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Cesar Romero
Publicado em 13 de dezembro de 2021 às 05:02
- Atualizado há um ano
Está na Paulo Darzé Galeria a exposição individual de Nádia Taquary, nomeada Ìyàmì, onde fica em cartaz até final de janeiro. A curadoria é de Ayrson Heráclito e Thais Darzé. São apresentadas obras que afirmam o poder mítico e ancestral do feminino responsável pela própria energia geradora da vida. A artista dá visibilidade à cultura Nagô, através de um repertório apurados de Ìtàns, que revelam as divindades como o maior símbolo do poder feminino.
Nádia Taquary é baiana, vive e trabalha em Salvador, e é pós–graduada em Estética, Semiologia e Cultura pela EBA/UFBA. Seu trabalho abrange esculturas, objeto-esculturas, instalações e videoinstalações que demonstram uma investigação de uma poética relativa à história do Brasil, por um olhar contemporâneo sobre a tradição, a herança africana, a ancestralidade diante da opressão e da esperança de liberdade.
Entre os materiais, utiliza em suas criações, madeira de demolição ou de origem certificada, ouro, prata, contas, figas, pastilhas de coco, búzios, palhas e miçangas, tudo pensado, acarretando nesta investigação um conhecimento profundo da história do negro no Brasil. É deste conhecimento ancestral, que a artista iniciou seu percurso com a projeção de um olhar sobre as joias de crioulas e adornos corporais africanos e que por meio de uma poética e uma estética compõem sua criação e seu próprio imaginário acerca da arte, da religiosidade e da cidadania negra.
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Ìyàmì é palavra da língua yorubá e sua tradução significa ‘Minha Mãe’, literalmente ìyà/mãe e mì/minha. Para os curadores da mostra Ayrson Heráclito e Thais Darzé, a exposição Ìyàmì evoca simbolismo, ancestralidade, tradição e contemporaneidade, e nos confronta com o saber ancestral vindo da África há cinco séculos, nos obrigando a questionar os cânones tradicionais do conhecimento. Para compreender sua obra e atingir as mais profundas camadas de entendimento é preciso um repertório que foi demonizado, silenciado e apagado pela brutalidade que foi o processo colonial brasileiro.
Tal abordagem, além de estética, é sem dúvida política. Revelando, assim, o empenho afirmativo de um feminismo peculiar, no âmbito da arte contemporânea brasileira, feita por mulheres artistas racializadas - a própria marginalização das divindades femininas ancestrais, estigmatizadas por uma visão preconceituosa como seres perigosos e nocivos - revelam o quanto a nossa sociedade é patriarcal e machista.
Nádia Taquary investiga tradições, métodos e práticas afro-brasileiras, a partir da história do povo negro no Brasil e sobre este legado ancestral debruça suas pesquisas sobre a joalheria crioula e os adornos corporais africanos.