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Paulo Leandro
Publicado em 16 de setembro de 2020 às 05:00
- Atualizado há um ano
Dessem os amigos tricolores, ouvidos a Marco Aurélio, Sêneca e Epicteto – ataque titular dos pensadores estoicos – e talvez colocassem as barbas de molho, quem as deixou crescer neste período sem ir à tosquia, na pilha do #fiqueemcasa.
Deste team filosófico, pode ter nascido o conselho do pé-atrás, a cautela de quem não deseja ter o orifício rugoso subitamente perfurado, em indesejada posição de descenso, justamente na celebração do décimo ano de acesso sem precisar pular a janelinha.
Sim, o campeão dos campeões, como já cantara o aedo Chocolate da Bahia, desceu em 1997, no empate sem gols, em Salvador – na velha Fonte –, diante do Juventude de Caxias. Voltou o SuperMan por justificável convite na Copa João Havelange de 2000.
Depois de cair, levando 7 do Cruzeiro – quatro de pênalti, cobrados por Alex –, em 2003, atravessou o Marvel Comics o deserto do Saara, entre séries B e C (sete anos), até quebrar a escrita de 13 anos sem subir dentro de campo, para a cobiçada A em 2010.
É preciso escutar dos amigos do Esquadrão o melhor dos conselhos jamais oferecido, mesmo a quem não o pediu: premeditatio malorum! Deletar as melhores expectativas, no momento adverso, e comemorar, mesmo o pontinho fora, diante das circunstâncias.
Nesta quarta-feira (15), ao encarar o Corinthians, na terra onde o povo vota ao contrário, é tempo de premeditatio malorum: esperar pelo pior, o oitavo jogo seguido sem vencer, porque se der ruim, já estava mesmo no roteiro, e se vier uma surpresa, será aquela alegria!
Depois de conquistar o tri estadual, em chute bisonho e incomum do meia Magno Alves, na disputa de pênaltis contra o Alagoinhas, o Bahia perdeu duas seguidas para o Ceará Sporting do menino Cléber, em Salvador, terminando pentavice do Nordeste.
Nada mal foi a largada no Brasileiro, mas o motor começou a soluçar, a última vitória sobre o Bragantino já faz um mês, e o Bahia precisou dispensar o excelente treinador antirracista Roger Machado, da convergência do bem, substituído por Mano Menezes.
Vale lembrar também aquela aula do repetitio est mater studiorum – a repetição é a mãe do aprendizado. Trocar treinador, ameaçar dispensar jogador, calafetar a embarcação em meio à tempestade ou nevoeiro, podem ser iniciativas de mau augúrio.
Ao ouvir a voz que é teu alento, pode o tricolor formar crença no similis similis gaudet – o semelhante busca o semelhante – e fazer hoje com o Corinthians uma partida de titãs, iguais em garra, peso da camisa e capacidade de vencer.
Mutatis mutandis – muda-se conforme o contexto –, o Bahia precisa fazer o dever, fora de casa, para evitar as manchetes de mau-humor e exagerada cobrança, cujo efeito no ambiente da Cidade Tricolor é devastador. O porteiro da zona merece todo nosso abraço.
Mano ainda está a matutar a melhor forma de puxar o Bahia da areia movediça, em meio ao sofrimento de ter seu parceiro preparador físico passado por triste experiência do mal súbito. A dor abala afetivamente e precisamos ser solidários.
Incinerado pelo Dragão goiano, o Bahia nesta quarta pode jogar tranquilo, pois o Corinthians não terá seu artilheiro Jô. Basta entrar sabendo da possibilidade, mas não da certeza de derrota e, se vier o bom resultado, bem, caso contrário... premeditatio malorum!
Paulo Leandro é jornalista e professor Doutor em Cultura e Sociedade