista. O ouvidor Benedito Mariano definiu a ação em Paraisópolis como ‘ocorrência desastrosa’. O governador de São Paulo, João Dórea, que inicialmente minimizou o fato e afirmou que não iria rever o protocolo de atuação da Polícia Militar. Voltou atrás e já anunciou que haverá mudanças.

A questão é que rever o protocolo de atuação da PM sem encarar de frente o racismo estrutural não vai impedir novas tragédias como a de Paraisópolis, que encurtou a vida e pôs fim aos sonhos de garotos como Dennys Guilherme Santos, 16 anos, descrito pela família como um estudante aplicado e trabalhador dedicado, que era Jovem Aprendiz e almejava se tornar administrador; ou como o baiano Mateus dos Santos Costa, 23 anos, que migrou de Maracás para São Paulo em busca de uma vida mais digna para a família.

Mateus, Dennys e os outros sete jovens mortos – oito garotos e uma garota, ao menos seis deles, negros - estavam no baile para se divertir em uma das poucas opções de lazer existentes na periferia.

Uma lei em São Paulo proíbe os bailes funk. Para além do preconceito com o gênero musical, vale lembrar que o racismo estrutural também não gosta de jovens negros e da periferia se divertindo no shopping center.

Dançarino e vendedoras vítimas do tráfico

Geisiane Santos Jesus, 24 anos, Joice Amorim Santos, 22, Júlia Vitória Ramos, 16, trabalhavam como vendedoras de rifa no Lobato. Foram retiradas de casa por desconhecidos e executadas, supostamente, porque os assassinos procuravam o namorado de Júlia, que seria traficante. Em João do Cabrito, também no Subúrbio Ferroviário, o dançarino Marcos Paulo Santos, 19, foi morto por tiros que partiram de um sedan branco. Moradores do bairro contaram que o ataque, que feriu outras pessoas na Rua dos Ferroviários, teria relação com uma briga de integrantes da facção Bonde do Maluco, que controla a venda de drogas na região. O criador do BDM, Zé de Lessa, foi morto pela PM do Mato Grosso do Sul, no dia 04. As mortes de Geisiane, Joice, Júlia e Marcos reforçam as estatísticas de violência na periferia de Salvador por conta do tráfico. O Lobato está entre os 5 bairros onde ocorreram mais homicídios na capital, entre 19 de janeiro de 2011 e 30 de junho de 2019, segundo levantamento da série Mil Vidas, do CORREIO, com base nos boletins diários de óbitos divulgados pela Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA).

O paraíso das fake news é a falta de interpretação

O ranking do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes - Pisa 2018, exame aplicado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em 79 países, expôs uma consequência cruel dos problemas do Brasil na educação. Só 2% dos adolescentes brasileiros de 15 anos são capazes de diferenciar fato de opinião. E nesse percentual, segundo a entidade, não entraram os alunos da rede pública. A dificuldade para interpretar texto pode esclarecer a popularidade das fake news espalhadas pelo ‘zap’. O Pisa 2018 testou conhecimentos em leitura, matemática e ciências. O Brasil teve nota baixa nas três áreas e ficou, respectivamente, na 57ª, 70ª e 64ª posição.

Bárbara e Iansã na fé dos baianos Festa Santa Bárbara no Centro Histórico (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) A Festa de Santa Bárbara abriu o ciclo de festas religiosas e populares de Salvador, que só terminam agora, depois do reinado de Momo. Os devotos de Iansã também marcaram presença. Uma socióloga colombiana que participou da procissão no Centro Histórico ficou encantada com o catolicismo popular e, ao mesmo tempo, o respeito às religiões de matriz africana. Axé e Amém!

Frase: Mark Ruffalo usou as redes sociais para defender o amigo Leo DiCaprio (Foto: Divulgação) "Bolsonaro e sua turma estão transformando em bode expiatório as pessoas que protegem a Amazônia das queimadas que ele mesmo permitiu que acontecessem. Pergunte a si mesmo: o que mudou recentemente no Brasil para que isso aconteça agora? Bolsonaro e suas políticas (não) ambientais".O ator famoso por interpretar o Hulk na franquia Vingadores criticou o presidente do Brasil pela acusação, sem apresentar provas, de que o também ator Leonardo DiCaprio financiaria ONGs para tocar fogo na Amazônia.

A carne salgou o IPCA de novembro

1 – Alta depois de 5 anos - O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,51% em novembro. Segundo o IBGE, foi o maior resultado para o mês desde 2015, quando o IPCA ficou em 1,01%. O preço da carne foi um dos fatores que pressionou o índice. A conta de luz e os jogos de loteria também.

2 – Demanda estrangeira - As carnes ficaram 8,09% mais caras. O preço disparou depois do aumento da demanda no exterior. Os chineses puxaram as exportações, seguidos dos russos e emiradenses. Um surto de peste suína e a morte de 7,5 milhões de porcos na Ásia ativaram a fome pela carne do Brasil.

3 – O primeiro da fila - O Brasil é o 2º maior produtor de carne bovina no mundo e o maior exportador. Em seguida, vem a Austrália, mas o pais enfrenta uma seca que impactou a produção de gado. Os EUA são o terceiro da fila, mas Donald Trump e Xi Jimping estão às voltas com uma guerra comercial.

Visão antiquada sobre o que é o rock n´roll

Nas origens do rock, lá pelos anos 1940/50, conta o jornalista Nick Tosches, autor do livro ‘Criaturas Flamejantes’, sobre a história desse gênero musical, os religiosos norte-americanos promoviam autos de fé para queimar discos. Pois, em 2019, o novo diretor da Fundação Nacional das Artes (Funarte), o maestro Dante Mantovani, parou no tempo e defende a teoria da conspiração de que o rock “ativa a droga, que ativa o sexo, que ativa a indústria do aborto, que alimenta o satanismo”.

Baianos adoram casar...E também separar PM promoveu casamento coletivo de 19 casais em novembro (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) A Bahia registrou 68 mil casamentos em 2018, o maior índice já alcançado no estado desde 1974, segundo as Estatísticas de Registro Civil divulgadas pelo IBGE. O mesmo estudo mostra ainda que muita pediu o divórcio no mesmo período: 24.952 casais. A cada três casamentos na Bahia, um divórcio é concedido. Na hora de desmanchar a união, a Bahia só perde para São Paulo, o recordista nacional. Sinal de que os baianos acreditam no amor, mas estão mais atentos aos requisitos para manter a aliança no dedo.

*Em Dezembro, durante as férias do editor Divo Araújo, a Entrelinhas será assinada pela subeditora Andreia Santana.